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Setor de energia solar cresce no município como alternativa à crise

Com aumento constante das tarifas de energia elétrica convencional, o mercado de energia limpa está aquecido

Economia
Por Redação
5 de setembro de 2021 - 0h01
Procura por energia solar tem aumentado em Campos (Foto: divulgação)

Campos, que ostenta a proeza de ter sido a primeira cidade da América Latina a contar com energia elétrica e agora começa a se destacar na geração de energia solar. Mas está engatinhando ainda. Segundo o diretor da LCA Soluções e Energia, Vitor Alvarenga, ainda existe um espaço de 90% para o setor crescer, não somente em Campos, mas em todo o país. Atualmente, o Brasil atravessa a maior crise hídrica e energética dos últimos 91 anos, o que elevou, e muito, a conta de luz. Esse peso a mais no bolso do brasileiro fez aumentar a procura por fontes alternativas, entre elas, a solar.
“Estamos trazendo algo novo, com uma tecnologia evoluída. Ao mesmo tempo, o preço está se tornando viável. Existem fatores diversos que vão, em curto prazo, levar parte da população a optar pela energia solar”, garantiu Vitor Alvarenga.
Com ele concordam os diretores da Infinity Soluções – Energia Solar e Serviços Emergenciais –, os engenheiros Márcio Guitton e Igor Gomes, acrescentando outros indutores que vão conduzir milhares de pessoas a optarem pela energia solar.
“Temos que lembrar que, acima de tudo, é um investimento, pois valoriza o imóvel e a economia da tarifa de energia convencional pode chegar até a 95%. Basta ver hoje o preço da tarifa de energia cobrada pelas operadoras por conta da crise hídrica que tende a se repetir todos os anos”, disse Márcio Guitton.

Igor Gomes e Márcio Guitton, diretores da Infinity Soluções

Economia certa
Se alguém for aferir o grau de satisfação de empresas e pessoas físicas que estão utilizando a energia solar irá se deparar com um grau máximo. Na ponta do lápis essa satisfação está realmente na economia, aliada ao fato de que até a energia gerada pelo sistema que não venha a ser utilizada retorna na forma de desconto na conta da energia convencional.
O engenheiro Igor Gomes lembra que já passou pela Câmara dos Deputados o Marco Regulatório da Energia Solar, que agora seguirá para o Senado, onde igualmente deverá ser aprovado. O último estágio para o Marco Regulatório vigorar é a sanção do presidente Jair Bolsonaro, dada como certa.
“Isso é muito importante porque ainda existiam pessoas que achavam que poderiam surgir taxas extras. Mas isso não vai acontecer. Com essa certeza de que depois de instalado o sistema, a energia será gratuita, vai ocorrer um boom de instalações”, disse Igor Gomes.

Diretor da LCA Soluções e Energia, Vitor Alvarenga

A energia do planeta
Vitor Alvarenga da LCA acrescenta que a energia solar não provoca qualquer tipo de emissões e, por isso, está no topo da agenda das Conferências que discutem as mudanças climáticas.
“As pessoas vão percebendo aos poucos que estamos falando de uma energia extremamente simples e limpa e que está ficando mais eficiente e acessível a cada ano. Existem alternativas, mas a solar indiscutivelmente é a mais viável”, afirmou Vitor Alvarenga.
Ainda sobre a energia limpa, o professor Luiz Fernando Rosa Mendes, do IFF e Doutor em Ciências Naturais pela Uenf, lembra que o Brasil atingiu a marca histórica de produção de energia solar (setor já atraiu mais de R$ 57,7 bilhões em investimentos).
“Acredito que o fator econômico ainda é o propulsor para o aumento da produção de energia solar fotovoltaica no Brasil. Isso se deve em função da crise hidroenergética vivida a partir de 2013 e, consequentemente, aos sucessivos aumentos na tarifa de energia elétrica. Desta maneira, os consumidores passaram a enxergar a energia solar fotovoltaica como um investimento e uma alternativa viável para minimizar os custos com eletricidade”, disse o professor
O professor acrescenta que, no Brasil, o tempo de retorno para o investimento em um sistema solar fotovoltaico residencial varia entre três a cinco anos, tornando-o mais viável do que qualquer tipo de investimento financeiro de baixo risco, por exemplo. “Vale ressaltar que a vida útil média dos módulos fotovoltaicos é de cerca de 25 anos e a do inversor (equipamento utilizado para converter e injetar na rede elétrica a energia produzida pelos módulos) é cerca de 10 anos”, concluiu.

