Um grupo de moradores do distrito de Travessão, em Campos dos Goytacazes, fez uma manifestação nesta terça-feira (12) nas ruas locais contra a falta de médicos pediatras na Unidade Pré-Hospitalar. Com faixas e cartazes, eles se reuniram em frente à UPH e cobraram a volta do atendimento emergencial para crianças. Segundo os manifestantes, apenas há consultas ambulatoriais duas vezes por semana. Casos de emergência têm sido encaminhados para o HGG e Clínica da Criança. Alguns moradores alegam não ter condições de se deslocarem para a área urbana. Eles fizeram um abaixo-assinado pedindo regularização do atendimento pediátrico.
Um manifestante disse que o atendimento pediátrico duas vezes por semana na Unidade Pré-Hospitalar é insuficiente. “Para marcar consultas, o tempo de espera pode variar de 20 dias a dois meses para atendimento. Nos casos de emergência à noite, fica longe ir para Guarus buscar socorro”, disse sem se identificar.
De acordo com Maria Eduarda Sales, responsável por uma ONG que cuida de crianças deficientes em Travessão, até o fim do ano passado a pediatria da UPH estava funcionando normalmente.
“Este serviço sempre ajudou mães e pais com o atendimento pediátrico. O setor de pediatria da UPH está sem equipamentos. A direção disse que é para manutenção, mas fiquei sabendo que tudo está sendo levado para a Clínica da Criança, no HGG; e para a unidade próxima ao Hospital Plantadores de Cana. Essa concentração do serviço vai prejudicar quem mora distante. Nem todos conseguem pagar por transporte e chegar até a cidade para conseguir consulta. O ideal é ter pediatra na UPH todos os dias”, disse.
A mãe de uma criança que mora em Travessão preferiu não se identificar. Ela disse que, em casos de emergência, um clínico-geral faz o atendimento às crianças. “Percebi uma má-vontade do médico por não ser pediatra. E para ter uma consulta leva muito tempo”, comentou.
A manifestante Maria Eduarda Sales procurou a Secretaria de Saúde para falar da insatisfação dos moradores de Travessão sobre o serviço de pediatria. “Não consegui falar com o secretário. Fiz um protocolo na ouvidoria municipal e na ouvidoria federal. Precisamos que a Prefeitura ajude a comunidade com a normalização do serviço. Até o fim do ano passado, antes de criarem a Clínica da Criança, em Guarus e no Centro, as crianças da região conseguiam bom atendimento”, afirma.
Posicionamento da Secretaria de Saúde
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Campos. Por meio de nota foi informado:
“A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esclarece que a Unidade Pré-Hospitalar (UPH) de Travessão dispõe de serviço de pediatria ambulatorial de segunda a quinta-feira. Em caso de emergência, o paciente recebe o primeiro atendimento do pediatra que estiver no ambulatório ou do clínico geral. Havendo a necessidade, o paciente é deslocado pelo serviço de ambulância da UPH para a Clínica da Criança, o Hospital Geral de Guarus (HGG) ou para o Centro Pediátrico do Hospital Plantadores de Cana (HPC). Essas três unidades estão preparadas e estruturadas para receber a demanda de emergência do município.
Esclarecemos ainda que a informação de desmonte do serviço de pediatria da UPH não procede. A UPH não dispõe de pediatra 24 horas, pois existe uma carência, que não é exclusiva do município, desse profissional no mercado. Durante o período mais crítico da pandemia do novo coronavírus, médicos pediatras das Unidades Básicas de Saúde que foram fechadas passaram a fazer plantão na UPH para assistência ao público infantil, mas com a reabertura das UBS’s foram devolvidos ao local de trabalho de origem.
A Fundação Municipal de Saúde segue trabalhando para ampliar o quadro de pediatras disponíveis na rede própria, bem como estruturando o serviço de emergência pediátrica que já conta com a Clínica da Criança, HGG, que está passando por obra de reforma e ampliação de leitos, e Hospital Plantadores de Cana”, conclui.