×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Ex-namorada de DJ preso relata detalhes de agressões

Deam nega que vítima teve o tímpano perfurado, mas HFM confirma que membrana do tímpano foi rompida

Campos
Por Thiago Gomes
2 de abril de 2019 - 16h44

celular da vítima foi destruído (Foto: reprodução)

Emanuelle Porto, 25 anos, denunciou ter sido vítima, no último domingo (31), de repetidas agressões, cujo o autor teria sido o ex-namorado dela, o DJ Moranes, conhecido por trabalhar na noite campista. Ele foi preso em flagrante no mesmo dia e liberado em seguida mediante pagamento de fiança. Em desabafo feito em uma rede social, a jovem contesta a informação divulgada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de que seu tímpano esquerdo não teria sido perfurado durante a agressão. A afirmação foi divulgada pela Deam em nota oficial depois que o caso ganhou grande repercussão em Campos dos Goytacazes. O Hospital Ferreira Machado (HFM) atestou que a membrana do tímpano de Emanuelle realmente foi rompida.

“Desta vez, não bastasse toda a humilhação que passei até conseguir ajuda da minha família e dos policiais militares, o atendimento prestado pela delegacia da Mulher foi o pior possível (…) alegaram que houve apenas lesões leves e, mesmo tendo sido preso em flagrante, na cena do crime, pagou uma fiança ridícula no valor de R$ 1000 e foi solto três horas depois (…) É grave (lesão no ouvido) sim e pode ser irreversível. Talvez eu nunca volte e escutar do lado esquerdo. Violência contra a mulher é crime , calúnia e difamação também. Todas as medidas legais estão sendo tomadas e agora eu vou até o fim”, desabafou a vítima.

O boletim médico também contradisse a informação da delegacia: “Paciente sofreu perfuração da membrana tímpânica esquerda e recebeu alta do hospital com indicação medicamentosa e orientação de fazer acompanhamento médico com um otorrino durante o período de três meses, tempo em que a membrana do tímpano costuma auto-recuperar-se. Uma cirurgia só será necessária caso o processo não se reverta”, disse o Hospital Ferreira Machado em nota.

No início desta manhã, também em nota, a delegacia se pronunciou: “Deve ser ressaltado que as lesões sofridas pela vítima foram de natureza leve (não procedendo a informação de que ele teve o tímpano perfurado). Outra informação inverídica é a de que o DJ já possuía antecedentes, uma vez que sua ficha criminal não apontou anotações criminais anteriores”.

Entenda o caso:

Segundo Emanuelle, o casal estava separado há 15 dias e esta não teria sido a primeira violência física sofrida. Ainda segundo o relato da vítima, no dia 31 o suspeito teria desferido socos, chutes e golpes repetidos em sua cabeça e rosto. Durante a agressão, celular e relógio foram danificados.

“Até que consegui correr para o banheiro, quando ele foi para a cozinha dizendo que me mataria naquele momento e, apesar de todos os socos dados na porta do quarto, que ficou completamente destruída, por alguns segundos fiquei segura lá (…) Em junho do ano passado, também fui agredida por ele. Os vizinhos chamaram a polícia, os policiais bateram no meu apartamento e constataram a agressão. Tive que acompanhá-los à delegacia, prestei depoimento, mas não dei queixa por medo, insegurança, incerteza e por amor”, desabafou Emanuelle em sua rede social.

A equipe de reportagem não conseguiu contato com o DJ Moranes. Ainda assim, respeitando o princípio do contraditório, o Jornal Terceira Via aguarda e publicará a versão de Moranes para o caso.

Confira na íntegra a nota da delegacia divulgada pela manhã:

Face à grande repercussão relacionada à prisão em flagrante do DJ MORANES a DEAM CAMPOS faz informar que o APF foi lavrado em 31/03/2019 (domingo) durante o plantão de área sendo presidido pela Delegada Juliana Calife.

Consta nos autos que o DJ agrediu fisicamente, ameaçou de morte e danificou o relógio e o celular da vítima. Foi devidamente autuado e liberado mediante pagamento de fiança cf. determina o Código de Processo Penal Brasileiro.

Deve ser ressaltado que as lesões sofridas pela vítima foram de natureza leve (não procedendo a informação de que ele teve o tímpano perfurado). Outra informação inverídica é a de que o DJ já possuía antecedentes uma vez que sua ficha criminal NÃO apontou anotações criminais anteriores.

A indignação popular é positiva, eis que a violência contra a mulher não pode mais ser tratada com indiferença. Contudo, a população deve entender que o caso já foi apresentado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário e o processo seguirá seu devido curso.

Emanuelle relatou as agressões em sua rede social: