×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Porto do Açu, um mar de oportunidades para empresariado local

Inaugurado em 2014, complexo ainda não atraiu atenção da economia local para realização de negócios

Economia
Por Ocinei Trindade
5 de fevereiro de 2023 - 0h01
Suprimentos | Para se manter, o Complexo Portuário do Açu depende
de fornecimento de produtos e serviços de empresas da região (Foto: Divulgação/Porto do Açu)

Inaugurado oficialmente em 2014, na cidade de São João da Barra (RJ), o Porto do Açu (PDA) tem despertado, nos últimos anos, muitos interesses econômicos e possibilidades de desenvolvimento regional, com a criação de novos postos de trabalho e contratos de negócios firmados. O empreendimento da Prumo Logística tem base conceitual porto-indústria, com infraestrutura voltada para o setor de Óleo e Gás. Para se manter, o complexo portuário depende de fornecimento de produtos e serviços de empresas da região. Campos dos Goytacazes tem vários estabelecimentos que prestam serviço ao complexo. A Gás Natural Açu (GNA) é uma das contratantes. O número de fornecedores deve aumentar nos próximos anos, mas é preciso que empresas locais se capacitem para atuar no Açu. As oportunidades são muitas e os desafios também.

Porto do Açu | Renata Colares

De acordo com o PDA, entre as principais demandas atuais de serviços e produtos do complexo portuário estão listados materiais elétricos e para obras em geral; equipamentos de proteção individual e coletiva; serviços de manutenção industrial e reparos; locação de equipamentos; fornecimento de uniformes; serviços de frete, logística e administrativos; materiais de escritório; serviços gráficos, de alimentação, entre outros. A gerente de Suprimentos da Porto do Açu Operações, Renata Colares, destaca o interesse por fornecedores habilitados em SJB, Campos e cidades da região:

“Como administradores do complexo portuário, temos um compromisso com o desenvolvimento local, e a cadeia de fornecedores regionais está inserida neste contexto. A cada ano, temos reforçado ainda mais a importância desta relação entre as empresas instaladas no porto e os empresários do entorno. Temos a missão de estreitar essas trocas e entendemos que se trata de uma via de mão dupla, em que ambos são beneficiados. Para o porto, é essencial que contemos com fornecedores da região para suprir as demandas e necessidades do empreendimento, assim como para os empresários envolvidos é interessante oferecer serviços e produtos para o maior negócio em desenvolvimento no Norte Fluminense. No último ano, contratamos cerca de 100 empresas locais e esse número só cresce no complexo portuário, o que mostra que estamos no caminho certo”, diz Renata.

CDL | Edvar Chagas

Para o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro no Norte Fluminense (Firjan-Norte Fluminense), Francisco Roberto Siqueira, o Porto do Açu é um parceiro estratégico da Firjan. “O empreendimento é o principal vetor de desenvolvimento da região e, por isso, é tão importante que as empresas estejam preparadas para atender às demandas instaladas no Açu. Há indústrias que ainda precisam alcançar o grau de maturação esperado e exigido pelo Porto. A indústria do Norte Fluminense conta com mais de 1.700 estabelecimentos, dos quais 95% são pequenas e microempresas, que podem ter novas oportunidades de desenvolver seus negócios”, avalia.

Capacitação de fornecedores

Em julho de 2022, a Gás Natural Açu (GNA) criou em parceria com o Sebrae, o Programa Capacita Fornecedores. O objetivo é estimular o empreendedorismo no Norte do Estado do Rio de Janeiro e melhorar o desempenho de micro e pequenas empresas da cadeia de valor da GNA e de outras empresas instaladas no Porto do Açu. De acordo com o gerente de Suprimentos da GNA, Eduardo Lunau, os setores prioritários participantes do programa são serviços de hotelaria e alimentação, materiais de construção, elétricos, EPIs e produtos químicos, serviços de TI, serviços administrativos, ambientais e consultorias, dentre outros.

Codin | Lucas Vieira

“O programa tem a duração de 18 meses. Estamos atuando com 70 micros e pequenos negócios, fazendo acompanhamento individualizado com 15 deles, a partir da adoção de práticas eficazes de gestão, visando à melhoria de sua competitividade e sustentabilidade econômica e financeira”, destaca Lunau.

