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Turismo vive seu pior momento no país e no mundo

Empresário e agente de viagens, Rildo Júnior, analisa a crise do setor que está associado a outros segmentos da economia

Entrevista
Por Ocinei Trindade
22 de maio de 2020 - 10h14

Rildo Júnior tem mais de 15 anos de experiência em viagens (Foto: Lorran Aguiar)

Jornal Terceira Via destaca esta semana a reportagem especial o futuro dos empreendimentos em Campos após a pandemia de Covid-19. Diversos profissionais de diferentes segmentos econômicos foram ouvidos. Nesta entrevista, o empresário e agente de turismo, Rildo Júnior, analisa a crise que o setor turístico enfrenta após a disseminação do novo coronavírus. Com bastante experiência em viagens nacionais e internacionais, o profissional faz observações sobre como ficarão os negócios durante este período e após a pandemia.

Com a Covid-19, o setor de turismo foi afetado em praticamente cem porcento. Como avalia este momento?

A Covid-19, sem dúvida, colocou o turismo em seu pior momento na história. Nunca antes nenhuma situação causou tanta insegurança aos passageiros. Nem mesmo guerras e atentados terroristas chegaram próximo ao momento que vivemos. É um momento de incertezas e desmotivação, porém, como tudo na vida, esse momento também nos mostrará quais as empresas atuam de forma honesta, adotam condutas dentro da lei, visando sempre atender da melhor maneira seu cliente; e se possui uma estrutura sólida para passar por esse período, alem de mostrar  o verdadeiro papel do profissional do turismo, que  era desvalorizado por compras através de OTA’s (Online Travel Agencies) que apenas vendiam as viagens, sem prestar qualquer auxilio ou consultoria, fundamental no setor.

Acredita que levará muito tempo para o setor se recompor e se recuperar?

A aposta é de que tenhamos inicialmente procura por pacotes nacionais, porém, existe a questão financeira que influenciará muito no período pós-isolamento. Já sentimos uma grande diferença nas passagens aéreas internacionais, onde algumas chegam a ser mais baratas do que em voos dentro do Brasil. É um momento em que não podemos afirmar nada, mas o feedback que temos tido de viajantes frequentes é que estão ele psicologicamente abalados por tudo isso. Querem viajar assim que possível, mesmo que em hotéis mais baratos, destinos mais próximos e viagens mais curtas. Toda a população mundial está sentindo os efeitos do isolamento. Estão todos sem encontrar amigos, sem vida social, sem sair, e isso está criando uma expectativa muito grande para o fim da pandemia. Provavelmente, vai ajudar bastante ao setor, tanto o brasileiro como o internacional.

Programa Especial Terceira Via entrevistou o empresário (Fotos: Carlos Grevi)

Quais são os profissionais mais afetados com a pandemia na área cultural?

O setor do turismo é o único setor que movimenta todos os outros setores. Além dos agentes de viagens, hoteleiros, empresas aéreas, receptivos, atrações turísticas, o setor movimenta os restaurantes, padarias, bares, lojas, táxis, construção civil e muito mais. Ou seja, todos estão sendo afetados. Sem dúvida, as empresas aéreas, hotéis e agências de viagens são as que estão sentindo mais intensamente nesse momento.

Alguns lugares da Europa começam a ensaiar abertura de parques, restaurantes e localidades turísticas para visitação. Como deverá ser o futuro do turismo nesses locais?

A maior expectativa é que surja o quanto antes um tratamento eficaz ou uma vacina que imunize a população contra o vírus. Porém, viajar hoje em dia é uma necessidade para muitas pessoas, sendo mais eficaz que muitos tratamentos para questões psicológicas. Então, as pessoas não vão deixar de viajar. Observamos que nesse primeiro instante as pessoas terão que adotar medidas protetivas como as máscaras e o álcool em gel. e também novos hábitos higiênicos como a lavagem das mãos.

E no Brasil, como avalia a queda do setor turístico? Comente sobre as áreas do Rio de Janeiro e Campos dos Goytacazes que conta com turismo de negócios.

No Brasil, o setor do lazer basicamente zerou a demanda por viagens, e o turismo de negócios, diminuiu cerca de 85%, dados fornecidos por hotéis e companhias aéreas. Isto não foi diferente no estado do Rio de Janeiro, e na nossa cidade, que tem basicamente demanda do setor de negócios abalado, inclusive com os voos sem operar. Há poucos dias também fomos surpreendidos com o fechamento do SESC de Grussaí, que, mesmo no município vizinho, era um equipamento importante para o turismo da região.

Rildo Junior: turismo afetado

Arrisca dizer como será o futuro próximo para o turismo no país e no mundo?

A minha sugestão é que teremos, sim, um período de baixa procura. Porém, assim que lançarem um tratamento e uma vacina eficaz a procura vai disparar. O que pode ser um ponto negativo que acarretará em alta dos preços.

O que as pessoas terão de fazer para se protegerem em viagens, já que até o momento que não há vacina ou remédios para a Covid-19?

Como o vírus já circula em todo o mundo, teremos que adotar as mesmas precauções que  adotamos para idas ao supermercado, farmácias ou até mesmo a padaria, uma vez que o risco de contrair o vírus é o mesmo para essas situações do dia a dia e em uma viagem. O uso de mascaras, álcool em gel e lavar as mãos sera essencial, e fora isso, evitar locais com aglomerações e contatos físicos.

Como agente de viagens, o que é importante destacar neste momento?

Viajar é sonho, conhecer um lugar novo é a grande realização de um sonho. A humanidade precisa disso para se mover, para se inspirar. Então, acredito que o setor vai sofrer, mas vai se recuperar; vai se reinventar, e assim, continuar realizando sonhos incríveis.