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Exageros na hora de realizar procedimentos estéticos faciais

Médica dermatologista Olivia Assed alerta para falta de senso estético e excessos; ela sugere planejamento com profissionais atualizados

Entrevista
Por Redação
9 de agosto de 2021 - 0h30
Olívia Assed é médica dermatologista. (Foto: Divulgação)

Nesta que vem sendo apelidada de “era das selfies”, a preocupação com a aparência torna-se ainda mais intensa. Nos últimos anos, popularizou-se o que chamam de “harmonização facial”, procedimento estético que, por meio da aplicação de produtos técnicas, busca ressaltar a beleza natural das pessoas. Contudo, há muitos casos em que essas intervenções ocorrem de maneira exagerada, transformando o rosto dos pacientes a ponto de ficarem irreconhecíveis. Há um nome para esses casos: “pillow face” ou “cara de almofada”, quando há um aspecto de rosto “inchado” devido ao excesso. Exemplos de artistas e influenciadores digitais popularizaram a discussão sobre o tema.

Nesta entrevista, a dermatologista Dra. Olívia Assed, proprietária de um dos mais sofisticados espaços para tratamentos estéticos do interior do Rio, esclarece dúvidas, aponta possíveis riscos e dá recomendações para aqueles que desejam aperfeiçoar seus traços fugindo dos exageros.

Na era das selfies e dos filtros para o Instagram, a preocupação com o formato do rosto e aspecto da pele tornou-se ainda maior e extrapolou as telas. Muitas pessoas têm buscado procedimentos estéticos a fim de conquistar, na vida real, a aparência que mostram artificialmente nas redes. Mas, muitos exageram, causando o efeito “pilow face”. O que é, exatamente, esse efeito e por que tem ocorrido com muita frequência?

Infelizmente, essa tendência é algo preocupante. Esses rostos extremamente volumizados, inflados e desarmônicos que temos visto por aí com frequência, até mesmo em profissionais da área com muitos anos de atuação, é o resultado de uma soma de fatores, como falta de atualização de alguns profissionais da área, uso indiscriminado de preenchedores sem o devido senso estético, e total banalização dos procedimentos estéticos por profissionais que não são da área. É um fenômeno que ocorre há décadas nos EUA e que migrou com muita intensidade para cá.

Este termo, mais conhecido pela sua versão em inglês, overfilled syndrome, está sendo debatido com frequência nos Congressos Internacionais, consultórios dermatológicos, mídias tradicionais e sociais. A “síndrome do rosto super preenchido” ou “pillow face” faz referência ao exagero e à artificialidade dos resultados em tratamentos com preenchedores.

Em Hollywood, onde tudo começou, muitos artistas precisavam de resultados imediatos, a fim de estar bem para gravações de algum novo filme, peça ou série. Desta maneira, muitos recorriam a procedimentos que trariam resultado imediato e realizados de forma instantânea, e, claro, sem respeitar os limites estéticos, apenas na intenção de remover rugas e imperfeições a qualquer custo. O resultado foi esse fenômeno que estamos acompanhando por aí.

Muitas pessoas não aceitando o próprio envelhecimento e querendo resultados mágicos da noite para dia e a consequência são essas verdadeiras transformações. A paciente fica sem ruga, mas com sua identidade transformada. Esta não é a intenção dos tratamentos estéticos. Os preenchedores foram criados para serem utilizados em alguns casos e respeitando a harmonia e beleza da cada pessoa. O foco é realçar a beleza e não criar uma nova pessoa.

Então, pillow face é o nome dado a uma face extremamente preenchida, conferindo ao rosto um aspecto de face “inflada” e arredondada. Isso ocorre também por dois grandes motivos. Primeiro, excesso de preenchimento. Utiliza uma grande quantidade de ácido hialurônico em um único momento ou realizando sucessivas aplicações, sem respeitar o tempo de reabsorção do produto. Segundo, técnica incorreta de aplicação/falta de atualização, injetando o preenchedor em planos superficiais e/ou utilizando produtos muito “pesados” para determinada área. Os preenchimentos faciais devem buscar a naturalidade, ou seja, rejuvenescer e preservar a beleza sem parecer artificial.

Engraçado vocês mencionarem esse termo e também sobre o Instagram. É algo que está tão comum que, recentemente, até criaram um filtro com o nome “pillow face”. Nele você consegue projetar como sua face ficaria se utilizasse com excesso os preenchedores. Vale a conferida.

É possível avançar nos tratamentos estéticos sem correr risco de cair no “pillow face”? Temos acompanhado também o seu perfil no Instagram (@oliviiassed_dermato) e o alvoroço que vem fazendo nas redes através dos seus Stories, sempre com um discurso bem atual, mas também contundente em relação a falta de senso estético e atualização de profissionais do mercado que utilizam excesso de preenchedores nos pacientes trazendo esse aspecto de rosto inflado. Quando você começou a perceber isso? E qual solução seria ideal para envelhecer bem, mas sem ficar com rosto inflado?

