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Professora campista é indicada a premiação global

Lenitha Vasconcelos leciona em escola estadual, em Guarus, e concorre ao Prêmio Shell de Educação Científica

Campos
Por Gabriela Lessa
17 de janeiro de 2022 - 0h01
Professora Lenitha Vasconcelos lidera o grupo “Rio de Folhas” (Silvana Rust)

A professora campista da rede pública estadual de ensino, Lenitha Vasconcelos, concorre ao Prêmio Shell de Educação Científica (PSEC) NXplorers 2021, em nível global, na categoria Excelência em Facilitação, com resultado previsto para o dia 20 de janeiro. Ela leciona no Ciep Dr. Custódio Siqueira, no Parque Alvorada, em Guarus, onde desenvolveu um projeto com outros dois professores e oito alunos do ensino médio, que integram o time auto-intitulado “Rio de Folhas”. O grupo ficou entre os destaques com a proposta de alternativas para diminuir o desperdício de papel no ambiente escolar.

Esta é a segunda vez que uma docente de Campos concorre a esta premiação. Em 2020, Priscila de Freitas, que na época lecionava na Escola Municipal José do Patrocínio, na Penha, concorreu na categoria Ensino Fundamental, mas não chegou à final. O prêmio tem o objetivo de aguçar a curiosidade dos jovens para resolver problemas relacionados à sustentabilidade, que estejam presentes na vida desses jovens. “O Programa Shell de Educação Científica busca desenvolver o pensamento crítico e a criatividade para a resolução de problemas complexos, com foco em três principais temáticas: energia, água e alimento”, consta no detalhamento do programa divulgado pela Shell.

Segundo Lenitha Vasconcelos, a escola foi convidada pela Coordenadoria Regional de Educação a fazer parte do programa em 2021. “A partir do momento que estamos inscritos, já estamos concorrendo à premiação em nível estadual e a indicação em nível global. A sensação em fazer parte de algo assim é a de dever cumprido. O ano letivo não foi fácil e me vi em um grande desafio ao trabalhar com esse projeto no cenário em que vivíamos, em que muitos alunos estavam desmotivados. O grupo foi pequeno, mas não deixamos de observar o resgate pelo interesse das atividades”, conta.

O time “Rio Folhas” é composto pela Lenitha Vasconcelos, professora de Ciências da Natureza; Argeu Luiz Russo, professor de Ciências da Natureza e Matemática; Cineide Figueiredo, professora de Geografia e Sociologia; e pelos alunos Arthur Azevedo, Emily Mara Batista, Abigail Márcia Batista, Dandarah Freitas, Evelyn Ferreira, Marina de Souza, Mayara Vasconcelos, Maria Vitória Socorro.

Alunos ajudaram a reduzir o desperdício de papel no Ciep Dr. Custódio Siqueira, no Parque Alvorada

Sobre o projeto
De acordo Lenitha, os docentes receberam um curso de formação do Programa Shell, sobre como trabalhar com ferramentas para serem desenvolvidas com os alunos, que serviram de auxílio na idealização do projeto. “Primeiro a gente detectou um problema que nos incomodava, que foi o desperdício de papel no ambiente escolar. A partir de então, começamos a pensar quais impactos esse desperdício trazia, em todas as esferas, como meio ambiente, financeiro, exploração de recursos. E questionamos o que a gente poderia fazer para reduzir esse desperdício, de forma que valesse a pena e estivesse ao nosso alcance”, explica.

A escolha da abordagem do projeto surgiu após analisar o comportamento dos alunos na sala de aula, onde não é difícil encontrar a lixeira cheia de papel, conta Lenitha. “Ao visitar outros setores, os alunos perceberam que a escola tem um gasto considerável com papel e que, muitas vezes, uma folha impressa tem vida útil muito curta. Daí veio a questão: será que, muitas vezes, o documento solicitado não pode ser enviado virtualmente? Será que todo tipo de avaliação precisa ser no papel, de fato? Será que é necessário arrancar tantas folhas de um caderno? E o papel que foi utilizado, não poderia ser reutilizado? São questões que têm importância tanto financeira como ambiental”, diz.

Ao finalizar a pesquisa para o projeto, os alunos chegaram à conclusão de que o gasto excessivo de papel, assim como qualquer item, pode levar ao desperdício de recursos e sobrecarregar o planeta.

O aluno Arthur de Azevedo, de 17 anos, conta que o projeto fez com que ele pensasse diferente sobre muitas questões sustentáveis. “Todos nós do projeto aprendemos muito sobre o gasto exagerado do papel e da água. E percebemos como o mundo é tão prejudicado com isso. Nós estamos colocando em prática coisas simples, como não rasgar a folha de papel à toa e aproveitá-la bem; estamos separando as folhas para reciclagem. Antes, nós não usávamos as lixeiras corretas para papel, plástico, metais e vidros. Agora estamos usando corretamente”, fala.

O professor Argeu Russo compartilha sobre a gratificação em ver os alunos empenhados nesse projeto, que foi todo definido em conjunto. “Em cada atividade desenvolvida foi percebido o interesse dos alunos e suas motivações, sendo gratificante e pleno o desenrolar do projeto, ao ver os alunos inseridos e mudando a sua postura com relação ao uso do papel na escola e gerando mudanças de hábito no seu cotidiano”, conta.

Mudança através da Educação
Para Lenitha, a Educação é o melhor caminho – e o mais seguro – para mudar a realidade de muitas pessoas. “Nós, professores, apesar de sermos tão desvalorizados, sabemos do papel que temos na vida dos nossos alunos e não nos cabe desistir da nossa missão de educar para melhorar o mundo. Não tenho como descrever o quão gratificante é colocar um sorriso no rosto de um adolescente e um brilho no olhar, ao mostrar possibilidades, até então, desconhecidas. É isso que não permite que eu desista de lecionar”, finaliza.