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Retomada da economia anima empresários

Setores do comércio e serviços otimistas

Campos
Por Gabriela Lessa
20 de dezembro de 2021 - 0h01
Centro de Campos dos Goytacazes (Foto: Carlos Grevi)

Com a chegada das festas de fim de ano e o cenário da pandemia mais flexível do que o ano anterior, a retomada das atividades econômicas já é uma realidade para Campos dos Goytacazes. As entidades representativas de classe ligadas à indústria e comércio estão otimistas e dizem que muitos segmentos entraram em fase de recuperação. No entanto, o economista Alexandre Delvaux é mais cauteloso quando o assunto é o futuro da economia local. Em sua análise, há um grande prejuízo a se recuperar e vários setores ainda não apresentam fôlego para tanto, pois permanecem frágeis.  

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL), José Francisco Rodrigues, já é possível falar em pós-pandemia, mesmo que ainda exista a necessidade de manter os cuidados com a Covid-19. “O comércio foi o segmento que mais sofreu, mas também o que mais se reinventou neste período de pandemia. Então, é natural que seja um dos primeiros setores a se recuperar e a expectativa de vendas de Natal é excelente. Em uma visão macro, vendo empresas de fora chegando, posso afirmar que Campos continua sendo um mercado consumidor forte e isso é o que faz girar a economia”, diz.  

Boulevard Shopping em Campos (Foto: Carlos Grevi)

Segundo dados da CDL, estima-se que as vendas de Natal aumentem 20%, em média, mas alguns segmentos podem alcançar crescimento de até 40% em relação ao ano passado, como vestuário e eletrodomésticos. “Pode ter certeza que esse ano será totalmente diferente. A cidade está alegre, está enfeitada. Os lojistas estão entusiasmados, os consumidores ávidos para presentear”, fala José Francisco Rodrigues.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC), Leonardo Castro tem a mesma opinião. Ele diz que 2021 foi um ano de incertezas, com a economia buscando retornar ao patamar anterior à pandemia, mas que o segundo semestre registrou um pequeno crescimento. “O mundo entrou em recessão, com maior demanda e menor oferta. Os principais países com inflação alta e o Brasil não ficou de fora. Agora, olhando para nossa cidade, hoje, vivemos um momento de expectativas, em que grandes empresas estão se instalando no município, então a expectativa é positiva. Em contrapartida, o poder público tem que fazer sua parte para atrair os investidores”, fala.

Já o economista Alexandre Delvaux ainda se diz preocupado, pois não tem observado grandes mudanças neste cenário. “Isso significa que a retomada – ou a volta à normalidade – me parece bastante tímida, a julgar pelo movimento nas ruas. Há um déficit, um grande prejuízo a recuperar, em diversos setores, especialmente no comércio. Segmentos como restaurantes, lazer, varejo em geral, não apresentam, aparentemente, fôlego para uma forte retomada. Isso é reflexo da recuperação lenta, de uma economia frágil, dependente dos gastos públicos”, analisa.  

Segundo a Prefeitura de Campos, movimentos importantes têm sido realizados para a retomada da economia e há um alcance positivo nos resultados. “Este ano, Campos vem liderando na região a abertura de novas empresas e, atualmente, ocupa lugar de destaque no ranking do Estado, de acordo com a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja). O município ganhou, de janeiro até o início de dezembro, 5.106 novos Microempreendedores Individuais (MEI), registrados no Espaço do Empreendedor”.

Setores se reestruturando

Paulo Lysandro | Otimismo

Em abril deste ano, uma reportagem do Jornal Terceira Via trouxe a realidade de empresários que viram os seus empreendimentos enfraquecerem desde o início da pandemia do novo coronavírus. Um dos personagens na época, Paulo Roberto Lysandro, contou que precisou fechar três das seis lojas que mantinha em Campos. Hoje, ele se diz mais otimista, já que houve uma melhora nas vendas. Contudo, ainda está inseguro para reabrir as unidades, e preferiu reestruturar as que se mantiveram abertas. O empresário está ansioso para as vendas de Natal, mas acredita que a economia só deve melhorar mesmo no segundo semestre do ano que vem.

“O ano de 2021 continuou sendo muito difícil, porque ainda sofremos os impactos de 2020, tendo que enxugar ao máximo as despesas, para enfrentar este ano. Mas vamos começar 2022 com muito gás, pensando positivo, porque se não, nem vale a pena sair de casa. Só que é importante ter cautela”, explica.

Shirlle Barroco | Retorno das festas

Donos de um salão de festas, Shirlle e João Barroco também viram as coisas melhorarem a partir do segundo semestre deste ano. Por isso, já se permitem fazer planos para 2022. “Este foi um ano de reflexão e espera, havendo uma pequena retomada a partir de julho, aumentando nossas expectativas gradativamente, principalmente quanto ao próximo ano. A demanda reprimida voltou a aquecer o mercado em todos os segmentos, inclusive festas e comemorações. Isso tem gerado maior confiança com a retomada econômica”, conta Shirlle.

Cláudio Anomal | Retomada

O proprietário de uma agência de turismo da cidade, Cláudio Anomal, acha que 2021 tem sido um ano animador, principalmente por estar inserido em um setor que ficou grande parte de 2020 paralisado, que é o ramo de viagens. “Esse ano nós já tivemos abertura de fronteiras, tivemos maior procura de passageiros e um volume de vendas muito maior. Principalmente porque a nossa agência tem um público muito fiel para turismo internacional”, pontua.

Ofertas de emprego

Em paralelo ao aumento das vendas e da procura por serviços, há a geração de empregos, que cresceu em Campos e região. De acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Campos foi a quarta cidade do Estado que mais abriu postos de trabalho, no acumulado de janeiro a outubro, com mais de 4,5 mil vagas.

De acordo com o órgão, em todo o estado, foram 19.703 postos de trabalho formais criados em outubro. “Com isso, o mercado de trabalho fluminense recuperou os empregos perdidos no início da pandemia de Covid-19. Entre março e agosto de 2020 foram extintos 198.649 postos de trabalho e, de setembro de 2020 a outubro de 2021, foram abertos 200.226”, detalha a Firjan em nota.

Segundo a Prefeitura de Campos, em 2020, o ano terminou com menos 1.295 postos de trabalho, em consequência da pandemia. “O crescimento na geração de empregos se manteve ao longo de janeiro a outubro deste ano, de acordo com dados do Caged. Em outubro, o destaque para a oferta de novas vagas foi nos setores de serviços, comércio e construção civil, que abriram, respectivamente, 147, 90 e 88 novos postos de trabalho.  Em 2020, esses mesmos setores foram os que mais demitiram. O único segmento que terminou 2020 com saldo positivo foi a indústria. No ano passado, foram 22.097 admissões e 23.392 demissões”, diz em nota.

Cuidados permanecem

Apesar das flexibilizações e do aumento do fluxo de pessoas causado pelas atividades retomadas, é necessário manter os cuidados com os protocolos de prevenção ao novo coronavírus, conforme explica o infectologista Telmo Garcia. “Com a evolução da vacinação, esperamos que, em larga escala, a população  ficará  cada vez menos vulnerável às complicações da Covid-19. Porém, isso não significa que podemos abandonar o que nos protegeu até agora do avanço desenfreado dessa doença. Hábitos como o uso de máscara, lavagem frequente das mãos, uso de álcool em gel e distanciamento social possuem extrema importância no controle dessa ainda incompreendida pandemia”, finaliza.