Rodadas de Negócios fazem parte do programa de capacitação de fornecedores desenvolvido pela GNA e pelo Sebrae. Dois eventos já foram realizados nos últimos meses. O mais recente foi marcado para 8 de fevereiro, no Centro de Convenções da Universidade Estadual do Norte Fluminense. A Uenf e a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campos apoiam ações que possam estimular os pequenos e médios empresários, potenciais fornecedores para o Porto do Açu. O coordenador do Sebrae-NF, Guilherme Reche, destaca o desenvolvimento do fórum de fornecedores do Açu:

“Temos sido um protagonista na qualificação das empresas, com metodologia e expertise de trabalhar programas e projetos de desenvolvimento de todo o encadeamento produtivo. Não só no Açu, mas em variadas regiões do RJ e do país. As oportunidades têm sido enormes. Os investimentos estão acontecendo com velocidade expressiva. O Porto do Açu não é uma promessa, mas uma grande realidade. Há grandes operações ali, pois o Porto já é responsável por 30% da produção de petróleo que passa na nossa região. Ele vem a se tornar com as usinas de energia o maior complexo portuário gerador de energia da América Latina. O Porto do Açu tem feito algumas apresentações com possibilidades de investimentos futuros na área de energia eólica. Há também a preocupação com a transição energética. Estamos falando de investimentos de 15, 20, 30, 50 anos”, pontua.

Sebrae | Guilherme Reche

Protagonista

Para Guilherme Heche, Campos é um grande protagonista no fornecimento de serviços e produtos. Para o evento na Uenf, 150 empresas foram inscritas. Campos conta com mais 100 empresários interessados. Em São João da Barra, apenas 15 se inscreveram. Há empresas de Quissamã, São Francisco de Itabapoana, Cardoso Moreira e São Fidélis abertas para oportunidades no Açu.

“Esta é uma agenda extremamente democrática e de oportunidades de negócios. Integramos no mesmo encontro, empresas e instituições financeiras. Quando o pequeno empresário assume um contrato com uma grande empresa, via de regra, precisa ter capital de giro para investir. O agente financeiro pode apresentar oportunidade de crédito vantajosa. Sebrae e GNA decidiram pelo encontro logo no início do ano para oportunizar network e contato para os pequenos empresários com o Açu ao longo de 2023”.

GNA | Eduardo Lunau

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos quer estreitar as relações do comércio local com o Complexo do Porto do Açu. “Estamos apoiando integralmente a iniciativa do Sebrae e da GNA, essa gigante do setor de energia, no propósito de capacitar o comércio de Campos como agente fornecedor de produtos diversos. Temos potencial para ocupar parte deste espaço. Realmente, precisamos nos capacitar, reafirmando que o potencial do nosso comércio é enorme e temos um grande diferencial de estarmos bem próximo ao complexo portuário”, diz o presidente da CDL, Edvar Júnior.

Oportunidade e adequação

O empresário Lucas Vieira preside a presidente da Associação das Indústrias da Codin (AIC), em Campos. Nos últimos anos, sua empresa de automação e elétrica fornece serviços para várias indústrias da cidade, em Macaé e no Porto do Açu. Ele faz parte do Conselho de Desenvolvimento do PDA e considera que há muitas oportunidades para empresários se tornarem fornecedores de produtos e serviços:

“Conheço mais de 50 empresas de Campos que já prestam serviço para o Porto. Falo sempre que as empresas locais têm que entender o seu perfil de negócios para poder fornecer e se encaixar no mercado. Acho que para fornecer para grandes empresas, primeiramente é preciso estar com a documentação da sua empresa correta. Este costuma ser um problema frequente em Campos. As contratantes exigem que se tenha qualificação e qualidade, funcionários contratados legalmente. A questão ambiental também precisa estar bem resolvida e documentada. Para ser fornecedor, é preciso enxergar seu lugar no mercado, o nicho específico, verificando os empreendimentos que podem ser atendidos por empresas da região e se preparar. Temos uma oportunidade muito boa para isso”, diz.

Firjan | Francisco Roberto

O gerente da GNA, Eduardo Lunau, diz que a empresa busca o desenvolvimento de empresas locais que têm potencial para fazer parte da cadeia de valor da GNA e demais empresas localizadas no PDA. “Em todas as nossas atividades, assumimos o compromisso com o respeito às pessoas, ao meio ambiente e ao apoio ao desenvolvimento local. A realização do Capacita Fornecedores com o Sebrae está em consonância com essa diretriz”.

Para o representante do Sebrae, Guilherme Reche, há em Campos e região grande oportunidade de desenvolvimento de empresas de forma mais eficiente e sólida. “O empresário precisa deixar o conservadorismo do passado e olhar para o futuro; modernizar seu modelo de negócios para uma atratividade mais adequada; governança local com conceitos de grandes empresas exigindo cada vez mais dos pequenos fornecedores adaptação e ajuste. Essa é a grande tônica de responsabilidade social e ambiental onde estamos inseridos em torno do Açu”, conclui.