Força de segurança pública no governo municipal, o trabalho da Guarda Municipal de Campos (GCM) vai muito além de fiscalização de trânsito e proteção patrimonial. Com vários grupamentos, a GCM atua no resgate de animais silvestres, com Ronda Escolar, ações com cães farejadores e no ordenamento público das praças da cidade. O trabalho nas áreas públicas vem sendo essencial, na cidade, devido, também, ao grande número de pessoas vivendo em situação de rua no município. No último dia 7, um homem identificado como Wilson foi assassinado a golpes de faca na Praça São Salvador. Tanto a vítima quanto o suspeito estavam morando nas ruas do Centro e não são da cidade. O corpo de Wilson continua no instituto Médico Legal, aguardando reconhecimento. O caso acendeu mais a preocupação dos transeuntes com relação à segurança na área central. Para prevenir casos como esse, a Guarda atua com o Grupamento de Proteção Social (GPS).
Segundo informações da secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social, no último levantamento, realizado em 2020, foi registrado que 130 pessoas viviam em situação de rua na cidade. Segundo o secretário da pasta, Rodrigo Carvalho, a prefeitura prevê que um novo censo dessa população seja feito ainda este ano.
O GPS foi criado em 2014 e atua com agentes que são treinados especificamente para realizar a abordagem e o acolhimento de pessoas em situação de rua, bem como a coação de algum ato ilícito que possa estar sendo praticado nas praças da cidade. “A Guarda entendeu que havia necessidade de se criar um grupamento com formação específica para lidar com essa população vulnerável, que, muitas vezes, parece esquecida, mas que é composta de pessoas que têm necessidades como as outras”, ressalta Sérgio Lima Barreto, coordenador do GPS.
As disciplinas do curso do grupamento, além do reforço das técnicas de defesa social aprendidas no Curso de Formação dos guardas, ainda conta com ênfase em estudos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Estatuto do Idoso e direitos da população GLBTQIA+, além de técnicas de abordagem, entre outras.
“O GPS foi criado para garantir que a população possa frequentar os logradouros públicos do município, com base no policiamento comunitário. Nós temos laços estreitos com os CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) e CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), porque muitas pessoas em situação de rua necessitam desse tipo de assistência”, disse o comandante da Guarda Civil Municipal, Wellington Levino.
Uma ocorrência recorrente nas ações do GPS é a detecção do porte de armas brancas entre pessoas em situação de rua. Somente no ano de 2022, 68 armas brancas foram apreendidas em ações diversas do grupamento. “Isso é recorrente, porque muitas vezes essas pessoas têm facas, pedaços de vergalhões e canivetes, que são usados para defender seu território, ou para impor respeito entre eles e, às vezes, até fazer ameaças”, relata Levino.
Quando a pessoa em situação de rua, após uma abordagem, decide ir para um abrigo, é feito o contato com a secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social, que tem quatro unidades de acolhimentos, com 111 vagas disponíveis. Nesses espaços, são realizadas atividades permanentes com os assistidos, visando incentivar a autonomia. Nos acolhimentos, os usuários contam, ainda, com alimentação completa.
Outros grupamentos
Por onde passam, os cães da CGM são sucesso garantido. Nas ruas, se dirigindo ao local de treinamento, é impossível a guarnição não ser parada várias vezes por adultos e crianças que querem brincar ou fazer uma foto ao lado dos cachorros. O Grupamento de Operações com Cães (GOC) atua com animais das raças Golden Retriever, Pastor Belga Malinois e Pastor Belga Holandês, que recebem treinamento específico para ações especiais.
Um dos agentes do GOC, GCM Neto, explica como é feito o treinamento dos cães: “O cão começa a ser treinado desde filhote. Quando chega ao canil, ele passa, inicialmente, pelo processo de socialização e, posteriormente, é inserido no treinamento específico. Ele interage, é apresentado a vários cenários, em que vê outros animais, tem contato com pessoas e vai às ruas. Só depois é inserido ao treinamento na prática”, diz.
Os cães são treinados para detectar entorpecentes, armas, munições e auxiliar no resgate de pessoas.
O GOC também está iniciando um trabalho de Cinoterapia ou Terapia Facilitada por Cães (TFC), que é uma atividade que utiliza o cão como facilitador no processo terapêutico. Inicialmente, o trabalho será feito em escolas e asilos, mas, posteriormente, será estendido aos hospitais.
Já o Grupamento de Operações Especiais (GOE) é chamado a atuar em situações de conflito, inclusive em apoio a outras forças de segurança, como por exemplo, a Polícia Militar. Os agentes são treinados inclusive para o manuseio de armas não letais, como armamento de choque, a Spark e de espargidores de pimenta. “As situações em que somos acionados são diversas, como casos de dano ao patrimônio público, invasões e, principalmente, no apoio aos colegas na rua, quando as situações carecem de reforço”, comenta Sérgio Tinoco, integrante do GOE.
Outro setor que se destaca na GCM é o Grupamento Ambiental (GAM), que realiza um trabalho de recolhimento de animais silvestres em conjunto com órgãos ambientais, para possibilitar o retorno desses animais à natureza. No ano de 2021, foi constatado um grande aumento no número de apreensões de animais, em relação a 2020. Em 2020 foram registradas 221 apreensões, já em 2021, 414 animais silvestres foram resgatados: um aumento de quase 100%.
A Ronda Escolar, por sua vez, atende 52 unidades no município. O trabalho conta com patrulhamento dentro e fora de unidades escolares municipais e palestras visando à conscientização de crianças e adolescentes, seus pais e responsáveis. Os agentes promovem palestras e eventos diversos, sempre estreitando os laços com a comunidade escolar.
Para falar com a Guarda
O patrulhamento tem como funções inibir atos ilícitos no entorno e interior da unidade escolar, mediar conflitos existentes na comunidade escolar, atuar em casos de atentados contra as garantias estabelecidas às crianças e adolescentes por ação ou omissão e conduzir atos ilícitos que possam ocorrer. Para entrar em contato com a corporação, os usuários têm disponíveis o telefone 153, que é gratuito, e o celular (22) 98175-0785. Ambos os números funcionam 24 horas por dia na Sala de Operações.
