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Um artista campista

Na estrada há muitos anos, Pericles Emmanuel grava nos USA músicas de compositores da terra em uma super produção

Cultura
Por Redação
28 de novembro de 2021 - 0h03
Pericles Emmanuel em estúdio nos Estados Unidos (Fotos: Divulgação)

Ele é um demolidor de preconceitos: negro, gay, ateu, bailarino, um rapaz típico latino-americano sem dinheiro no banco, embora tenha sido criado cercado de livros e de professores. Hoje, com 56 anos, nascido em Campos, Pericles Emmanuel tinha tudo para não ir muito longe. Mas há 30 anos ele mora, e muito bem por sinal, fora do país. O CEP atual é na beira-mar da Califórnia, mas já rodopiou por outros lugares dos Estados Unidos e morou também no Japão.

O poeta Fernando Leite define Pericles Emmanuel como o campista distante mais perto da cultura local. E Leite vai mais longe: “ele saiu de Campos, mas Campos nunca saiu dele”.

Na apresentação acima, faltou dizer o principal: ele também é cantor e essa é a motivação da reportagem. Pericles está dando tratamento final ou seu primeiro CD e DVC em um refinado estúdio de gravação em Hollywood.
Poderia ser mais um disco na praça, mas o artista, que tem sua cidade natal grudada nele, optou por gravar músicas de compositores campistas, mesclando com clássicos da MPB.

Pericles com produtores americanos

O disco
O produtor Brasileiro também radicado na Califórnia, Eduardo Corso, se apaixonou pelos talentos de Pericles, fazendo uma proposta para ele gravar o seu primeiro álbum (EP) com sete músicas. Três são do jornalista Aloysio Balbi, (“Cena de Teatro”, “Cantiga Caipira” e “Reggae a Rigor”). Também vai gravar “Museu de Cera”, do saudoso músico e compositor Eros Lopes Raphael Júnior. Fazem parte do disco também as canções “Rapaz de bem”, de Jhony Alf, e “Madalena”, de Ivan Lins.

O álbum físico estará disponível no dia 10 de dezembro, e o CD será lançado oficialmente pela empresa de gravações do produtor Eduardo Corso no dia 20 de janeiro de 2022.

A história
Pericles, que começou a sua trajetória artística de forma mambembe, ou seja, amadora, estudou ginástica Olímpica no Sesc de Campos, pelas mãos da professora Dorinha Vianna, aos 13 anos de idade. Da ginástica para a dança foi um salto, primeiro no balé e logo em seguida iniciou seus estudos de sapateado com o Coreógrafo Amaury dos Reis Joviniano, responsável por direcionar Pericles ao mundo das artes. Nesta mesma época, Pericles também teve como mentor Amaury Joviniano e iniciou seus estudos na Escola de Danças Clássicas Mademoiselle Clélia Serrano. Em 1993, aos 27 anos, resolveu sair de Campos “sem família, amigos ou dinheiro.”

Migrou para uma cidade do interior da Bahia chamada Ipiaú. Não deu certo. Depois de alguns meses, o jovem parte para a cidade do Rio de Janeiro, onde aluga um quarto no Centro, e tenta participar das orquestras Valdir Calmon, Anos Dourados e Orquestra Continental, na estudantina Musical, na Praça Tiradentes, encarando as dificuldades para sobreviver, se alimentar e pagar o aluguel do quarto.

Em 1994, o artista passa em uma audição para trabalhar em Miami, nos Estados Unidos, mais precisamente no Scala Miami Four Embassadors Hotel. O espetáculo fechou as cortinas em apenas um ano e Pericles retorna ao seu cenário original: o Brasil. Voltou com a mesma roupa do corpo com a qual partiu.

Brasil e Japão
No Brasil fincou novamente bandeira no Rio de Janeiro e durante os anos 1995/96/97 trabalhou duro: ajudante de pedreiro, garçom, faxineiro e outros bicos, mas sempre mantendo o foco na dança e no potencial vocal. Em 1998 a sorte bateu à sua porta. Ele novamente passa em uma audição para uma temporada no Japão. Na cidade de Okaido, fazendo parte de um espetáculo em um hotel de luxo no topo das montanhas nipônicas chamado Jozenkey View e experimentou aplausos mais fortes. Pericles volta, desta vez capitalizado, ao Brasil, com dinheiro bastante para retornar aos USA. Parte para Miami e depois Las Vegas.

Em Vegas trabalhou como cantor e ator no musical Character hand balancer and contortionist, que percorreu diversos cassinos em 2013. Pericles parte para o sul dos USA, mais precisamente para Birmingham Alabama, onde teve a oportunidade de se apresentar com os melhores músicos, tendo se apresentado em Mississipi, New Orleans, Georgia, Fort Lauderdale, Tampa, entre outras. Em 2019 ele retorna ao estado da Califórnia, onde hoje mora, em Huntington Beach Califórnia, em uma ampla casa de U$ 1 milhão. O campista agora é conhecido como The Brazilian Jazz Singer Pericles Emmanuel. Conseguiu como poucos mesclar a música brasileira e o jazz raiz norte-americano.