Nesta sexta-feira (20), acontece o último dia do 5º Simpósio Fluminense de Oncologia, em Campos dos Goytacazes. Durante a manhã, médicos e especialistas se apresentaram no auditório do Soho Promenade, com palestras e discussões que envolvem Medicina de Precisão, tema principal do encontro este ano. Assuntos relacionados ao câncer de próstata, uso da cirurgia robótica, radioterapia hipofracionada, tratamento da doença metastática foram destaques na primeira parte do evento organizado pelo Instituto do Câncer do Norte Fluminense e pelo OncoBeda (Grupo IMNE).
De acordo com médico Gustavo Araújo, membro do Setor de Uro-Oncologia do Grupo IMNE, o evento coloca Campos dos Goytacazes em destaque nos cenários local e nacional quanto ao tratamento do câncer.
“Campos cada vez mais é referência em assistência oncológica. Temos aqui referências de profissionais em todo o país neste evento. Isto engrandece o simpósio. São cirurgiões de projeção no Brasil que utilizam o que há de mais moderno em tecnologia, especialistas em cirurgia robótica. Ainda é um custo elevado a cirurgia robótica, mas o Grupo IMNE já avalia a aquisição e investimento em um futuro bem próximo”, explica.
Sobre o câncer de próstata, o médico diz que o maior vilão ainda é o preconceito. “Isto tem mudado graças à divulgação, conhecimento sobre a patalogia. Com mais diagnóstico, conseguimos ofertar o tratamento mais precoce ao paciente, com mais chances de cura para esses casos”, complementa Gustavo Araújo.
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Entre os palestrantes se apresentaram Lessandro Curcio, do Hospital Federal de Ipanema; Rodrigo Frota, coordenador do Programa de Cirurgia Robótica da rede D’Or; o radiologista Henrique Braga; o oncologista do Hospital Sírio-Libanês, Diogo Assed; o oncologista do HSJA do Rio de Janeiro, Fabiano Fernandes; e o diretor do IURJ, José Milfont.
“Esta é minha primeira vez em Campos. Trazemos inovações na área da Cirurgia e Oncologia. No meu caso, a cirurgia robótica desponta como um dos melhores tratamentos para o câncer renal. O tratamento cirúrgico é uma evolução. A técnica já é referência em vários centros do Brasil, e, provavelmente, será implantado rapidamente em Campos. A cirurgia robótica é um pouco mais cara, mas os resultados justificam o investimento. O paciente tem uma recuperação mais rápida e volta ao trabalho em menos tempo. Este evento é um intercâmbio que a gente sentia falta por causa da pandemia. É muito importante essa troca”, avalia o palestrante José Milfont.
Para o médico Rodrigo Frota da Rede D’Or, o simpósio já faz parte do calendário nacional. “O evento traz informações atualizadas sobre o que há de mais moderno no tratamento de câncer em todas as áreas. A Urologia é bastante agraciada com o uso de tecnologias e da cirurgia robótica. Podemos afirmar que a cirurgia robótica é utilizada para todos os tipos de doenças, mas sobretudo das oncológicas e dos tumores. Geralmente, quando falamos em tumores há um tratamento mais radical que deixa sequelas. Com a cirurgia robótica, o procedimento é minimamente invasivo e mais preciso. Isto ajuda bastante o paciente que tem mais segurança”, explica.
Cuidados Paliativos
Dentro do Simpósio Fluminense de Oncologia acontece, ainda, a I Jornada Interdisciplinar de Cuidados Paliativos. Uma das moderadoras do encontro é a médica oncologista do Grupo IMNE, Elizabeth Uhl, especialista em dor e cuidados paliativos. A enfermeira oncológica, Virginia Correa, também faz parte dos debates e dos estudos de casos como moderadora.
“Montei a Jornada de Cuidados Paliativos com seis temas distintos. Falaremos também sobre Educação em Saúde, com a enfermeira Aline Marques da UFRJ; Continuidade do Cuidado com a assistente social Andréia Assis, do INCA; e Espiritualidade com o padre Murialdo Gasparet, professor do Isecensa e da Faculdade de Medicina de Campos. Sou oncologista paliativista. São assuntos de extrema relevância no Brasil e no mundo, como terapia intensiva, terminalidade, comunicação em saúde. É importante que a gente discuta política pública, traga a teoria para a prática, a ponta, que é o nosso paciente. O cuidado paliativo é uma abordagem interdisciplinar que visa alívio de sofrimento, controle de sintomas, qualidade de vida, desde o diagnóstico de qualquer doença que ameace a vida, não somente o câncer”, explica Uhl.
De acordo com a enfermeira do OncoBeda, Virginia Corrêa, é importante incluir o tema “cuidados paliativos” nos cursos de graduação. “A gente está acostumado a curar. Nos formamos pensando em uma assistência curalista. Percebemos que isto não é mais assim. Precisamos mudar, ter um olhar diferenciado, não apenas curar, mas qualificar a existência do paciente. Isto muda a nossa condução diante dos pacientes”, conclui.