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Um pré-candidato com tom diplomático

Mais que um deputado, Frederico Barbosa Lemos quer ser embaixador da região

Entrevista
Por Redação
16 de janeiro de 2022 - 0h01
(Foto: Silvana Rust)

Ele hoje é o “1º Cavalheiro” do Município de São Francisco de Itabapoana, que teve como primeiro prefeito seu pai, o comunicador Barbosa Lemos. Frederico Barbosa Lemos também foi prefeito da cidade, iniciando o mandato em 2012. Tem orgulho de, entre suas obras, destacar a pacificação da política do seu Município.

Empresário dos setores de comunicação e de turismo, Frederico acalentava o desejo de retornar à política – seu pai fora deputado estadual por duas vezes –, e decidiu bater o martelo depois das mortes dos deputados João Peixoto e Gil Vianna, ambas em decorrência da Covid-19.

Segundo ele, essas duas perdas deixaram a região órfã de representatividade. Com um vocabulário conciliador, Frederico quer ser uma espécie de embaixador do agronegócio da região junto ao Governo do Estado e ao empresariado, e lembra que esse segmento colocou São Francisco no mapa da economia fluminense.

Cacifado por uma trajetória política em São Francisco, Frederico, de 41 anos, já bem consolidado, vem conquistando um excelente capital político também em Campos, cidade onde nasceu, foi criado, tem muitos amigos e transita com desenvoltura em todo universo político. Assume o compromisso de representar toda a região e não apenas São Francisco e Campos.

Entusiasmado com o trabalho do governador Cláudio Castro, ele apoia sua reeleição e pretende fazer parte de sua base parlamentar na Assembleia Legislativa.

O que te levou a decidir sua pré-candidatura a deputado estadual?

Um conjunto de fatores que, se somados, vai resultar na percepção de que o Norte/Noroeste Fluminense precisa intensificar sua representatividade na Alerj. Existe um vácuo com perdas recentes desta representação. Você observa o cenário e seus atores e percebe isso claramente. No fundo, foi isso o que me motivou e me motiva. Percebo isso no meu entorno que não gira essencialmente só em São Francisco e em Campos, mas em todos os municípios da nossa vasta região.

Que tipo de perdas o senhor se refere?

Me refiro às perdas irreparáveis dos deputados estaduais João Peixoto e Gil Vianna, ambos vítimas da pandemia da Covid. Se estivessem vivos, com toda certeza não lançaria minha candidatura. Faço essa afirmação porque acompanhei o trabalho dos dois que, infelizmente, deixaram nosso convívio e esse espaço político. Foram duas perdas simultâneas que deixaram a região em uma situação precária no que se refere à chamada representatividade. Quero representar o coletivo, ter uma postura plural me espelhando muito nestas duas importantes figuras da política fluminense que nos deixaram.

Ocupar esse espaço então é a sua meta?

Sim. Vejo o meu município, São Francisco, onde meu pai foi o primeiro prefeito após a emancipação, onde eu fui prefeito e que hoje é governado por minha esposa, carente de representatividade, assim como uma grande parte da população de Campos, cidade onde eu nasci. Temos espaço para pelo menos mais dois deputados estaduais. Estou preparado e assumo essa responsabilidade. Mas repito que não foco apenas nesses dois municípios. Minha prioridade é toda região, tanto o Norte quanto o Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.

Muitos atribuem ao senhor a mudança do perfil político de São Francisco, que sempre foi polarizado. O senhor encara isso como um elogio?

Exato. Hoje em São Francisco não existe mais aquela disputa entre os Barbosas e os Cherenes devido à oportunidade que o município tem de poder eleger um deputado que mora na cidade. Apaziguamos a política em São Francisco e isso foi bom para todos. Lógico que haverá sempre uma disputa pelo espaço político, mas quebramos o retrovisor e amadurecemos. Esse sentimento cresce a cada dia no coração dos são-franciscanos, da união em torno de um projeto para a cidade, e não um projeto pessoal, pois nós nunca tivemos um deputado estadual que morasse e conhecesse de verdade os ansiosos do nosso município. Fizemos um trabalho no sentido de mostrar que estamos todos na mesma página escrevendo a história do progresso que está por vir ao nosso município que já saiu daquela posição de ser o último da fila entre os municípios fluminenses.

