×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Câmara de Campos rachada imobiliza presidente Fábio Ribeiro

A eleição de Marquinho Bacellar para a presidência e sua anulação em seguida, aumentam divisão, tensão e disputa política

Política
Por Ocinei Trindade
14 de março de 2022 - 0h01
Versões | Situação pede quórum e oposição quer votar demais cargos

Desde 15 de fevereiro, dia da volta da Câmara de Vereadores de Campos dos Goytacazes após recesso parlamentar, o Legislativo municipal se encontra travado, sem poder discutir e aprovar projetos. Nas últimas semanas, vereadores oposicionistas não compareceram às sessões. Eles são maioria atualmente. O presidente Fábio Ribeiro (PSD) é alvo de críticas por convocar eleição da Mesa Diretora antecipadamente na primeira sessão do ano. Ele perdeu para Marquinho Bacellar (Solidariedade) por 13 votos a 12, mas anulou o pleito baseado em parecer da Procuradoria da Câmara. Alega-se que Nildo Cardoso (PP) não teria votado. Fábio Ribeiro tenta retomar com a rotina da casa, mas está difícil.

Marquinho Bacellar | Ganhou, mas ainda não levou / Fábio Ribeiro | Perdeu reeleição, mas cancelou sessão

A incerteza de realizar sessão ordinária na Câmara de Campos se tornou frequente. Nas sessões de 8 e 9 de março, por exemplo, não houve quórum suficiente (metade mais um) para aprovação de projetos. A sessão do dia 15 de fevereiro, interrompida com a tumultuada eleição de Marquinho Bacellar para suposto mandato a partir de 2023, ainda não foi encerrada. Desde então, espera-se a discussão de seis vetos do prefeito Wladimir Garotinho (PSD) a projetos apresentados pelos vereadores Thiago Rangel (PROS), Raphael de Thuin (PTB), Anderson de Matos (Republicanos), Abdu Neme (Avante) e Marquinho Bacellar (SD).

“Regimentalmente, nós temos que voltar, pois a sessão do dia 15/02 está aberta. Temos seis vetos para serem apreciados. Esses vetos trancam a pauta. Depois de analisá-los poderemos fazer novas pautas”, explica o presidente Fabio Ribeiro.

Leia também:

Marquinho Bacellar | Vereador afirma que oposição não quer travar a Câmara

Vídeo: Marquinho Bacellar eleito presidente da Câmara e sessão é suspensa após tumulto

Queda de braço entre Situação e Oposição trava processos na Câmara

Mesa Diretora anula eleição de Bacellar para a presidência da Câmara

MP recebe representação contra Fábio Ribeiro por atos na presidência da Câmara

Câmara de Campos ainda não votou um único projeto este ano

No plenário da Câmara de Campos, não faltaram críticas aos vereadores de oposição que não compareceram às ultimas sessões, apesar de todas serem justificadas e aceitas pela presidência. “Acho uma falta de respeito com o público e com a população”, diz Marcione da Farmácia (União). “A gente espera conscientização dos colegas”, diz Kassiano Tavares (PSD). “Há pautas importantes para serem tratadas. Destaco os 50% de aumento dos professores e o teto previdenciário”, comenta Dandinho de Rio Preto (PSD).

Uma das falas mais contundentes é do vereador Leon Gomes (PDT) que, apesar de ser do partido de Caio Vianna, adversário de Wladimir Garotinho, tem defendido o governo:

“Eles teoricamente ganharam a Mesa, têm a maioria e já estão conseguindo travar pautas importantes para a cidade como o aumento da PreviCampos. Imagina se esse grupo assume ano que vem esta Casa?  Se antes de entrar estão conseguindo fazer isso, é preocupante. Nós precisamos parar para pensar. Se o objetivo deles não é pressionar o governo e nem o toma lá, dá cá, por que não deixar as pautas importantes em benefício da população andarem?”, questiona Leon Gomes.

O que vai acontecer na Câmara de Campos durante esta semana é uma incógnita, assim como é imprevisível o segundo ano de mandato de Fabio Ribeiro na presidência. Diante do impasse atual entre governistas e oposicionistas, sobre o os próximos dias, o presidente pondera: “Na próxima terça-feira (15) é muito difícil prever ou ter perspectiva. Como bom cristão que sou, espero em Deus que tenhamos o prosseguimento de nossos trabalhos”.

Questionado sobre falta de diálogo com os vereadores de oposição, Fábio Ribeiro disse que pretende se reunir com o líder do governo, Álvaro Oliveira (PSD), e com o líder da oposição e principal adversário, Marquinho Bacellar (SD). “Espero fazer um acordo e prosseguir, pelo bem da nossa cidade. Temos que amadurecer. A política é feita com amadurecimento e diálogo”, comenta.

Fábio Ribeiro comentou sobre perda de mandato de quem não comparece às sessões. “Pelo regimento, o vereador que tiver cinco faltas no mês, e não precisam ser consecutivas, ele tem o seu mandato cassado. Isso é possível acontecer? A justificativa de voto é uma ferramenta que está no regimento que impede a cassação. Não teria por que não aceitar as justificativas. A gente está aqui trabalhando com o diálogo. Por isso, apelo para a volta ao trabalho”, enfatiza.

O presidente da Câmara garante que não está sendo arbitrário com os vereadores de oposição, sobretudo com o resultado da eleição anulada.
Marquinho Bacellar diz que nenhum vereador do grupo está disposto a travar a Câmara. “A oposição tem defendido a população desse o início do ano passado. Evitamos aumentos abusivos de impostos por parte do prefeito e outros projetos absurdos. Mas, se aceitarmos esse golpe, estaremos sendo coniventes e ferindo não só regimento interno da Câmara, como também a Lei Orgânica. Até a sessão de terça-feira são quatro dias para termos uma resposta do judiciário ou uma nova postura da base do governo aceitando o resultado da eleição de presidente e dando sequência à eleição dos outros cargos da Mesa”, afirmou.