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Wladimir anuncia novos projetos e analisa os que não avançaram

Prefeito fala sobre falhas no transporte, obras paradas e previstas para 2022, Educação Conectada, Mercado, Cartão Goitacá e Restaurante em Guarus

Política
Por Clícia Cruz
9 de janeiro de 2022 - 0h01
Wladimir entre prós e contras (Fotos: Silvana Rust)

Problemas com transporte público, servidores com salários atrasados, hospitais à beira do colapso, ruas e estradas rurais esburacadas, Educação sem nota no IDEB e previsão de arrecadação abaixo do suficiente para 2020. Isso sem falar na pandemia de Covid-19. O cenário não era nada animador quando Wladimir Garotinho (PSD) assumiu a Prefeitura de Campos. Passado o primeiro ano de governo, o prefeito faz um balanço dos 365 dias iniciais do seu mandato, analisa os pontos fortes, cita dificuldades e faz uma previsão otimista para o futuro próximo.

Transporte público | Constantes problemas e queixas

Vamos começar falando da área que mais tem gerado reclamações nas últimas semanas, o transporte. Qual é o planejamento para melhoria no serviço de transporte público?

O transporte público no Brasil faliu. Quando eu era deputado, nós aprovamos na Câmara um socorro emergencial de R$ 4 ou 5 bilhões para o transporte no Brasil, mas Bolsonaro vetou. Os custos também aumentaram muito. Subiu 70% o preço do óleo diesel esse ano. As despesas são todas dolarizadas, pneus, peças. É uma conta difícil de fechar e Campos tem um agravante, que é a extensão territorial. Não tem solução fácil. Nós estamos cumprindo uma decisão judicial que manda retirar vans de circulação, mas as empresas de ônibus precisam cobrir as linhas e algumas empresas não estão cumprindo, principalmente a Rogil. A Câmara Municipal tomou uma decisão inédita, convocando as empresas de ônibus a prestar contas da qualidade dos serviços nos últimos cinco anos. Se não prestarem contas, ou se a prestação não for satisfatória, a Câmara me recomenda a cassação da concessão deles e aí eu tenho que fazer um novo processo de concessão, o que talvez seja o ideal.

Duas obras pedidas pela população são a abertura de uma rua atrás do Shopping Boulevard, e a duplicação do trecho final da Avenida Presidente Kennedy. O senhor chegou a falar publicamente sobre elas, mas ainda não estão concluídas. Tem algum planejamento para essas obras?

A Presidente Kennedy é parte da BR-356. Já pedi ao DNIT que faça a duplicação do trecho final da rodovia. É uma obra que eu não posso fazer, por ser uma BR, mas já fiz a solicitação. O acesso atrás do Shopping já foi feito. Já abri uma rua ali atrás, só falta asfaltar. Mas o caminho existe e já está sendo utilizado.

Com relação às parcerias com o Governo do Estado e com o Governo Federal, esta segunda por meio de deputados. Como seria, hoje, governar sem essas parcerias?

Impossível! Por exemplo: existia uma determinação do Tribunal de Contas que impedia o pagamento de salários de servidor com recursos dos royalties. Isso já a partir de janeiro de 2021. Se não entro em um acordo com o Tribunal, de fazer isso escalonado, não pagaria a folha, porque hoje a receita própria do Município não cobre. Só consegui pagar aos servidores durante os oito meses anteriores ao acordo porque o governador me ajudou. Hoje, que eu fiz acordo, estou em paz. Não vou ter problema durante os quatro anos.

Outra parceria importante foi a reabertura das vilas olímpicas. Elas estão funcionando sem R$ 1 do governo municipal, só com recursos federais. Nossa articulação com ministros que conheci enquanto estava em Brasília, e a articulação de vários deputados, mas principalmente, da minha irmã, Clarissa, que vem lutando por nós em Brasília, vão garantir, por exemplo, R$ 10 milhões para reforma do Hospital Ferreira Machado. Vamos ter um pronto socorro novo e moderno.

Outra novidade é a abertura, ainda este ano, de um condomínio industrial próximo à localidade de Travessão. O Estado havia solicitado uma área que possa abrigar empresas que vêm para a cidade por causa da proximidade com o Porto do Açu. Aí, primeiro procuramos uma área na Baixada Campista, mas lá precisaria desapropriar e no momento a Prefeitura não tem condições para isso. Então, encontramos uma área apropriada próximo à BR-101, perto de Travessão.

