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Órgãos captados em Campos são transplantados com sucesso no Rio

Entrevistado em reportagem especial do Terceira Via, músico campista Fernando Baltazar é chamado para transplante após espera de uma semana na fila

Saúde
Por Redação
7 de junho de 2021 - 15h22
Equipe de referência em transplante de fígado no Brasil – Foto: divulgação

A reportagem especial do Jornal Terceira Via, desta semana, abordou o drama de pacientes na corrida contra o tempo por um transplante de órgãos e mostrou parte de um trabalho que envolve médicos para captação de órgãos e um trabalho técnico e humano de abordagem familiar do potencial doador (Veja aqui).

Desta vez, o Jornal Terceira Via amplia o assunto e – depois de ser a única equipe de jornal e TV a acompanhar com exclusividade uma captação de órgãos no Hospital Ferreira Machado, na sexta-feira (4) – o desdobramento deste caso terminou com o encontro entre a morte e a vida.

O fígado e os dois rins do doador de Campos – um homem de 51 anos, morador do Distrito de Travessão, que sofreu um Acidente Vascular Encefálico (AVE) e ficou internado por 16 dias – foram transplantados na capital fluminense.

Cirurgião Eduardo Fernandes, chefe da equipe – Foto: divulgação

O cirurgião oncológico Eduardo Fernandes, que coordena uma equipe especializada em transplante de fígado e atua em hospitais da capital fluminense, contou detalhes de um dos procedimentos. “Uma parte da minha equipe foi a Campos para a captação dos órgãos e, quando o fígado chegou, foi transplantado em uma paciente de 62 anos que está passando muito bem. Já fizemos exames e não há sinais de rejeição”, comemora Fernandes.

O transplante aconteceu no Hospital Adventista Silvestre, ainda na sexta-feira. “A família que doa os órgãos, muitas vezes, não consegue dimensionar o resultado deste ato. Este transplante, por exemplo, foi feito por uma equipe muito experiente. A receptora esperava há um mês na fila pelo fígado e o trabalho foi fantástico”, acrescenta.

Equipe posa para fotos após transplante – Foto: divulgação

Referência

O cirurgião Eduardo Fernandes e sua equipe fazem mais de 200 transplantes por ano em três hospitais do Rio de Janeiro. Além do Adventista Silvestre, ele coordena cirurgias no São Francisco, no bairro Tijuca e no Hospital São Lucas. Tamanha eficiência torna o estado do Rio referência neste tipo de cirurgia em toda a América Latina. “Estamos hoje numa vanguarda de transplantes. Fazemos várias modalidades e somos pioneiros em transplante entre pacientes com câncer e doadores vivos.

 Nos últimos cinco anos, foram feitos mais de mil transplantes pela equipe, segundo Fernandes. São pacientes com câncer de fígado, cirrose, doenças autoimunes do fígado e hepatites fulminantes. Segundo o especialista, o índice de sucesso chega a 90%, equiparando-se a centrais de transplantes da Europa e Norte-Americanos. “As famílias que decidem doar precisam ficar tranqüilas quanto ao destino dos órgãos e saber que as equipes de transplante são altamente experientes. Como referência que somos, recebemos pacientes do Brasil inteiro, como Espírito Santo e estados do Sul e Norte do país, o que faz com a fila de espera do Programa Estadual de Transplantes reduza. No passado, as pessoas esperavam por até dois anos por um transplante. Hoje, a média é de dois meses. Estamos à frente do estado do São Paulo, onde a espera costuma chegar a um ano”, disse.

Eduardo Fernandes explica ainda que 90% dos transplantes de fígado são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já no transplante de rim, esta média fica em 60% pelo SUS e 40% na Saúde suplementar.

Músico Fernando Baltazar antes da cirurgia – Foto: divulgação

Jovem deixa fila de transplante duplo e é transplantado após a reportagem

O músico campista Fernando Baltazar, de 25 anos, entrou na fila do transplante há uma semana. Ele precisava fazer um transplante duplo de pâncreas e rim e acabou sendo chamado no fim de semana pela equipe especializada. Ele enfrentou uma cirurgia de quase oito horas e já se recupera na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). As últimas informações sobre seu estado de saúde foram divulgadas por volta das 16h30 desta segunda-feira (7). Ele, inclusive, já retirou o cateter e conseguiu urinar depois de muitos meses. A expectativa é de que vá para o quarto em até 72 horas. Assistido pela Associação Amigos do Rim, Baltazar é alvo de esperança. Greice Vasconcelos, presidente da instituição comemora. “Ele fazia tratamento de diálise peritoneal para tentar manter uma vida, mas nada se compara ao transplante ao qual ele está sendo submetido e, depois, se tudo der certo, poderá ter uma vida normal”.

Por coincidência, Eduardo Fernandes e sua equipe são responsáveis pelo transplante de Fernando, que aconteceu no Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro. “Para mim e minha equipe, isto é motivo de alegria por podermos ver a vida novamente. Para isso, os pacientes precisam estar adaptados a nova vida após o transplante, mantendo boa alimentação, não ingerir bebidas alcoólicas e praticar exercícios físicos”, orienta Fernandes que além de ser especialista em transplante de órgãos abdominais e oncologia abdominal, também é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Fernando Baltazar em encontro com integrantes do Amigos do Rim – Foto: divulgação