No meio do caminho, entre duas cidades, há uma estrada difícil de passar. Trata-se da RJ-194, às margens do Rio Paraíba do Sul. A rodovia faz uma das ligações entre Campos dos Goytacazes e São Francisco de Itabapoana. Conhecida como Campos-Gargaú, a cada ano, a situação da estrada só piora. São 44 quilômetros de muitos buracos, trechos completos sem nenhum asfalto que não resistiu a enchentes e erosão. Moradores da localidade de Abadia, em Campos, dizem que se sentem isolados. Além das péssimas condições da via, o transporte público não existe mais. A reportagem procurou o governo estadual para avaliar o problema e suposta solução, mas não houve respostas.
O administrador Carlos Augusto Tavares é morador de Abadia, em Campos. Ele conta que a estrada se encontrava em boas condições até 2007, quando houve um longo período de cheia do Rio Paraíba do Sul. “Desde então, a estrada vai ficando ainda mais destruída. Não há manutenção. Nós estamos a 11 quilômetros do Centro da cidade. Aqui não tem ônibus faz muitos anos. As crianças, para estudarem no Jardim Carioca ou Parque Prazeres, bairros mais próximos, só vão de carona ou de bicicleta. É muito distante”, diz.
Outro morador da região é o aposentado Antônio Correa. Ele vive em Abadia há 22 anos, às margens da RJ-194. “Para chegar à cidade, só consigo ir de bicicleta, pois os ônibus não conseguem mais chegar até aqui. A estrada está ruim demais. Antes, havia transporte público que atendia aos moradores de Campos e de São Francisco, até a praia de Gargaú”. Antônio conta ainda que, durante elevação do nível do Rio Paraíba, moradores costumam erguer diques improvisados para não piorar ainda mais a estrada e as residências no entorno. “Se não fossem as barragens, a estrada podia ter sumido. De vez em quando, passam uma máquina para nivelar o chão, mas pouco ajuda”, conta.
A RJ-194 tem cerca de 15 quilômetros no trecho que fica em Campos dos Goytacazes. O restante está no território de São Francisco. A estrada passa por localidades como Barra Seca, Campo Novo, Muritiba, Cacimba e Gargaú. O aposentado Luis Roberto Ramos e o filho dele, André Luis, costumam dirigir pela estrada pelo menos duas vezes por semana. Eles vivem em Campos e pescam na região de São Francisco. “São anos de espera por melhorias. Porém, nada acontece. Há pontos em que fica quase impossível passar de carro. Quem mora aqui, sofre com essa situação”, comentam.
A rodovia sempre foi bastante utilizada por produtores rurais e também por turistas campistas em direção às praias de São Francisco. O trajeto, que era feito em menos de uma hora, atualmente, pode durar até quase três horas entre Campos e Gargaú.
Um dos lados da Ponte da Integração, obra do governo estadual iniciada em 2014, que teve novo adiamento para conclusão em 2023, fica exatamente no limite entre Campos e São Francisco de Itabapoana. A estrutura pretende ligar os municípios a São João da Barra. A cabeceira da ponte fica sobre a RJ-194. Um desvio foi criado para que veículos pesados, caminhões e carretas possam passar por debaixo da construção.
A conclusão da Ponte da Integração está associada também à recuperação da rodovia estadual que liga Campos a Gargaú, pois são necessários novos trechos ou melhorar antigos acessos. Por três dias, a reportagem procurou pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER), pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras e pela assessoria do governador Cláudio Castro (PL), a fim de saber se há prazos para obras na RJ-194. Entretanto, não houve respostas até esta publicação.
