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Não dá pra negar: simpatizantes prestigiaram atos pró-Bolsonaro

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
8 de setembro de 2021 - 18h10

Indo direto ao ponto, todo o temor que se criou nas últimas semanas em torno das manifestações do 7 de Setembro, felizmente não se confirmaram. O mundo não acabou, o Brasil não acabou e o Talibã não se mudou para cá. Não houve confrontos físicos ou vandalismo, o Supremo não foi invadido e, de concreto mesmo, só o blá-blá-blá de sempre, as ameaças já comuns ao cardápio do presidente e as preocupações – que também não são novidade – de Bolsonaro ter subido ainda mais  o tom. 

O que se deseja enfatizar é que a apreensão em torno 7 de Setembro desta semana transformou a data em mais falada, comentada e aguardada do que a de 1822. Ao final, contudo, foi só mais uma manifestação – cujas falas, é bem verdade, elevaram a tensão no País – mas, por ora, nada além de protestos pacíficos. 

Contudo, o que não da pra negar é que os apoiadores compareceram –  possivelmente em número abaixo do que o esperado – aos atos programados. Mas seja com este ou aquele percentual – neste ou naquele quantitativo – nas principais cidades brasileiras, inclusive Campos, os simpatizantes vieram às ruas às manifestações de apoio ao presidente. E sobre isso as imagens exibidas nos telejornais, sites e na imprensa não deixam dúvida.  

Quanto ao amanhã, são outros quinhentos. Se supostas consequências estão a caminho; se será ou não aberto impeachment; se Bolsonaro vai tentar um golpe; ou quaisquer outras ‘possibilidades’ (para não dizer especulações), não se cuida nesta matéria.  

Da mesma forma, não se trata aqui de juízo de valor – do certo ou errado, de quem está ou não com a razão – simplesmente porque este texto, de forma específica, se circunscreve única e exclusivamente aos atos do 7 de Setembro – e não ao que o motivou ou dos eventuais desdobramentos. 

Comparação – Em 1992, o então presidente Collor fez algo parecido, ao conclamar que o povo saísse às ruas trajando as cores verde e amarelo em apoio a seu governo. Mas, bem diferente do que se viu neste 7 de Setembro, o que colheu foi o luto nas ruas, as pessoas – estudantes em sua maioria, os “caras-pintadas” – com roupas pretas, em sinal de luto. Naquele gesto, Collor cavou seu próprio impeachment. 

Também é inevitável reconhecer (e, de novo, frisando, sem aferir juízo de valor) os atos contrários a Bolsonaro, de partidos de oposição e centrais sindicais, foram esvaziados, particularmente em Brasília, São Paulo, e Rio. 

Por outro lado… – A despeito do maior ou menor tamanho das manifestações pró-Bolsonaro, não há dúvida que o presidente mais uma vez avançou o sinal, fez ameaças incompatíveis com a democracia, radicalizou acima do que já vinha fazendo, proferiu ofensas e esticou ainda mais a corda que só não rompe – acredita-se – porque tanto o STF como o Congresso não sabem para onde iriam as Forças Armadas. E aí reside o “x” das questão. 

Entre as falas de Bolsonaro, o mais grave foi ter ‘avisado’ que não irá mais cumprir decisão do ministro Alexandre de Moraes – o que é crime.  

Porém, não custa lembrar, em 2016 o senador Renan Calheiros recusou duas vezes notificação do ministro Marco Aurélio, cuja decisão o afastava da presidência do Senado. E, ainda pior, após 48 horas, entregou documento ao oficial de Justiça informando a recusa em receber a notificação de afastamento. Enfim, descumpriu decisão de um ministro da Corte e ‘ficou por isso mesmo’.    

Instabilidade – Também fica evidenciado que mais partidos irão se unir para protocolar novos pedidos de impeachment; que o STF vai se posicionar ante aos fatos produzidos por Bolsonaro os quais, ao melhor estilo populista, está chegando ao limite e agitando perigosamente o País que, imprevisível projetar, poderá gerar consequências graves à democracia e à população. 

Já mencionado e ressalvando a dose de especulação, o posicionamento das Forças Armadas afigura-se como o fiel da balança em todo esse embrolho que tanto prejudica o Brasil e que desde 2015 se vê mergulhado em sucessivas manifestações e protestos, começando com “Fora Dilma-Fica-Dilma”, chegando a Lula, passando por Temer (“O Golpista”) e que agora segue os desatinos de Bolsonaro e as decisões polêmicas de ministros do STF.