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Novos cursos e dobrar o número de professores são desafios para a Uenf, segundo pesquisador

Sérgio Arruda é responsável pelo Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem (LEEL), do Centro de Ciências do Homem (CCH)

Educação
Por Ocinei Trindade
17 de agosto de 2023 - 7h10

Professor e pesquisador da Uenf. Sérgio Arruda

Na semana em que se comemoram os 30 anos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em Campos dos Goytacazes, o J3News entrevista gestores e pesquisadores que ajudaram a construir a história da instituição. O professor Sérgio Arruda atua há 28 anos no Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem (LEEL), departamento do Centro de Ciências do Homem (CCH). Ele analisa o impacto da Uenf na sociedade e no desenvolvimento regional, além dos desafios da universidade nos próximos anos.

O que representa a celebração destes 30 anos da Universidade Estadual do Norte Fluminense nos aspectos da pesquisa, educação e formação de profissionais para Campos e região?

Eu acredito que uma universidade se instala num determinado lugar para transformá-la social, cultural e politicamente. E essas questões dependem não apenas da formação de quadros profissionais, mas também da pesquisa. Eu acho que a universidade, quando aqui se instalou há 30 anos, ela fez essa diferença. Não estou querendo dizer que não havia pesquisa aqui, mas a pesquisa com um escopo amplo, ela precisa de financiamento. E a Uenf fez a diferença nesse sentido.

Eu acho que mudou esse quadro de formação profissional para Campos. É só observar os egressos da universidade e onde eles estão. Respondendo pelo CCH e pela formação que nós damos lá, principalmente a partir do meu laboratório, o LEEL (Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem), junto com o programa de pós-graduação, nós formamos gente que hoje ocupa os bons postos de professores no Institutos Federal Fluminense e outras instituições federais. A celebração desses 30 anos é positiva, tem uma razão de ser porque a diferença foi feita.

O que destacaria sobre o que a universidade tem influenciado na região, no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil nessas três décadas?

Eu respondo a partir do CCH. Embora saiba que os demais centros formam, e capacitam pessoas que vão atuar, na Embrapa, por exemplo, no caso do CCTA (Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias), mas eu prefiro me manter respondendo com respeito à diferença que fez o CCH. O Centro de Ciências do Homem forma professores e pesquisadores dentro das chamadas ciências humanas. Essa diferença vem sendo marcada a partir da produção que nós somos capazes de oferecer, analisando questões políticas, não só regionais, mas como do Brasil inteiro. A gente teria que fazer um levantamento a partir da produção científica dos nossos programas.

Programa “Manhã J3” com Cintia Barreto, Geraldo Pudim, Enrique Medina, Ocinei Trindade e Sérgio Arruda sobre os 30 anos da Uenf (Divulgação)

Há quanto tempo o senhor integra os quadros da Uenf como professor e quais disciplinas costuma lecionar?

Eu cheguei aqui em 1995. No mês passado, fez 28 anos. Então, eu sou uma espécie de sócio-fundador da Uenf. Eu me lembro que quando a gente chegou aqui, com as primeiras verbas, nós saímos no mercado, fazendo orçamento para comprar a mobília. Decidimos os rumos, os custos que ela ia ter, que a Uenf ia ter e ia oferecer.

Eu cheguei aqui na Uenf com um diploma de doutor em Literatura Comparada, conquistado lá na UFRJ em 1992. Mas eu tive que me refazer. Tive que enveredar por outros campos, já que aquela formação, doutoramento em Letras, não iria me ajudar a agir dentro dos propósitos do plano-diretor da universidade. Então, costumo dizer que eu me reorganizei, eu orientei a minha formação para a Linguística e a Análise do Discurso. E, desde sempre, eu dou disciplinas relacionadas a isso, a esses campos. Ensino os meus alunos a darem os primeiros passos na pesquisa numa disciplina chamada Leitura e Produção do Texto Acadêmico, além de o papel da mídia dentro da educação, da formação do profissional de educação.

O que considera indispensável falar sobre os 30 anos da Uenf e seus desafios?

Os desafios para a Uenf são os desafios de qualquer uma universidade, é crescer e se adaptar sempre. Eu acho que o que a gente está precisando é se adaptar aos novos tempos, ousar mais. Aliás, ousar na criação de novos cursos. Cursos que saem um pouco da curva da tradição, da formação. Se bem que a gente também não pode fugir muito do que demanda, do que reza as leis para a formação dos profissionais que a gente forma, que é o pedagogo, o cientista social e o administrador público.

São poucos cursos. Isso me faz pensar num outro desafio que a gente devia ter coragem de enfrentar: é de aumentar o número de professores da Uenf. A universidade tem um projeto para ter o dobro do tamanho que ela apresenta hoje. Trinta anos depois, a gente continua com o mesmo tamanho. Eu acho isso um pouco acanhado para o papel de uma universidade.

Eu penso que a gente tem que crescer, temos que reivindicar. É o que está no plano-diretor da universidade, que é ter o dobro de professores atualmente, que é de cerca de 300, e oferecer cursos novos, cursos desafiadores, que encarem o desenvolvimento da região dentro de uma nova era que se desenha, e que o tempo todo está se desenhando, só que hoje em dia com uma velocidade bem maior.

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