Pode citar um exemplo disso?

Posso citar vários. Poucos sabem detalhadamente, mas em 2020 São Francisco alimentou grande parte da população fluminense com sua produção agrícola. Naquele ano nossa produção agrícola gerou R$ 303 milhões e o município está intensificando esse protagonismo no agronegócio. Em suma, quebramos o retrovisor e não olhamos mais para aquele passado, nem na política nem na economia. Sem o menor receio de errar, posso afirmar que São Francisco é um dos municípios fluminenses com maior potencial e capacidade de crescimento.

O senhor fez a imagem do retrovisor que é interessante. Estaria certo afirmar que o senhor foca hoje no agronegócio?

Perfeito. Embora tenhamos outras com um gigante potencial, como o turismo com 62 quilômetros de litoral, ou seja, praias, além de uma posição de logística estratégica. Mas falo em agronegócios porque essa não é só uma vocação de São Francisco, mas de Campos, São Fidélis, Italva e outros municípios. Quero ser uma espécie de embaixador do agronegócio do Note/Noroeste Fluminense junto ao empresariado nacional e ao Governo do Estado, que já percebeu essa vocação e sabe que esse é o caminho. Por outro lado, temos a expectativa de uma termelétrica em médio prazo e outros investimentos do setor privado que vão mudar ainda mais esse cenário. E temos que mudar o cenário de todos os municípios da região, principalmente no que se refere à economia e, sequencialmente, beneficiando todos os segmentos como a Saúde, Educação, qualificação, o ingresso ao mercado de trabalho, ou seja, termos a qualidade de vida que merecemos, pois temos um potencial imenso para isso.

Como o senhor se relaciona com o grupo político do governador Cláudio Castro?

Tenho uma profunda admiração pelo governador Cláudio Castro e pelo seu trabalho e acho que todos têm. Não tenho uma relação institucional com o governador. Essa pergunta é boa para esclarecer uma coisa: não tenho nem nunca tive e não terei nenhum cargo na administração da minha esposa que está no segundo mandato de prefeita de São Francisco. Sou apenas o que protocolarmente se chama de 1º Cavalheiro do município. Obviamente, como marido e ex-prefeito, conversamos muito e a acompanho sempre que posso. Coordenei as duas campanhas eleitorais vitoriosas da Francimara e dos vereadores eleitos com ela. Torço demais, me orgulho e aplaudo sempre a administração da Francimara. 

Mas como o senhor se coloca neste cenário como pré-candidato a deputado estadual e Cláudio Castro candidato à reeleição?

Ao lado dele pelo resultado do seu trabalho que tem sido admirado por todos, principalmente no interior. Ele compreende o Estado como um todo, e destaco aqui também o trabalho do seu secretário de Governo, Rodrigo Bacellar, e olha que ele será candidato à reeleição para deputado. Não o vejo como adversário, muito pelo contrário. Focando no Cláudio Castro, tenho externado minha admiração pelo resultado do seu trabalho em um momento difícil da política fluminense. Assumiu em condições adversas em todos os níveis e está equalizando os problemas do Estado em todas as áreas. Então, certamente vou caminhar ao seu lado.

Estrategicamente, seu universo eleitoral é compreendido entre São Francisco, Campos e São João da Barra.  Como é sua relação com o prefeito Wladimir?

Ótima. Somos amigos e admiro o trabalho que está fazendo em Campos. Sempre que possível conversamos sobre a região. Wladimir foi deputado federal e tem um olhar mais largo, uma observação regional. Ele compreende que os municípios no entorno de Campos têm que crescer juntos. E é exatamente essa a proposta do meu mandato, não somente o crescimento de São Francisco, mas de todos da Região Norte/Noroeste. A história nos ensina isso. Então como já disse, sempre que possível conversamos muito sobre os problemas da região e o que poderia ser feito para resolvê-los. Em resumo, temos uma relação fraterna e que certamente será intensificada.

Em determinado momento, o senhor citou a logística e a estratégica geografia de São Francisco. Pode pontuar?

