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SEMANA DO TRABALHO: Desde a recessão de 2014/15 o trabalhador só acumula perdas. Hoje são 12 milhões de brasileiros sem emprego

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
3 de maio de 2022 - 11h49

O Brasil está atravessando mais uma Semana do Trabalho sem ter o que comemorar. Nos últimos 8/10 anos, afora eventos isolados e pouco representativos, só o feriado trazia alento ao trabalhador. Neste ano, nem isso. 

Pior que o valor ínfimo do Salário Mínimo, cujos R$ 1.212, não cobrem o que determina a Constituição (específica ao estabelecer que o provento deve assegurar ao trabalhador e sua família acesso à moradia, alimentação, saúde, educação, transporte, vestuário e lazer), é a taxa de desemprego no País, que hoje gira em torno de 11,2% e representa algo em torno de 12 milhões de desocupados. 

Num curto recuo, constata-se que o descontrole começou a partir da grave recessão econômica iniciada em 2014 – governo Dilma Rousseff – mas só se revelou em 2015. De 4,8% no ano da reeleição (2014), passou para 9,6% no seguinte, alcançando 11,2% em 2016. Aí desandou. 

O governo Michel Temer, com toda a impopularidade, conseguiu arrefecer um pouco a crise, com reconhecidos esforços do ministro Henrique Meirelles. Já o presidente Jair Bolsonaro, após aprovar a reforma da Previdência, foi atropelado pela pandemia que virou o mundo de ponta-cabeça e tudo ficou mais difícil. De toda sorte, mesmo com recuos diminutos, a taxa de desempregados vem caindo. 

Tempos áureos   

O Salário Mínimo foi instituído no Brasil na década de 1940, no governo Getúlio Vargas. Nos 19 anos em que governou o País, Vargas aproveitou o 1º de Maio não só para criar o piso salarial e anunciar anualmente seu reajuste, como para criar as Leis Trabalhistas, o Ministério do Trabalho e a CLT.  

Instituiu, ainda, a jornada de 8 horas diárias, férias e o 13º Salário, entre outros benefícios. Enfim, criou direitos para os trabalhadores. 

A cada 1º de Maio, do Estádio de São Januário e irradiado para todo Brasil, anunciava, em grandes discursos, invariavelmente iniciados com o “Trabalhadores do Brasil”, a inauguração de conjuntos habitacionais, ações para melhorar a qualidade de vida do povo e obras de relevante alcance. 

A data era alegre, festiva e acompanhada de boas notícias. Hoje… 

(*) Texto parcialmente retirado de matéria anteriormente publicada pelo autor


TUDO PARADO

Um conjunto de fatores, principalmente a não utilização da linha férrea para transporte, faz com que praticamente todas as rodovias do Brasil estejam congestionadas.  

Os comboios de caminhões não têm fim. Além da lentidão nas estradas – o que faz com que os motoristas de veículos leves ‘forcem’ a ultrapassagem e aumentem o risco de acidentes – há o permanente e elevado custo de recuperação da camada asfáltica, que não suporta o peso das grandes carretas. 

Evidente, a ‘correção’ – digamos assim – passaria por todo um processo para que o caminhoneiro não fosse prejudicado e ficasse sem emprego. Nesse aspecto, estamos a falar de um longo planejamento para que nenhum trabalhador fosse penalizado. 

Mas, voltando à questão da lentidão e focando em Campos, passou de inaceitável para absurdo o que acontece, por exemplo, com quem sai da cidade em direção a Macaé ou Rio (ou chega em sentido oposto) e gasta até 50 minutos para alcançar a curva da saída de Ururai. 

O perigoso Trevo do Índio trava o trânsito de tal forma, que para os 10/11 quilômetros antes percorridos em 10 a 15 minutos, agora precisa de uma hora.  

A agonia é quase a mesma para quem vai da Alberto Torres para os condomínios no entorno da Av. Nilo Peçanha,  Shopping Estrada e outros, usando a Av. Silvio Bastos Tavares (BR-101). A chegada e saída do Boulevard Shopping é outra proeza.  

A duplicação urbana da BR-101, reivindicação de muitos e muitos anos, de mera melhoria passou à condição de necessária e urgente. No início do ano, na visita que fez a Campos, o presidente Jair Bolsonaro anunciou tirar a obra do fundo da gaveta e colocá-la em prática.  

Cabe aos políticos da região, em particular os de Campos, atuação ativa junto a Brasília para que o anúncio não se perca entre tantas e tantas demandas num Brasil de extensão continental assolado nos últimos dois anos por uma pandemia. 

Resolver a confusão do Trevo do Índio e a duplicação da BR não dizem respeito apenas a congestionamento, lentidão, desperdício de combustível e estresse do motorista. O risco iminente de acidentes coloca em jogo vidas humanas. 


ALERTAS

Baixa adesão à terceira dose 

Nesses penosos tempos de Covid, depois de dois anos e felizmente com a doença em curva descendente, os especialistas advertem que sem a terceira dose, chamada dose-reforço, a população começa a ficar desprotegida da Covid-19. 

Os médicos enfatizam que mesmo com a redução de novos casos, a imunidade conferida pelos imunizantes tem duração menor se as doses-reforço forem abandonadas.  

Essa baixa adesão não só aumenta o risco de desenvolver formas graves da doença, como pode aumentar a circulação do vírus e abrir janelas para novas variantes. 

Chama atenção que estando disponível desde setembro de 2021, apenas 41% da população tenha aderido à dose-reforço. O baixo percentual é um risco incompreensível após 660 mil mortes. 

Vale ressalvar, ainda, que os desfiles das escolas de samba realizados semana passada, inevitavelmente, provocaram aglomeração e descuidos. Caso interfiram na curva descendente da doença, os registros aparecerão nos próximos dias.  

Por outro lado, como a cobertura vacinal com duas doses é substancial, acredita-se que esses eventos não farão recrudescer a doença. Torçamos! 

Até o momento, 77% da população brasileira tomaram as duas doses ou dose única e estão totalmente imunizadas. Com pelo menos uma dose o Brasil vacinou 83% da população contra a Covid-19.  

A pandemia NÃO acabou 

A maior crise sanitária dos últimos 100 anos parece estar em irreversível queda, com sinais de que o vírus poderá deixar de circular no Brasil. Mas, ‘parece’. Não é certo. 

Felizmente não estamos mais contabilizando milhares de óbitos diários – o que é um alívio. Por outro lado, vidas perdidas são vidas perdias. Vejamos: 164 mortes dia 26 de abril. Dia 27, 224. Dia 28, 124 e na sexta, 29, 195 óbitos, com a curva voltando a apontar aumento nas mortes pelo coronavírus depois de 71 dias em estabilidade ou queda. Portanto, 707 vidas perdidas em três dias. 

Esperamos que não seja uma tendência, mas uma semana com aumentos elevados. Contudo, mais que suficiente para ligar os alertas.