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Uenf desenvolve substância capaz de eliminar do ar vírus da Covid-19

Catalisador desenvolvido por pesquisadores de Campos compõe aparelho que já é vendido na Espanha

Geral
Por Redação
10 de outubro de 2022 - 0h03

Por todo o país, neste momento, há cientistas debruçados em pesquisas, muitas delas para resolver variados problemas da sociedade. Em Campos não é diferente e, durante o ápice da pandemia da Covid-19, equipes da Universidade Estadual do Norte Fluminense  (Uenf) trabalharam para desenvolver uma substância capaz de eliminar o Sars-Cov2 (nome científico do coronavírus) do ar em ambientes fechados. A pesquisa foi liderada por Maria Cristina Canela, doutora em Ciências pela Unicamp e professora titular do curso de Química Ambiental da Uenf, e foi utilizada em um reator construído por um grupo de pesquisadores do grupo Fotoair, do Centro de Investigaciones Energéticas, Medioambientales y Tecnológicas (Ciemat), da Espanha. Atualmente já é vendido pela empresa Aire Limpio, que o instalou no Hospital 12 de Octubre, referência no enfrentamento à Covid-19 em Madrid.


Pesquisadores do Brasil e da Espanha se encontraram na edição do Hackathon de 2020, quando o tema da maratona tecnológica, que chega a durar 48 horas, foi “Vença o Vírus”. O grupo Fotoair já tinha um reator para purificador de ar com baixo custo energético, mas ainda não tinha um catalisador eficaz para eliminar o vírus. A professora Maria Cristina já havia trabalhado com o grupo e tinha uma pesquisa para desenvolver materiais para degradar compostos da atmosfera e, com o grupo de alunos, desenvolveu a substância eficaz contra o vírus.


Então, o material foi levado para a Espanha e testado no Centro de Vigilância em Saúde Veterinária (Visavet) da Universidade Complutense de Madrid. “O projeto foi finalizado no ano passado, em novembro, quando conseguimos fazer os testes com o vírus atenuado, no laboratório P3 da Medicina Veterinária da Universidade Complutense. Funcionou bem, atestando a eliminação do vírus, no meio do reator e nas suas paredes. Foi um sucesso”, comemorou Maria Cristina.
O projeto foi desenvolvido ao longo de 18 meses e reuniu, além da Uenf, diversos centros de pesquisa espanhóis, como o Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa (CBM-CSIC), o Laboratório de Invasões Biológicas e Doenças Emergentes (RJB-CSIC), o Jardim Botânico Real (RJB-CSIC) e o Centro de Vigilância em Saúde Veterinária (Visavet) da Universidade Complutense de Madrid.


Todo o projeto “Photo vs. Sars” só foi possível por causa da iniciativa europeia de incentivo à pesquisa e inovação, financiada pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (CDTI) para enfrentar a emergência de saúde causada pela pandemia da Covid-19, com orçamento de €548.111. Cerca de R$ 2.801.395,32.
A pesquisa foi uma das 20 selecionadas entre as mais de 700 apresentadas no edital para enfrentar a emergência sanitária. O objetivo foi destruir, por fotocatálise, o coronavírus em hospitais e residências. O trabalho chegou a gerar interesse da Airbus e do Santander, mas foi liderado pela empresa Aire Limpio, que já comercializa o aparelho.
“Ainda não publicamos o trabalho, mas a empresa Aire Limpio, que trabalhou nesse projeto, financiado pelo governo da Espanha, já está comercializando. O aparelho já foi instalado em alguns hospitais, inclusive, no que é referência em Covid, na Espanha”, comemorou Maria Cristina.