×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Falta de medicamentos no mercado persiste desde o início da pandemia, tem reflexo em Campos e preocupa autoridades

Campista percorreu toda a cidade para conseguir comprar antibióticos receitados em consulta médica

Geral
Por Redação
17 de maio de 2022 - 15h38

Com a chegada da pandemia do coronavírus, o mercado internacional de medicamentos priorizou as demandas emergenciais e o desabastecimento, principalmente de injetáveis, tanto nas farmácias hospitalares quanto nas comerciais ainda persiste. Isto também é realidade em Campos. Apesar do avanço do controle pandêmico com a vacinação, agora, o fator guerra entre a Ucrânia e a Rússia, se destaca, prolongando ainda mais a resolução do problema.

A técnica em enfermagem Bárbara Estóteles percorreu farmácias do Centro de Campos, de bairros e também de distritos e localidades para encontrar pelo menos um dos quatro antibióticos receitados para seu filho. “Primeiro fui ao hospital e o médico receitou um tipo que não encontrei na cidade inteira. Liguei para quase todas as farmácias. Voltei na consulta e o médico receitou outros quatro antibióticos diferentes como opção. Precisava comprar dois frascos para completar o ciclo de 10 dias. Percorri a cidade quase toda e comprei uma embalagem no Centro e a outra em Goytacazes”, explicou a técnica em enfermagem.

Foto: Divulgação

O filho de Bárbara tem 5 anos e teve uma pnemonia. “Outra opção dada pelo médico era interná-lo para ser tratado com medicação injetável. Seria a solução se não encontrasse os remédios”, disse.

Além dos antibióticos, repositores de ferro para tratar anemia e até soro estão em falta. Para o farmacêutico hospitalar, Rodrigo Primo, o problema é mundial e com reflexos em Campos. “A indústria alega dificuldades na importação de insumos e matéria-prima para embalagem, tanto por conta da pandemia quanto por causa da guerra. Sem contar que a demanda por estes produtos aumentou muito, inclusive aqui no hospital onde eu trabalho”, disse.

Foto: Divulgação

Entre os antibióticos não encontrados nas prateleiras está a Amicacina, usada para tratamento de pneumonia tanto em crianças quanto em adultos. O Noripurum para reposição de ferro, e os medicamentos de uso infantil para tratamento de asma como Clenil e Aerolim também estão escassos.

O desabastecimento movimentou o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Cosems) no final do mês de abril. O órgão provocou o Ministério da Saúde a tomar providências urgentes. Segundo o Cosems, algumas cidades contabilizam falta de 134 itens, entre eles, Micofenolato para evitar rejeição de transplantes de órgãos; ribavirina para tratar hepatite C, entre outros. “Denunciamos fragilidades do mercado de medicamentos na compra, principalmente, de dipirona, ocitocina, Neostigmina, Imunoglobina humana e soro fisiológico, todos injetáveis que impactam diretamente na efetividade e segurança de tratamentos consagrados, cujo desabastecimento pode representar o sério risco à vida”, informa a nota do Conselho.

O Jornal Terceira Via entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Campos para saber do reflexo desta escassez na saúde pública e aguarda posicionamento.

No início da pandemia, os apelos eram por medicamentos para intubação orotraqueal (IOT).

Leia também
Escassez de medicamentos no mercado preocupa rede hospitalar