O programa de transferência de renda Cartão Goitacá foi aprovado pela Câmara. Como ele vai funcionar?

O cadastramento já começou, está sendo feito exclusivamente por assistentes sociais concursados e o primeiro pagamento já deve acontecer no final de janeiro. O trabalho está ocorrendo de forma tranquila, porque todos os usuários que têm direito ao programa são inscritos no CAD Único do Governo Federal. Quando a gente inclui R$ 200 na renda familiar, automaticamente a gente tira a pessoa da linha da extrema pobreza e hoje Campos tem 25 mil famílias vivendo na extrema pobreza. A gente vai começar com cinco mil famílias, mas a intenção é aumentar ao longo dos anos.

Outra boa notícia é a abertura do Restaurante do Povo, em Guarus, a Prefeitura já disponibilizou o galpão, vai arcar com os prestadores de serviço e o Estado entra com a alimentação. Vão ser oferecidas 1,5 mil refeições por dia.

Mais um programa social que terá início em janeiro é o Mãe Coruja, que vai atender gestantes em situação de vulnerabilidade social com enxoval de bebê, mochila térmica e banheira. O primeiro grupo, com mais de 200 mães, já vai receber os kits no fim do mês.

E a Educação? Após praticamente dois anos sem aulas presenciais, os pais de alunos da rede municipal podem ficar tranquilos com relação à qualidade do ensino?

Não podemos esquecer que Campos nem nota no IDEB tem, o que foi um fator que dificultou para que nós pudéssemos nortear o trabalho, porque, sem conhecer suas deficiências é mais complicado evoluir. Mas nós escolhemos um secretário que é uma pessoa extremamente competente. Marcelo Feres é professor do IFF, já foi secretário nacional de Educação, foi o responsável por implantar o Pronatec no Brasil inteiro. O projeto educacional que ele já começou a desenvolver vai dar bons frutos. Nós teremos aulas 100% presenciais a partir de fevereiro. Nós já começamos a manutenção das 240 escolas, porque, sem isso, é impossível. E nós vamos equipar toda a rede.

A inovação é o sistema de Educação Conectada. Estamos contratando laboratório de robótica, comprando Chromebook para todos os profissionais da Educação, porque a Educação está cada vez mais conectada. Esse projeto vai ser apresentado ainda no início do ano.

As obras do programa Bairro Legal enfrentaram dificuldades no Tribunal de Contas. Como está o andamento desse processo?

Das cinco obras cujos termos de compromisso com o Estado já assinei, uma está em licitação, que é o Parque Saraiva. Três licitações o Tribunal de Contas impugnou e pediu explicações. A gente já respondeu e estamos aguardando agora o Tribunal dizer pra gente qual vai ser a data da licitação. A quinta obra é a da Vila dos Pescadores, no Farol. A licitação será em agora em janeiro. Essas são as primeiras cinco acordadas, mas tem outras que eu já encaminhei. No total, a Prefeitura de Campos encaminhou R$ 700 milhões em obras para o Estado. Isso sem falar em obras que o próprio Estado vai fazer, como o acesso ao Porto do Açu.

Parque Ecológico | Área já está desapropriada na Arthur Bernardes

O município é carente em áreas verdes e parques públicos. O senhor tem algum projeto nessa área?

Sim, nós temos o projeto de um parque ecológico urbano, desenvolvido pelo IseCensa, que vai ficar em uma área na Arthur Bernardes, desapropriada ainda por Arnaldo Vianna, em um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que previa a obrigatoriedade de criação de um parque ali, já que uma grande área estava sendo desmatada. O parque tem que ter 100 mil metros de mata atlântica. Já solicitei as mudas ao Porto do Açu, que eles têm na reserva Caruara, e eles ficaram de dar uma resposta no início do ano.

HGG | Com apoio de Cláudio Castro, obras foram retomadas

O que o senhor considera até agora a grande realização do seu governo?