A tendência mais atual da dermatologia moderna é o embelezamento através do estímulo da produção de colágeno, a partir dos injetáveis, como sculptra e radiesse, associados a fios lisos de PDO e tecnologia como o ultraformer. Dessa forma, conseguimos um embelezamento mais natural e sem excessos de volumização com preenchedor. Claro que também lançamos mão dos preenchedores, mas sempre quando necessário, de maneira pontual, gradativa e com o devido senso estético.

Muitas pessoas têm aceitado pouco o seu envelhecimento, querendo preenchedores a qualquer custo, a fim de disfarçar suas rugas. Mas, para isso, abrem mão de toda sua beleza e harmonia facial. Vamos envelhecer com algumas rugas sim, isso não é anormal, o anormal é ter uma face extremamente inflada e sem rugas a partir de certa idade.

Eu utilizo com meus pacientes sempre a regra dos 10. Tentamos um rejuvenescimento de 10 anos, assim teremos um resultado que não pareça artificial, realçando sua beleza e revelando a sua verdadeira melhor versão. E isto somente é possível através da manutenção dos 4 Pilares do Rejuvenescimento. Caso o paciente queira ficar com aspecto de 20 anos mais jovem, por exemplo, o resultado será este que temos acompanhado por aí. Não existe solução milagrosa. Existe, sim, planejamento.

O nosso foco principal no tratamento para atingir um resultado natural e harmônico é tratar os 4 Pilares do Rejuvenescimento, com foco no biosestímulo de colágeno. Para isso, fazemos um planejamento anual, para gerenciar o envelhecimento de forma gradual, harmônica, bela e sem “pillow face” (rosto inflado). E não menos importante, possibilitamos para o paciente, também, um planejamento financeiro.

Todo paciente que realiza procedimento na clínica ganha uma pasta para fazermos o gerenciamento correto da sua pele ao longo do tempo. O foco é envelhecer com naturalidade, apenas realçando a beleza, sem excesso de volume, evitando aqueles rostos arredondados e transformados. É possível prevenir e tratar rugas/flacidez sem “pillow face”.

E para tratar esses 4 Pilares, levamos em consideração a miomodulação (toxina botulínica), a qualidade da pele (tratamentos domiciliar + peeling + lasers e afins), o pilar principal, que é o bioestímulo de colágeno (sculptra, radiesse, fios de PDO, ultraformer, etc.), e a reposição de volume(preenchedores sempre na medida certa).

Desta forma, fazemos uma Reconexão Tecidual, tratando a pele de maneira global e em todos os seus aspectos, não somente inflando o paciente com preenchedores. E assim, entregamos um resultado mais belo, harmônico e duradouro.

Quais seriam os procedimentos estéticos faciais mais procurados hoje nas clínicas de estética? No geral, o que as pessoas têm buscado?

Atualmente a procura pela harmonização facial tem crescido bastante, como também a procura pelo Ultraformer III, Radiesse, Sculptra e os Fios de PDO. A internet democratizou muito a informação e, hoje, todos têm noção real da necessidade de se manter jovem e de como fazer isso. Mas, o “botox” (toxina botulínica) ainda é o queridinho, por ser o mais conhecido procedimento estético, procurado tanto por homens quanto mulheres que desejam previnir e tratar rugas. Não à toa, oferece excelentes resultados por um custo anual relativamente baixo.

No passado, os procedimentos estéticos faciais eram realizados por pessoas com idade mais avançada, que objetivavam retardar o envelhecimento. Hoje, pessoas mais jovens também os buscam, com foco na prevenção. Como a doutora avalia essa tendência? Há uma idade mínima para a realização desses procedimentos?

Eu avalio de forma positiva e vou explicar de maneira bem simples o por quê. A informação circula de maneira muito mais dinâmica na atualidade, e, desta forma, muitos pacientes abrem os olhos para a necessidade de prevenir e retardar o seu envelhecimento o quanto antes, pois percebem que é a maneira mais eficiente, econômica e que traz os resultados mais naturais, como também duradouros.

Digo aos meus pacientes jovens que, muitas vezes, é um investimento. Evitamos agora potenciais problemas mais complicados de resolver no futuro. A melhor forma de envelhecer de maneira natural e até mesmo econômica é cuidando desde cedo.

Atualmente, a Medicina avançou tanto que uma pessoa jovem e que se cuida a partir dos 25 anos tem a chance de ter o envelhecimento retardado e evitar, assim, a necessidade de realização de muitos procedimentos futuros. O nosso banco de colágeno começa a “esvaziar” a partir dessa idade. Desta maneira, é importante fazermos a manutenção dessa importante estrutura. Para isso, podemos recorrer a bioestimuladores como, Sculptra, radiesse, Fios de PDO, ultraformer, lasers e afins. