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Campos mais limpa

Avesso a entrevistas, secretário falou ao Jornal terceira Via sobre planos para a pasta em 2022

Entrevista
Por Redação
10 de janeiro de 2022 - 5h01
(Foto: Silvana Rust)

Eleito vereador pelo Partido Social Democrático (PSD) na última eleição, em Campos, Frederico de Mattos Rangel ocupa, hoje, o cargo de secretário municipal de Serviços Públicos, um órgão majoritário que abrange outras quatro subsecretarias: a de Iluminação Pública, a de Posturas, a de Meio Ambiente e a de Limpeza, Parques e Jardins no maior município do interior do Estado do Rio de Janeiro. Tamanha responsabilidade lhe foi conferida pelo prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, ao também assumir seu primeiro mandato em janeiro de 2021. Neste primeiro mês do segundo ano de trabalho, Frederico Rangel conversou com a equipe do Jornal Terceira Via e detalhou a execução dos projetos ao longo de 2021, a continuidade dos trabalhos em 2022 e os desafios futuros.

Filho do ex-vereador e ex-secretário municipal de Serviços Públicos, o veterano Jorge Rangel, Frederico acumula a referência, experiência e o prestígio do pai na cidade. Foram estes atributos que, segundo Frederico, o ajudaram a ser eleito para a Câmara Municipal de Campos. “Sou avesso a entrevistas e esta é a segunda que concedo em todo este tempo. Mas acredito ser algo útil para informar à população do trabalho que estamos executando”, disse Frederico. A entrevista foi acompanhada pelo pai dele, autor de uma lei municipal sobre políticas de resíduos sólidos implementada no município na década passada, seguindo uma lei nacional. A conversa foi norteada pela execução do trabalho de Frederico em recuperar e criar novos entulhódromos em Campos, espaços destinados a entrega de entulhos e galhadas pela população gerando, assim, uma cidade mais limpa e organizada.

Como aconteceu sua nomeação à secretaria de Serviços Públicos depois de ter sido eleito vereador?
Foi um convite do prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, ainda na transição de governo com a gestão anterior. Eu disputei a eleição para vereador pelo PSD, mesmo partido do prefeito e, a convite dele, recebi apoio de colaboradores capitaneados pelo meu pai, o ex-vereador Jorge Rangel. Desta forma fui eleito, conquistando o mandato. Ainda na transição de governo, Wladimir me fez o convite para assumir esta pasta tão importante que une toda a manutenção da cidade: limpeza, iluminação, poda de árvores e posturas. Tudo isto para ajudar a controlar e a inibir ações indesejadas da população em pontos considerados críticos da cidade. Resolvi assumir este desafio.

Fale um pouco sobre a divisão organizacional nesta pasta tão abrangente que resulta em trabalhos essenciais para a comunidade.
São três subsecretarias encampadas, vamos dizer assim, na secretaria mãe, que é a de Serviços Públicos, que possui determinação direta na iluminação pública da cidade, na limpeza, na poda de árvores. Ou seja, em toda manutenção da cidade. A Subsecretaria de Posturas também é nossa atribuição cuidar, mas ela caminha bastante sozinha porque possui outras ações que quase não nos dizem respeito, como a fiscalização de ambulantes, por exemplo. Posturas é muito bem gerida pelo subtenente Jackson da Polícia Militar e tudo caminha perfeitamente harmônico, assim como as outras subsecretarias gerenciadas por nós. Estamos encarando este desafio porque juntar iluminação e limpeza pública não é tarefa fácil. Temos um município extenso com mais de 4 mil quilômetros quadrados de área e cerca de 130 quilômetros de extensão se considerarmos um extremo a outro de Campos.

Como o Sr. encontrou a secretaria ao assumir em janeiro de 2021?
Resumidamente falando, quero destacar o contrato com a concessionária Vital. Esta empresa atua no município desde 2005, mas em um novo formato desde 2008. Encontramos a Vital, que atende na limpeza da cidade, totalmente sucateada no seu contrato, que é flexível e pode ser reduzido ou ampliado, dependendo dos serviços que agrega. De acordo com a execução dos trabalhos, paga-se determinado valor. Na gestão passada, infelizmente, por conta de vários motivos, foram feitos sete aditivos, seja para aumentar ou diminuir o valor nos últimos 18 meses, uma verdadeira roda gigante contratual. Não se deu para manter um padrão e isso nos causou impacto ao assumir a secretaria. Encontramos, também, uma equipe única com cerca de 30 homens para capina e varrição, quantidade que mal dava para cuidar da área central. Na coleta de lixo nunca houve problema, senão teríamos encontrado um caos muito maior. Percebemos que o governo passado focou na coleta de lixo e reduziu a limpeza geral na cidade, como a capina e a varrição, que foram muito reduzidas.

E como está hoje a secretaria e o seu principal contrato, com a Vital?
Logo no primeiro momento aumentamos para cerca de 70 homens, formatando três equipes de 20 a 22 pessoas e conseguimos consolidar a área central. Isto, sem aditivos, só numa conversa inicial com a empresa e com os trabalhadores. Também foi preciso dobrar os equipamentos que são fundamentais para a realização dos serviços. O prefeito, então, teve a ideia de focar na revitalização dos P.E.V.Es que é uma sigla que significa Pontos de Entrega Voluntária de Entulhos.

