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Teatro de Bolso deve voltar a exibir espetáculos no segundo semestre

Desde o fim do ano passado, espaço cultural de Campos passa por obras e reparos

Cultura
Por Ocinei Trindade
22 de maio de 2022 - 0h01
Melhorias | Palco recebeu cortinas novas e reparos

O Teatro de Bolso Procópio Ferreira, em Campos dos Goytacazes, completa 54 anos de vida em 2022. Desde a sua fundação, em 1968, ajudou a contar parte da história cultural da cidade e do Brasil. No momento, o TB, como é carinhosamente chamado, se encontra fechado para espetáculos, por conta de obras e reparos. A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) acredita que sua reabertura acontecerá no início do segundo semestre.

Em dezembro de 2021, foi iniciada a obra no telhado do Teatro de Bolso no valor de R$ 24 mil. A conclusão seria em janeiro deste ano. Entretanto, outras intervenções no TB foram necessárias. A FCJOL diz que houve instalação de novas calhas, reposição de telhas e mantas, impermeabilização da laje; instalação de aparelhos de ar condicionado nos camarins e no mezanino do foyer; reparos e colocação de nova vestimenta (tecidos do palco) na caixa cênica; e pintura em andamento nas áreas interna e externa. O último espetáculo teatral no TB aconteceu em março de 2020, início da pandemia de Covid-19, com a peça “Traídas e traidoras: somos todas Capitu”, de Arlete Sendra, com a atriz Katiana Rodrigues.

“Os eventos sediados no TB em 2021 foram o Fórum da Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Campos Canta Mais, formaturas escolares e apresentações de encerramento da temporada do Curso Livre de Teatro e do Projeto Dançarte. Atualmente, o TB abriga as aulas do Curso Livre de Teatro e do Projeto Dançarte, dentro de suas possibilidades de uso”, explica a nota da Fundação Cultural.

Melhorias | Palco recebeu cortinas novas e reparos

Para a volta dos espetáculos teatrais, segundo a FCJOL, são necessárias intervenções de recuperação e modernização da caixa cênica. “Estas se darão por meio de parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Sececrj). As intervenções internas, em parceria com a Sececrj, já avançaram, com a doação, por meio de parceiros, de uma mesa de sonorização de última geração e aparelhos de ar condicionado”, diz a presidente da instituição, Auxiliadora Freitas.

Anseios dos artistas

Atores, diretores, dramaturgos e técnicos são unânimes ao elogiar o Teatro de Bolso Procópio Ferreira. Entretanto, o seu fechamento nos últimos dois anos, com ou sem a pandemia, tem gerado queixas e críticas. “É preciso um movimento para que a reabertura do TB ocorra o mais breve possível”, define a atriz Adriana Medeiros. A autora Arlete Sendra se diz ávida pela reabertura do TB. “O teatro é um patrimônio universal, pois coloca em cena a releitura do mundo: pensamentos, ideias, seus ‘ontens’, ‘hojes’ e as premonições dos amanhãs. Pelos espaços físicos do Teatro Procópio Ferreira, Campos ouve, em sussurros, as letras em palavras transfiguradas pela pauta dos tempos. Revitalizar o Teatro Procópio Ferreira é ato cívico-cultural. É cidadania em gestão. Ali  passaram Macabeas, Capitus e Diadorins. Nele, Sancho Pança quer voltar a contar sua história”, comenta.
A atriz Katiana Rodrigues diz que o Teatro de Bolso atende ao artista local.

Pintura| Retoques em andamento na parte interna

“O Trianon é muito grande. O TB é um espaço que conseguimos preencher todos os lugares com boa plateia, além de podermos ensaiar. É um palco muito acolhedor e faz muita falta”. Para a atriz e contadora de histórias, Iara Lima, o TB sempre foi e será da classe artística local. “Por ser pequeno, a gente carrega ele no coração. A acústica é perfeita. Historicamente, o TB foi pensado e criado por artistas. É aconchegante nos camarins, palco e coxias, com fosso e sala de ensaios adequados. Espero voltar logo a me apresentar”, revela.

O escritor e dramaturgo Adriano Moura prepara a estreia da peça “Meu nome é Cícero”, no dia 5 de junho no Trianon. A obra fala da trajetória de Cícero Guedes, liderança do MST, assassinado em Campos, em 2013. A peça mistura diferentes gêneros e é pontuada por músicas compostas por Matheus Nicolau:

Telhado | Reforma da cobertura está concluída

“Há muitas histórias que precisam ser contadas nesta cidade que ama preservar memória de usineiros e barões escravocratas e pouca atenção dá aos que lutaram por uma sociedade mais justa, como foi o caso de Cícero Guedes. Estrearemos no Trianon justamente pelo fato de o Teatro de Bolso estar fechado para reforma. É lá que gostaríamos de estrear e fazer uma  temporada. É o espaço que melhor abriga nossas produções. Temos poucos teatros funcionando atualmente na cidade. Aguardo a reabertura, pois o TB é também um local que poderia ser usado para ensaio. Da última vez que fechou para reforma ficou quatro anos fechado, o que espero que não ocorra novamente”, conclui Adriano.