Financiamento
Com a expansão prevista e tudo sendo tratado como investimento, os bancos já estão abrindo linhas de crédito especial para a energia solar. Um dos bancos é o Santander, que tem linha de financiamento em até 91 parcelas. Vitor Alvarenga estimou que para uma residência de classe média com cinco cômodos será preciso um investimento que hoje varia entre R$ 23 mil a R$ 27 mil. Acrescentou que se o investimento for feito à vista, ele será recuperado com a economia em no máximo três anos.
Para facilitar as aquisições, atualmente há empresas instaladoras de sistemas fotovoltaicos que oferecem algumas possibilidades de parcelamento dos sistemas baseando-se no percentual de diminuição no valor da conta de energia elétrica a ser paga pelo cliente. Há também bancos públicos e privados que oferecem créditos para aquisição de tais sistemas.

Condomínios
O engenheiro Márcio Guitton admitiu que existe todo um processo de instalação do sistema, onde são observados vários fatores, como o sombreamento. Disse que em condomínios verticais, por exemplo, a decisão de adesão deve abranger todos os apartamentos, e que as placas que captam a luz solar teriam que ser instaladas no solo, nas partes comuns do condomínio, o que, inclusive, já foi feito em Campos.
“Trabalhamos com projetos residenciais, corporativos e industriais. Nossa empresa cuida de cada detalhe até chegar ao chamado startup, que é a finalização total, com tudo funcionando”, disse Márcio Guitton.

O sistema fotovoltaico
A energia solar fotovoltaica é a eletricidade gerada diretamente por placas solares que captam a luz do sol durante o dia e a transformam em energia elétrica por meio do efeito fotovoltaico. Sua produção é feita em grandes usinas solares ou em micros e miniprojetos instalados pelos próprios consumidores, no caso do uso doméstico.
Com o seu uso crescendo exponencialmente, a fonte caminha para se tornar a principal forma de geração elétrica mundial.

Como funciona
Agindo como um grande reator nuclear natural, o sol libera a cada instante pequenos pacotes de energia, chamados fótons, que percorrem aproximados 150 milhões de quilômetros, em cerca de 8,5 minutos, para chegar à Terra. A cada hora, a quantidade de fótons que atinge o planeta seria capaz de gerar energia suficiente para, teoricamente, satisfazer as necessidades energéticas globais por um ano inteiro.
No entanto, a porcentagem de participação da energia solar na geração elétrica mundial ainda é ínfima. Mas conforme a tecnologia vai evoluindo e seus custos vão reduzindo, a capacidade de aproveitar a abundância energética do sol vai aumentando.
Segundo os relatórios anuais da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) a energia solar se tornou a fonte de energia, renovável ou não, que mais cresce no mundo.

Passo a passo do uso doméstico
1 –  A luz solar atinge um painel solar no telhado. Os painéis convertem a energia em corrente contínua, que flui para um inversor.
2 – O inversor converte a eletricidade de Corrente Elétrica Contínua (CC) para Corrente Elétrica Alternada (CA) e, caso exista consumo no momento, ele irá enviá-la ao quadro de distribuição. Se não houver consumo, então, ele irá injetar essa energia na rede da distribuidora. Quando não houver geração, então, ele pega a energia da rede e envia para o quadro de distribuição.
3 – Através do sistema de compensação de energia elétrica, criado pela ANEEL em sua resolução normativa 482 de 2012, toda essa energia é apenas emprestada para distribuidora, a qual deve ressarcir o consumidor através de créditos energéticos.
4 – Esses créditos, que possuem validade de 5 anos, são então utilizados pelo consumidor para abater do que ele consumiu da rede.