O HGG! Acabar com a lotação dos corredores do hospital e realizar essa obra de reestruturação. As obras estão acontecendo até as 22h e a primeira etapa deve inclusive ser entregue antes do prazo. Já no Ferreira Machado, havia varandas muito extensas. Derrubamos as paredes e ampliamos as enfermarias, que passaram a comportar mais pessoas. O responsável por esse trabalho foi o meu vice, Frederico Paes, junto com o Dr. Arthur Borges, diretor da unidade. Tanto as intervenções no HGG quanto no HFM eram promessas feitas na nossa campanha.

Falando um pouco da questão política. Você estava no meio de um mandato de deputado federal. Pensou em não ser candidato a prefeito em 2020?

Eu não queria ser candidato porque eu estava num bom momento político, num bom momento pessoal e quase ninguém queria que eu fosse. As pessoas falavam que eu ia me queimar, que eu ia acabar com a minha carreira, que a cidade estava falida. O único que apoiou a candidatura foi o meu pai. Ele falava para mim que para tudo tem uma saída, que tudo tem jeito, que eu podia me candidatar, que trabalhando, as soluções iam aparecer.

Na pré-campanha, o senhor chegou a procurar adversários políticos para tentar uma composição?

Eu procurei o deputado Rodrigo Bacellar e também procurei Caio Viana pensando em fazer uma composição. Minha ideia era indicar o candidato a prefeito e que eles indicassem o candidato a vice. Mas com Rodrigo, ele ficou de dar uma resposta e logo em seguida lançou Dr. Bruno Calil. Já com Caio, a conversa não evoluiu, porque, além dele não morar em Campos, o tipo de conversa que ele tinha comigo não era o tipo de conversa que eu gostaria para a cidade.

Ainda com relação ao deputado Rodrigo, posteriormente à eleição, tentei manter uma relação política com ele porque nós somos adversários eleitorais, mas para o município seria importante o prefeito e o secretário de governo terem entendimento político. Mas após o ataque pessoal dele à minha esposa, quando ele, em uma fala machista, disse que eu temia que minha esposa fosse deputada porque em Brasília ela poderia me trair, rompi qualquer relação com ele e informei ao governador que se a relação da Prefeitura de Campos com o Estado dependesse de passar pelo deputado, que então não haveria relação. E o governador entendeu que o que aconteceu ultrapassava os limites. Minha relação é direto com o governador. Ontem nos falamos três vezes por telefone e eu sou muito grato a ele por cumprir tudo o que promete a Campos.

O senhor começou o ano com 24 vereadores na base governista, hoje tem 15. A que o senhor atribui essa debandada?

Eu disse aos vereadores que dentro do possível eles teriam um executivo parceiro, dentro do impossível a gente vai ter que ir pra um embate. Quem quiser ficar com a cidade, fica, porque eu não vim aqui para passear. Tinha vereador que tinha 400 RPAs na Prefeitura. Isso acabou. Tem indicação de vereador no governo? Óbvio, mas ninguém tem essa quantidade absurda e também não deixo ninguém não trabalhar. Quem entender que o momento é de apertar o cinto, vai ficar. Tenho na minha base dois vereadores que apoiam Rodrigo Bacelar, mas que entenderam o momento e decidiram ficar.

O que o senhor considera hoje o ponto vulnerável do governo?
Transporte público, pelos motivos que falamos antes.

Quando o senhor tomou posse, acreditava que, um ano depois, estaria fazendo um balanço positivo?

Vou te confessar. No dia 31 de dezembro de 2020 eu estava em casa chorando, com medo de não dar conta. Mas eu tinha fé.

Qual o legado que o governo Wladimir vai deixar para Campos?

O primeiro legado que eu quero deixar é o trabalho, mas de obras palpáveis. Quero deixar o Parque Ecológico Urbano e a restauração do Mercado Municipal. No Mercado há entraves com o Patrimônio Histórico e com o Ministério Público, que diz pra gente que para fazer a restauração precisa retirar dali a Feira Livre. Não é uma situação simples de se resolver, até porque, jamais vou fazer nada contra o trabalhador que está ali. Então, a gente precisa chegar em um meio-termo. No momento adequado vou chamar todos à mesa, inclusive representantes dos feirantes, para que a gente consiga encontrar uma maneira de reestruturar esse símbolo da cidade, que é lindo, transformando em um ponto turístico.