A Câmara Municipal de Campos sediou, nesta segunda-feira (6), a primeira parte da Audiência Pública sobre o sistema de bilhetagem eletrônica no transporte do município. A audiência antecede a votação do Projeto de Lei para alteração do sistema de bilhetagem, que foi enviado ao legislativo no mês passado, e reúne a população e os interessados no assunto para discutir o tema.
O presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Nelson Godá, foi o primeiro fazer esclarecimentos. Segundo Godá, atualmente o sistema é deficitário e não oferece clareza na coleta de dados.
De acordo com o presidente do IMTT, não há acesso ao banco atual do sistema de bilhetagem, o que chamou de “caixa preta dos transportes”, também não há dados em tempo real, nem transparência dos créditos remanescentes dos cartões. Ele acredita que com o novo sistema haverá mais transparência financeira. “Nosso objetivo é um sistema mais amigável ao usuário, fornecendo novas formas de pagamento, tendo maior poder regulatório por parte do município, para prestar um melhor serviço”, disse Godá.
Ele também reconheceu que o atual sistema de transportes não atende às necessidades dos usuários. “Reconheço que precisamos melhorar o atendimento a várias localidades, precisamos de regularidade, em Campos como um todo a gente tem dificuldade, e a gente precisa avançar e esse é um dos projetos que vão ajudar a gente a avançar”, disse.
O reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Raul Palácio, lembrou que Campos tem mais de 40 mil estudantes universitários, que precisam dos ônibus e vans para estudar. “O importante que a gente tem que discutir é a mobilidade nessa cidade, se a gente não tem um conselho que fiscaliza a gente não tem como discutir a mobilidade na cidade. Mobilidade é importante pra todos os cidadãos, eu queria pedir é a compreensão de todos e a sensibilidade para se resolver esse problema, que seja atacado com seriedade, discutido, porque esse é um problema que afeta a todos.”, disse o reitor. “Nós não podemos discutir uma coisa tão importante, sem antes termos em mãos exatamente o que ele vai resolver, talvez precisássemos de uma nova audiência pública”, sugeriu o Palácio.
Consórcios e permissionários relatam dificuldades
Neto Amaral, representante do União, destacou que as distâncias são grandes, que não é possível cumprir com algumas tarifas estipuladas pela Prefeitura. “como eu posso ir a Rio Preto por R$5, com o diesel com o preço que está?”, questionou o empresário.
Já o representante do Consórcio Planície, José Maria Matias, disse também que além da passagem ter ficado oito anos sem aumento, a fiscalização do transporte irregular não é feito a contento, o que prejudica muito as empresas que prestam serviços, que acabam levando os passageiros da gratuidade, enquanto que os clandestinos levam os pagantes.
O permissionário de vans, Bruno Santana, disse que uma das expressões que mais ouve é “caos no transporte público”. “O caos vai muito além do que nós conseguimos ver diariamente nas reportagens e todas as gestões até o momento tiveram a oportunidade de consertar esse caos”, disse.
“Em 2015 eu estive aqui falando do transporte, em 2018 eu estive aqui debatendo a questão do transporte. Nós hoje estamos aqui falando novamente sobre as mesmas questões. Mais uma vez a gente vê uma briga histórica aqui, um desequilíbrio na cobrança da fiscalização, quando tudo isso se equilibrar a população vai começar ter um melhor transporte”, disse Bruno, que sugeriu a criação de uma comissão de fiscalização do transporte, formada por representantes dos permissionários de vans, de ônibus e também pelos usuários do sistema.
Participação da população
Morador do Novo Jóquei, Geraldo Inácio participou da Audiência. Ele disse que a população está sofrendo pela precariedade do transporte. “Você pega um ônibus, não tem lugar pra sentar, os ônibus são sujos, antes de se falar em bilhetagem nós precisamos ver o povo que está pedindo socorro. Quem mora no meu bairro sabe a realidade do transporte em Campos”.
Guido Pessanha, também morador do Novo Jóquei, pontuou deficiências do transporte no bairro. “Meu bairro tem 30 anos, e até hoje não tem um abrigo de passageiros”, disse.
Moradores da Codin, do Parque Cidade Luz, Farol e outros bairros e localidades também estiveram presentes à audiência, solicitando melhorias no sistema.
Após terminarem as participações de todos os inscritos, a palavra foi facultada aos vereadores.