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Exclusivo: ex-mulher do DJ Moranes fala ao Terceira Via sobre dificuldades e superação

Com o tímpano perfurado, ela foi ao IML nesta tarde e contou mais detalhes sobre o caso

Campos
Por Redação
4 de abril de 2019 - 19h49

Emanuelle foi ao IML novamente na tarde desta quinta-feira (4) (Foto: Carlos Grevi)

“Se a porta do banheiro não aguentasse, talvez eu não estivesse aqui. Enquanto ele me batia ele falava: cala a boca, vagabunda, eu vou te matar”. O relato é de Emanuelle Porto, de 25 anos, em entrevista exclusiva ao Jornal Terceira Via nesta quinta-feira (4), dias após ter sido agredida pelo ex-companheiro Roger Gonçalves de Freitas, de 37 anos, conhecido como DJ Moranes. Emanuelle está com o tímpano esquerdo perfurado e pode ter surdez permanente nesse ouvido. Ela também ficou com o rosto e outras partes do corpo com hematomas e teve sangramento no nariz e na boca. O DJ Moranes foi preso em flagrante, mas foi solto em algumas horas após pagar uma fiança de R$ 1.000.

Segundo Emanuelle, os últimos dias têm sido difíceis. “Eu ainda não consegui parar para analisar tudo o que está acontecendo comigo. Minha ficha ainda não caiu. Eu só consigo pensar no livramento. Estou vendo tudo isso como uma segunda oportunidade de viver e de fazer justiça”, desabafou ao conversar com a reportagem durante uma nova ida ao Instituto Médico Legal (IML) para levar os exames médicos que atestam a lesão no tímpano para serem acrescentados ao laudo inicial.

O casal morou junto por cerca de quatro anos e estava separado já há alguns dias. Os dois têm um filho de dois anos. “Nós tínhamos terminado ‘bem’. Eu continuei morando no apartamento que morávamos juntos, que é do pai dele, e ele tinha as chaves de lá. Ele apareceu lá no domingo de manhã e em determinado momento nós discutimos, foi quando começaram as agressões. Ele me batia e me xingava. Eu tentava acalmar e ele dizia o tempo todo que ia me matar”.

“Em determinado momento, eu senti um estalo muito forte no meu ouvido e perdi a audição. No meio das agressões, ele foi até a cozinha pegar algo que eu não vi o que era e foi quando eu consegui correr e me trancar no banheiro. Ele tentou arrombar e golpeou a porta várias vezes com o objeto, mas não conseguiu abrir. A minha sorte foi a porta do banheiro não ter sido arrombada. Foi neste momento que o pai dele chegou”.

Roger Gonçalves de Freitas, o DJ Moranes (Foto: Reprodução)

“A mudança durava um ou dois dias e depois continuava tudo outra vez”
Esta não foi a primeira vez que Emanuelle foi agredida por Roger, segundo ela conta. Fragilidade emocional e a expectativa de uma melhora no comportamento agressivo do companheiro teriam sido alguns dos motivos pelos quais ela havia o perdoado outras vezes.

“Das outras vezes, eu só pensava no fato de ter um filho com ele e de manter a minha família. Aguentei muitas outras coisas. Não foi a primeira vez que eu fui para delegacia, não foi a primeira vez que os vizinhos chamaram a polícia. Inclusive, durante a gravidez do nosso filho eu sofri violência física. Eu sempre achei que ele fosse mudar, mas a mudança durava um ou dois dias e depois continuava tudo outra vez. Além disso, havia a manipulação dele e a minha fragilidade emocional. Ele sempre me culpava por tudo. Sempre que me agredia, dizia que a culpa era minha e não está sendo diferente agora”.

Local das agressões foi limpo pelo agressor antes da chegada da polícia
Emanuelle conta que o pai de Roger Gonçalves (DJ Moranes) a levou do local da violência e que por pouco, ele também não foi agredido pelo próprio filho. “Antes de sair, ainda pedi meu celular, mas o Roger não deixou. Chegou a avançar no pai para continuar me agredindo. O pai dele me levou para a casa dos meus pais. Quando eu cheguei lá, meu pai me viu naquele estado, com o nariz e a boca sangrando, minha boca inchada, e meu pai ficou muito revoltado. Foi quando ligamos para a polícia. Fomos junto com os policiais até o apartamento que eu morava e chegando lá ele foi preso em flagrante”.

Neste momento em que voltou ao apartamento acompanhada pela polícia, Emanuelle encontrou o local limpo. “Ele havia acabado de jogar minhas coisas na lixeira. Meu celular, relógio, minhas coisas pessoais, ele jogou tudo no lixo junto com outras coisas que ele quebrou em casa. Ele limpou o apartamento e os policias subiram e viram uma vassoura e pá no quarto”, relatou.

Fragilizada, Emanuelle pediu para não ter o rosto divulgado (Foto: Carlos Grevi)

Após o fim das agressões, dias difíceis
Mesmo durante este tempo em que tem recebido muito apoio da família e de amigos próximos, Emanuelle convive com uma preocupação: o futuro. Desempregada há alguns meses, desde a agressão ela mora de favor na casa dos pais junto com o filho de dois anos. Da casa em que morava, conseguiu levar apenas o necessário: alguns pertences pessoais e roupas dela e do filho.

“No momento, eu não tenho renda. Estou morando de favor em um quarto e minhas poucas coisas estão no chão. Meus pais me ajudam com alimentação e moradia, mas eles também não têm condições financeiras. Estou vivendo de ajuda de família e de amigos. Praticamente tudo o que eu tinha ficou no apartamento, incluindo os brinquedos dos meus filhos, e eu não consigo mais entrar lá. Até o meu celular que ele quebrou, eu ainda estou pagando as prestações. Soube que a família dele tirou tudo o que tinha no apartamento e colocou no aluguel. Não sei o que fizeram com minhas coisas”, concluiu.

Sobre o fato de ter tornado o caso público, Emanuelle comentou “Eu não queria me expor porque fiquei com muita vergonha. Só me pronunciei após a repercussão disso tudo”, concluiu.

Emanuelle agora aguarda que a justiça decrete medidas protetivas para ter sua segurança garantida.

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