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Sem respeito mútuo não há República / por Fernando da Silveira

“A natureza e a razão estão separadas”

Artigo
Por Redação
29 de maio de 2022 - 0h03

“A natureza e a razão estão separadas”. – Immanuel Kant.

Se a razão e a natureza estão separadas, como salientava Kant, é fundamental que o ser humano saiba controlar inteligentemente esta divisão. Quer se precavendo com o poder da força da natureza, quer se amparando paradoxalmente no próprio mundo material (natureza) em que vive o ser humano. Sendo bom lembrar, que a natureza existe independentemente das atividades realizadas pelo próprio homem.Todavia, o ser humano não pode deixar de pensar, de sentir e de agir em sintonia com o bem, embora ao mesmo tempo aceitando a natureza, que nada tem a ver com a bondade, que nos leva ao respeito mútuo. Temos, como pessoas, que pensam, de não aceitar o poder do mais forte na relação humana, pois além de sermos matéria, somos espírito.

Parece-me assim, que o espírito e não a matéria deve comandar a nossa jornada na Terra. Daí sonhar com uma linha republicana, na qual a política não deve ser encarada como profissão. Mas, sim, como missão, como ardoroso empenho de se entregar inteiramente à plenitude do bem ao realizar as tarefas voltadas para o aperfeiçoamento do país que pertencemos. Não esquecendo de lutar pelos nossos direitos, se eles não conflitarem com os direitos universais. Daí entender, que a República deveria ter um alto sentido altruístico, preocupando-se, sobretudo, com os que estão na miséria.

Para chegar a esse ponto fecundo basta manter a nossa República com constantes aperfeiçoamentos, pois ela é uma forma de governo, na qual os seres humanos respeitando-se mutuamente, deveriam estar empenhados em construir um Estado por meios de representantes investidos nas funções estabelecidas por poderes distintos. Mas sem deixar de vigiar possíveis manifestações de autoritarismo dos seus próprios membros. E com tal empenho eliminando equívocos perigosos e abusos dos direitos pelos que só pensam em enriquecer.Daí tirar sem violência os velhacos, os treteiros, que se encontram fraudulentamente no poder.

Gostaria de ressaltar nestas considerações, que sempre vi o Renascimento (ardoroso empenho de estimular o humanismo, o antropocentrismo, o individualismo a respeitar todas as formas individualistas, o universalismo, o racionalismo, o cientificismo e a valorização da Antiguidade Clássica) como um verdadeiro grito de socorro dos seres humanos tão atingidos mortalmente pelos que se achavam, na Idade Média, donos da verdade. Vejo, porém, que a Renascença exagerou na valorização da Antiguidade Clássica, focando principalmente o poder dos mais fortes e a beleza material do corpo humano em detrimento, em prejuízo do espírito. A divulgação dos desenhos, sobretudo de mulheres nuas, tornou-se constante.

Algo que em nosso tempo já está nos levando a aceitar, que os moderados maiôs fossem substituídos por biquínis. Parece-me que está havendo até a ridicularização do casamento. Como se pode constatar quando figuras da expressão cultural e do grande caráter de Jean-Paul Sartre e de Simone de Beauvoir juntaram-se, mas não casaram. Para o católico José de Oliveira Andrade, é que Sartre ficou preso ao seu próprio romance intitulado “Com a morte na alma”, publicado em 1949.  Não vou a tanto, mas a incursão literária de Sartre à infância com o livro “As Palavras”, o fez lembrar apavorado, que quando criança se sentia mais grego do que francês, tal a força sedutora das mulheres nuas como Frinéia, capazes de mudar até decisões jurídicas. Como no caso do advogado Pitágoras desnudando Frinéia em pleno tribunal para ela não morrer.

Diante de tantas pessoas com posições divergentes, a República deve tudo fazer para a manutenção da paz, do empenho de multiplicar atos de bondade a estreitar amizades. E, mais que tudo, fazendo da liberdade o ponto culminante das Democracias. Não confundindo a liberdade com a satânica licença (vida ou procedimento dissoluto, desregramento moral) tão comum em nossos dias. É que a liberdade, odiada por comunistas, fascistas e nazistas, além de fortalecer o respeito mútuo chega a abrir os caminhos da alma para o bem. O que nos leva até bradar copiando J. G. de Araújo Jorge: “Liberdade!Ideal, utopia, o que importa? Eu quero viver se esse ideal é vivo, quero morrer se essa utopia é morta”.