Como está, hoje, o funcionamento dos P.E.V.Es? A população está aderindo à destinação correta dos entulhos?
Primeiro fizemos uma campanha para popularizar este nome e o traduzimos para entulhódromos. Saímos do nome técnico para o nome popular e isto facilitou o entendimento da população. Depois nós revitalizamos e inauguramos duas unidades. A primeira foi no bairro Santa Rita, atrás do Hospital Geral de Guarus (HGG) e a segunda foi na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Parque Aurora, que acabou virando o símbolo dos P.E.V.Es revitalizados. Essa unidade foi alvo de polêmica, que gerou uma ação civil pública de iniciativa do Ministério Público. Depois entregamos a da Avenida Zuza Mota, em Guarus, e uma no prolongamento da Avenida Saldanha Marinho, no Flamboyant. As unidades abrangem um conglomerado de bairros e atende cerca de 40 mil pessoas. Graças ao trabalho de limpeza e conscientização sobre os pontos críticos, que são locais em que as pessoas costumavam jogar os entulhos por conta própria, além da campanha dos entulhódromos, estamos, sim, tendo uma grande adesão por parte da população e dos carroceiros. É importante frisar que esses entulhódromos são para descartes de pequenos resíduos e não para grandes volumes como, por exemplo, costumam descartar as construtoras. Neste caso, o descarte correto é no aterro controlado da Codin.

Do que se trata esta ação civil pública instaurada pelo Ministério Público que o Sr. citou há pouco?
Trata-se de um inquérito instaurado na gestão passada para apurar a responsabilidade do Município de Campos sobre a gerência do entulhódromo do Parque Aurora porque ele ficou abandonado e, com isso, a população continuou descartando lixo. Como não havia manutenção e ordem, imperava a presença de animais, mau cheiro e outros incômodos à população. Assim que a nova gestão assumiu, fomos comunicados sobre a ação, nos comprometemos com o Ministério Público em resolver a questão. Resolvemos de fato e, hoje, a ação encontra-se arquivada. Foi arquivada, inclusive, pelo saudoso promotor Marcelo Lessa.

O Sr. Pode detalhar mais o funcionamento dos entulhódromos?
Sim. Quando falamos em entulhódromos falamos em disciplinar o ponto crítico, só que não temos como fazer entulhódromo em todo ponto crítico, pois, para ter entulhódromo, temos que dar suporte, inclusive para fazer a retirada do material entregue pela população e destinar para o aterro controlado da Codin. Ou seja, é necessária uma rotatividade, pois o entulhódromo é o local de descarte provisório, para abreviar a ida da população ou do carroceiro à Codin. Os espaços são padronizados com 1.500 metros quadrados e, assim, a gente consegue fazer a disciplina do ponto crítico. Funciona assim: vamos ao ponto crítico, fazemos a limpeza, colocamos placadas educativas informando sobre a proibição de jogar lixo e instalamos outras placas informando o local correto para o descarte. Estamos também organizando uma campanha para distribuição de panfletos informativos sobre o assunto. Os entulhódromos funcionam de segunda a segunda, das 7h às 19h, que acreditamos ser suficiente para atender a demanda.

Como surgem os pontos críticos?
A partir de uma falta de condições das pessoas fazerem o descarte correto. Muita gente não sabe que a partir da lei nacional para políticas de resíduos sólidos que foi trazida, municipalizada e adaptada para Campos pelo ex-vereador Jorge Rangel, torna-se obrigatório àquele que produz e gera o lixo dar a destinação final. Como a nossa destinação final é no aterro controlado da Codin, não podemos, em tese, exigir que a população faça esse trajeto. O entulhódromo vem para abreviar este caminho. E o ponto crítico surge dessa situação associada ao crescimento da população. Hoje, Campos tem cerca de 600 mil habitantes, entre população fixa e flutuante.

Quais são os desafios que o Sr. tem para o decorrer do mandato?
Implantar mais cinco entulhódromos. Uma nova unidade está sendo organizada no Parque Julião Nogueira para atender também aos moradores de Nova Brasília, Pecuária, Parque Corrientes. O espaço foi cercado, falta fazer a terraplanagem e construir um pequeno espaço para abrigar o material reciclável que também recebemos e destinamos às cooperativas. A obra do Julião Nogueira está de 50% a 60% concluída. Os outros desafios são construir três novos P.E.V.Es, em Ururaí, Goytacazes e Travessão.

O Sr. acredita que a criação destes entulhódromos resolve o problema estrutural da sujeira da cidade?
Ameniza o problema. Resolver, só quando conseguirmos a consciência plena da população de que o lixo precisa ser descartado corretamente. Às vezes, temos uma população que quer fazer o descarte correto, mas, muitas vezes, dentro da própria casa não tem condições mínimas de limpeza e higiene… imagina dar o destino correto aos entulhos? Vamos em busca desta transformação, mas não é tarefa para curto prazo.