O município de Campos dos Goytacazes passa por uma crise que acompanha os efeitos que já estão destruindo o governo estadual e o federal. São débitos pretéritos, atos de corrupção, repasses oscilantes das verbas e participações especiais dos royalties, dentre outras vertentes que amarram nesse momento, o progresso e a estabilidade de gestão.
Esses dados são conhecidos por quem tem acesso privilegiado, pois nas camadas sociais periféricas, ninguém quer saber de cálculos, estatísticas financeiras, repasses, dentre outros conceitos.
Lá na base o povo quer comida na mesa, remédio no ‘postinho’, aposentadoria sem LIS, ônibus para ir ao médico e ao trabalho, cesta básica que caiba dentro do orçamento, um pedaço de carne no prato ao lado do arroz e do feijão, gasolina para seu meio de transporte, fila pequena nos hospitais e a chance de realizar um exame sem que tenha que aguardar meses, correndo o risco de morrer antes.
Por outro lado, senão houver gestão responsável o que se encontra ruim, tende a piorar. Uma gestão que cede aonde não se deve negligenciar, causará, seguramente, um caos e uma onda de atos que poderão levar o município, novamente, para as páginas policiais e nesse critério, Campos, até 2016, fez mestrado e doutorado.
Quem anda pelas comunidades sabe que o povo não pede nada exorbitante. Eles sentem falta do básico, pois querem uma vida normal, na qual acorda, toma um café digno, deixa o filho na escola, vai trabalhar, almoça uma refeição básica, pega transporte público, volta para casa, janta e se recolhe junto à família.
Todavia, isso, esse básico tão de direito não está acontecendo. A massa está na maior roubada, pois está com fome, frio, desempregada, sem escola, na maioria das vezes, doente sem remédio e cansada de não conseguir enxergar uma luz no fim do túnel.
Não precisa de muita coisa, mas essas coisas que estão precisando são muito para quem vê, todos os dias, a pobreza bater na sua porta com mais violência. Antes faltava só o café da manhã. Depois, o almoço, após a gasolina, mais na frente a escola e pronto: acabou tudo e resta apenas a espiritualidade e a esperança.
Entretanto, a situação é tão grave que a esperança começa a trincar e ela é combustível de sobrevivência física e mental, pois sem ela, a falência material se une a física e mental e o resultado, como vemos muito por aí, é a morte.
Não há solução pronta, nem remédio que ataque todos os vírus, mas temos que levar ao povo sofrido, com linguagem de fácil compreensão que muito do que está acontecendo hoje é fruto de um acúmulo absurdo de atos, ações e decisões irresponsáveis, imediatistas, pessoais que desde a década de 90 destrói os municípios.
Que possamos ajudar a quem precisa, mas que essa ajuda venha com responsabilidade, pois o correto é garantir os direitos básicos do cidadão, todos os dias e não vez ou outra, como se a fome, por exemplo, fosse sentida em regime de plantão, ou seja, 12h de comida e 36h de fome.