Isso me faz levantar outra bandeira da minha pré-candidatura que é a conclusão da morosa e sonhada Ponte da Integração. Isso feito, São Francisco ficará em uma posição invejável, pois estaremos entre o Porto do Açu, em São João da Barra, e o Porto Central de Presidente Kennedy, no Espírito Santo. A linha férrea EFE-118 que vai ligar Vitória (ES) a Duque de Caxias (RJ) passará pelo município. Por isso, repito que o potencial é enorme e isso já foi percebido pelos investidores. Nosso vizinho, o Espírito Santo já percebeu isso. O turismo será potencializado, pois é uma das nossas grandes bandeiras, e repito: 62 km de um litoral maravilhoso. Verdadeiramente nosso turismo é uma usina sem chaminé. 

O senhor está com um discurso bem diplomático e regionalizado. É discurso de campanha?

Pode acreditar que não se trata de discurso e, sim, de uma posição. Quero ser um deputado que venha a representar nossa região. O homem é movido por desejos e freado por regras e leis. Meu desejo é trabalhar por São Francisco, Campos, SJB, São Fidélis e todos os municípios. Esse tom conciliador que tenho me remete a uma pergunta feita lá no início da entrevista, quando falamos da pacificação da política no meu município. Hoje tenho o apoio à nossa pré-candidatura de 12 dos 13 vereadores de São Francisco, entre eles Fauaze Cherene. Isso é a boa política e não apenas discurso. Não é salutar fazer política nem administrar em um ambiente tensionado. Me concentro muito nesta observação e faço dela um dos meus cartões de visita. Os direitos são difusos muitas vezes, mas são direitos. Temos que administrar de forma conciliatória tudo isso, buscando um denominador comum, caso contrário, a conta não fecha e temos que lembrar que quem paga essa conta é o povo.

Por qual partido o senhor virá?

No momento estou no Partido Social Democrata (PSD), mas estou conversando com o PL, o Solidariedade, União Brasil, entre outros partidos. Certamente será um alinhado com a continuidade do governador Cláudio Castro e de seu trabalho. Não teria sentido fazer algo diferente.

Tem sido orientado nesse sentido?

Principalmente pela minha consciência. Mas, como já disse, tenho conversado com pessoas muito experientes na política regional. Já me destaco e sempre me coloco como uma espécie de 2ª via, me referindo a esta carência e ausência de representatividade. E essa representação tem que ser abrangente. Acabei falando muito de Campos e de São Francisco. Campos, porque foi onde nasci e me criei; e São Francisco, que foi onde, creio, ter crescido politicamente. Contudo, minhas propostas vão muito além, são definitivamente regionais. É exatamente neste contexto que me incluo. Tenho estudado muito os pormenores dos grandes problemas regionais e como um parlamentar tem que agir para resolvê-los. Obviamente uma experiência administrativa, no campo do executivo, que eu tenho pelo fato de já ter sido prefeito, ajuda bastante. Você passa a ser mais realista focando em projetos que tenham chances reais de serem concretizados. Creio que esse seja um diferencial importante.

O senhor falou que as mortes dos deputados João Peixoto e Gil Vianna fizeram com que decidisse pela candidatura. Isso é um compromisso com os eleitores de ambos?

Exatamente isso. Os eleitores de João e de Gil ficaram órfãos de representatividade e existe uma gama enorme de eleitores de Campos, cidade onde eu nasci e me criei. Campos também é minha casa, e os que me conhecem sabem que falo de coração. Os que ainda não me conhecem vão perceber isso no curso de nosso projeto. Repito que não seria candidato se não houvesse esse vácuo de representatividade. Foi uma decisão muito bem madura, estudada e por demais incentivada por muitos amigos, amigas e minha família. Conversei muito com meu pai, que foi deputado estadual por duas legislaturas seguidas, e com a minha esposa e prefeita Francimara, que tem sido um exemplo de humildade e competência como gestora. Conversei também com outros atores influentes na política regional. Converso com todos sobre tudo, e isso aprendi com João Peixoto, do qual sempre fui eleitor, e com Gil. Então, não é uma pré-candidatura sem base ou aventureira. Nossa pré-candidatura se apresenta de forma consistente e verdadeira. O político que não se preocupa em cuidar da vida das pessoas não merece fazer parte da política.