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Ano letivo começa mês que vem com reforma do Ensino Médio

Além da Base Nacional Comum Curricular, que é obrigatória, cerca de 40% do que se aprende serão de escolha dos alunos

Geral
Por Thiago Gomes
24 de janeiro de 2022 - 0h01

Além de lidar com todos os impactos negativos causados pela pandemia da Covid-19 na Educação, estudantes e professores têm outro desafio pela frente já no início do ano letivo 2022: se adaptar às mudanças impostas pela Lei nº 13.415/2017, que instituiu uma reforma no modelo tradicional do Ensino Médio. A principal delas é que, além da Base Nacional Comum Curricular, alunos poderão escolher diferentes áreas de sua preferência para estudo. A novidade começa a ser implantada pelo 1º ano. Em 2023, se estenderá ao 2º e até 2024 inclui o 3º ano também. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, em Campos, 47 escolas públicas ofertam Ensino Médio e estão envolvidas no programa.

A reforma do ensino neste segmento ainda vai aumentar a carga horária total ao longo dos três anos, passando de 2.400 horas para 3 mil horas, que serão divididas da seguinte forma: 1.800 horas para as disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular e outras 1.200 horas para os chamados itinerários formativos. No entanto, as escolas não são obrigadas a oferecer aos alunos todas as cinco áreas, mas precisam oferecer ao menos um dos itinerários formativos, que são: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e sociais aplicadas; além de Formação Técnica e Profissional.

Ana Beatriz Machado

A diretora Pedagógica do Colégio Alpha, Ana Beatriz Machado, destaca a responsabilidade que recai sobre o aluno, já que 40% do conteúdo a ser ensinado em sala de aula serão de escolha dos próprios alunos.

“Os itinerários formativos são parte do currículo que vão aprofundar as áreas de conhecimento do interesse do aluno e fazer com que ele se aproxime da realidade do mercado de trabalho com que mais tem afinidade. O antigo Ensino Médio é muito diferente do novo porque, no tradicional, são estudadas as quatro grandes áreas de conhecimento (Ciências da Natureza, Linguagens, Humanas e Matemática) organizadas em disciplinas. Já a nova legislação faz com que o aluno, além de estudar essas grandes áreas, propõe que possa escolher uma dessas áreas para aprofundar esses estudos. Exemplo: digamos que o estudante queira fazer Medicina ou Odontologia. Ele vai fazer o Ensino Médio, com a parte de Formação Geral Básica, mas, ao optar por um itinerário formativo para estudar, deve escolher o de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que é o que mais tem afinidades com a área da Saúde”, pontuou.

Ana Lúcia Viana, estudante

Mudanças aprovadas

A estudante Ana Lúcia Viana de Carvalho, de 15 anos, ingressa no Ensino Médio este ano e diz estar animada com as mudanças, já que, em sua análise, elas a prepararão melhor para os vestibulares e para o mercado de trabalho. “Apesar da surpresa no começo diante de tantas mudanças, eu acho que o Novo Ensino Médio vai nos ajudar muito na nossa vida acadêmica. Gostei bastante do fato de podermos escolher parte das disciplinas, pois assim vamos ter mais certeza se é daquela área realmente que gostamos e queremos seguir futuramente”, comenta.

E acrescenta: “Com o acréscimo dos itinerários, vamos ter mais tempo para nos aprofundarmos em cada área, facilitando a escolha de uma faculdade. O que me agradou muito foram os benefícios que teremos ao fazer o Enem, vestibular, entre outros processos seletivos, oferecidos pela Reforma. No primeiro momento, confesso que fiquei com um certo medo de não dar conta por sair da zona de conforto e encarar algo novo, mas agora sinto que vou sair do Ensino Médio totalmente preparada para o mercado de trabalho.”

Currículo

Sobre os diferentes impactos das alterações em escolas públicas e privadas e a possibilidade de aumento da desigualdade entre alunos destas duas realidades, a especialista Maria de Fátima da Costa Dias, que integra uma Equipe Pedagógica do Ensino Médio, opina: “Na teoria, isso não deve acontecer porque a Legislação é para todos. Os Estados têm autonomia para deliberar de acordo com as especificidades de sua região. Na prática, sabemos das discrepâncias econômicas que existem e o que as instituições públicas podem oferecer.

Maria de Fátima destaca, ainda, que cada escola tem liberdade de montar seu currículo alinhado à filosofia, contexto, realidade e histórico dos alunos.

Mudança também para professores

Se há mudança na forma de aprender, também muda a forma de ensinar. Para os professores são duas alterações. Uma delas acontece logo na hora da contratação, já que será levada em consideração a atuação dos profissionais com notório saber na área específica para ministrar os conteúdos de um determinado itinerário formativo. A outra alteração está no planejamento das aulas. Os docentes poderão planejar conteúdos que unem duas ou mais áreas do conhecimento para aulas de uma mesma disciplina.

Processo com muitas etapas

A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ) informa que o programa envolve muitas etapas e estratégias, dentre as quais o órgão destacou a mobilização da rede, a construção de plano de implementação do Novo Ensino Médio, a construção de novas matrizes curriculares, proposta curricular e a formação de professores. “Trata-se de uma mudança de cultura em escolas de todo o Brasil, o que vai requerer de todas as redes públicas esforço e engajamento para que de fato possamos oferecer aos estudantes uma escola que desenvolva integralmente o estudante”.