Sem prejuízo do pacote de obras anunciado ano passado, algumas medidas que mudariam a face do município podem ser adotadas de imediato: reposição das lâmpadas queimadas, conservação das ruas para reduzir os buracos e limpeza de terrenos baldios
Perto de completar 40 dias à frente do governo municipal de São João da Barra, a prefeita Karla Caputi traz o entusiasmo natural de uma nova administração, paralelo a velhos problemas pendentes.
A nova gestora cuidou bem do evento mais tradicional de SJB, a festa de Nossa Senhora da Penha, cujo sucesso esteve à altura de sua importância cultural. Contudo, chegou a hora de enfrentar as velhas rugas.
Não se vai aqui reproduzir o que já fartamente descrito ano passado pela imprensa, demais veículos de comunicação, redes sociais e na Câmara de Vereadores, sobre os graves problemas de infraestrutura e serviços essenciais.
No início de dezembro, alguns foram parcialmente resolvidos, como a questão da iluminação pública, cuja gravidade chegou ao ponto de deixar as praias de Atafona, Chapéu de Sol e Grussaí quase às escuras, tirando do morador até mesmo a condição de permanecer nos balneários.
Mas não vamos olhar para o passado. A própria ex-prefeita Carla Machado cumpriu mandatos em que merece o reconhecimento pelas iniciativas progressistas, com destaques para a elevação da qualidade de vida da população e pelas obras de melhorias na sede, nos distritos e nas praias. Mas, nesta 4ª passagem pelo executivo, deixou a desejar, numa administração inócua.
Medidas simples, mas de grande alcance
Karla Caputi deve ter em mente que independente do anúncio de investimentos da ordem de R$ 17,5 milhões, feito em novembro passado, muito bem vindos através de parceria com o governo do Rio de Janeiro, são as ações básicas que movimentam o dia-a-dia da economia sanjoanense.
Ou seja: é o dinheiro do morador nativo e do crescente número de campistas que estão optando por fixar residência nas praias, que movem a economia local.
Supermercados, padarias, restaurantes, bares, lanchonetes, farmácias, materiais de construção, lojas de presentes… enfim, o comércio em geral e os serviços precisam do volume convencional de negócios para que se mantenham ativos, prosperem e gerem empregos.
Obrigação do governo municipal
Manter as ruas razoavelmente transitáveis – e não repletas de buracos –, cuidar da manutenção dos postes de iluminação e cobrar dos proprietários de terrenos tomados por mato e lixo que providenciem limpeza constante, é obrigação da Prefeitura. Sem isso – sem essas pequenas, mas importantes iniciativas – o morador/veranista/turista se vê afugentado pela escuridão, sujeira e insegurança.
Questão fundamental é a iluminação das ruas. No final de 2021, boa parte das lâmpadas danificadas foram trocadas. Mas o problema já está voltando àquela condição de escuridão, que favorece sobremaneira furtos e assaltos.
Telefone não atende – A Prefeitura “disponibiliza” o telefone (22) 3199-9631 ou 2741-1300, ramal 378 (iluminação pública), mas o que se ouve é uma gravação repetitiva e, no eventual fenômeno de alguém atender, a transferência para o ramal não acontece. Ora, estamos falando de segurança, porque o breu é parceiro do assaltante.
Não tem cabimento que em tempos de sistemas de gestão de qualidade, em que elevados padrões administrativos são empregados no serviço público, o cidadão precise conhecer alguém, que conheça outro alguém, para colocar luz na sua rua.
Mais de dois anos e meio de mandato
Bem entendido, não se faz crítica alguma à nova prefeita, que exibe leque de vastas credenciais e que, naturalmente em cinco semanas, não teve tempo de realizar praticamente nada.
Ao contrário, a mensagem da matéria é otimista. Karla Caputi tem mais que a metade do mandato pela frente e recebeu a Prefeitura com saldo financeiro de aproximadamente R$ 260 milhões.
É muito dinheiro. Dá para iluminar os distritos e as ruas das praias (aliás, parece que já começou a repor as lâmpadas queimadas), aplainar e tapar os buracos das ruas e retirar a areia – onde for possível – da Beira Mar.
Limpar as áreas públicas para que não acumulem lixo e investir numa equipe de fiscalização incumbida de cobrar dos proprietários de terrenos a limpeza de suas propriedades.
Aliás, em Campos, o prefeito Vladimir Garotinho está exigindo que os donos limpem e cerquem os terrenos, evitando acumulo de sujeira, entulho e proliferação de doenças. Quem não cumprir será multado.
Enfim, são medidas – repete-se – de pequena monta, mas de grande alcance.
A questão da contenção do mar nas áreas de riscos é uma agenda de anos. Mas já é hora de tirar da gaveta os projetos e atuar politicamente, com firmeza e insistência, para que o governo federal viabilize as obras.