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HOMENAGEM. Pastor Ebenézer fez história durante mais de 70 anos

Teólogo, escritor, educador, poliglota... Um dos maiores intelectuais do Brasil

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
9 de agosto de 2021 - 19h20

Este texto em homenagem ao doutor Ebenézer Soares Ferreira e sua extraordinária trajetória de mais de 70 anos de atuação em diferentes setores – em especial como pastor evangélico – alcançando os quatro cantos do mundo, teria sido mais apropriado na semana passada. Contudo, como não escrevo sobre sua morte, mas sobre sua vida, o decurso de tempo não é problema.

Meu velho professor morrera na 6ª-feira da semana anterior. Logo, não arriscaria colocar pressa numa matéria sobre doutor Ebenézer a tempo de publicá-la na edição passada. De fato, esta é a terceira de página inteira (fac-similes abaixo) que escrevo sua extraordinária trajetória marcada por realizações exponencialmente singulares. As duas anteriores versaram sobre o educador fazendo história. Nesta, ele é a História.

Sua vida foi repleta de realizações, de intensa dedicação ao próximo, de ensinamentos e de honradez. Líder, intelectual, orador empolgante e, em particular, de pastor. Confesso que neste ponto não me ocorre acrescentar nada que já não esteja escritos anteriormente.

Na década de 40, formou-se em Fort Worth, Texas (USA) – o que, para quem nasceu no interior de SJB (Cacimbas), hoje S.F. do Itabapoana, Já estaria de muito bom tamanho. Mas foi bem mais além. Doutor em Educação, professor de Inglês, Francês, Espanhol e Latim; Formado em filosofia, jornalista e radialista e, sua principal vocação, pastor evangélico. Recebeu o Master of Education e o Master of Theology, pelo Southwestern Batist Theological Seminary, Texas, USA. Doutor em Divindade, Ph.D pela American World University.

Viajou pelo mundo pregando em seminários e convenções na Europa, América, África, Ásia e Oceania. Foi pastor durante 30 anos da Primeira Igreja Batista de Campos, de outras igrejas, e não declinava aos convites para pregar em templos, digamos assim, singelos – no entendimento superior de que todas as igrejas são iguais, bem como que seus membros são ovelhas – não ovelhinhas ou ovelhões.

Sui generis – É da essência do jornalismo que toda matéria seja endereçada ao leitor. Mas, neste texto, sinto que escrevo um pouco para mim mesmo. Isso porque o pastor Ebenézer foi, depois de Vivaldo Belido – que me deu sobrenome, profissão e assegurou que dela não precisasse – umas das 3 ou 4 pessoas que mais influenciaram na minha formação e personalidade. Expulso do Salesiano – nada demais, só bagunça mesmo – fui para o Batista com uns 13 anos e convivi de perto com doutor Ebenézer. Homem de autoridade – severo, mas generoso – ‘me aguentou’ lá o quanto pôde. Desordeiro, reclamações é que não faltavam. Mas, talvez por ser seu melhor aluno de Educação Moral e Cívica – e um dos piores em Matemática, Física, Química, etc. – ele segurou minhas pontas.

Nos 20 anos em que dirigiu o Batista elevou o conceito do colégio e construiu o Batistão – referência naquela época para convenções batistas e jogos estudantis. Curiosamente o pastor Ebenézer retornara ao mesmo espaço em que erguera o Batistão para inaugurar o templo da Segunda Igreja Batista. Penso, tenha sido para ele um misto de saudosismo pelo ginásio que se foi e alegria pelo templo que chegara. Sobre esse evento escrevi uma das páginas que o dr. Ebenézer que, então hospedado no Palace, pediu a Marcelo, dono do hotel, que comprasse alguns exemplares do jornal. O próprio Marcelo entregou sem suas mãos.

Para minha honra, o pastor Ebenézer dedicou 3 páginas de seu livro “Memórias Inacabadas” para reproduzir meu modesto texto que nem de longe lhe fazia justiça. Depois enviou-me um exemplar, com dedicatória e ‘bilhetinho’ anexo, conforme reproduzido no PDF abaixo.

Líder nato e um dos maiores intelectuais de que se tem notícia, penso que uma frase de autoria do saudoso jurista Roberto Lira lhe cairia bem: “Educar é o mais fecundo ato de amor”. Que descanse em paz.
Por aqui, seu legado está assegurado.