A reportagem especial desta edição, por Ocinei Trindade, desbrava não com um olhar de bandeirante, mas sim de ambientalista, o Parque Estadual do Desengano, a maior concentração de Mata Atlântica na região, englobando os municípios de Campos, São Fidélis e Santa Maria Madalena.
Foi nos anos de 1980 que o Parque Estadual foi certificado. O objetivo era a preservação, uma vez que o desmatamento avançava. Porém, quase uma década antes, época em que a palavra “ecologia” estava confinada aos dicionários e estava longe de serem criadas as ONGs, era criado o Centro Norte para a Conservação da Natureza (CNFCN).
A partir da criação deste Centro por então alunos do Liceu, Campos e região passaram a ter alguma consciência ecológica. Começaram as pressões para a criação do Parque Estadual. O então governador Leonel Brizola canetou a demanda, mas não fez as indenizações de propriedades que se faziam necessárias, o que não aconteceu até hoje.
O Parque Estadual possui 22.400 hectares de área. Sua criação freou o desmatamento e, segundo dados do Atlas Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais, o estado do Rio é o que mais preserva este importante bioma. Conclui-se que o manejo do Parque silenciou o barulho das motosserras e os consequentes gritos de dor da natureza.
Retomemos o dicionário, onde, até então, a “ecologia” estava confinada, para saber o real significado da palavra “desengano”, que dá nome ao Parque. Como adjetivo, desengano é empregado para definir quem se livrou de uma desilusão, que foi esclarecido. Mas, pode ser, também, usado para definir uma pessoa que está prestes a morrer: doente, desenganado.
Controversa no dicionário, a palavra desengano soa estranha. Mas, ao dar nome ao Parque, parece adjetivá-lo no melhor sentido do seu significado. Para a natureza, significa muito.
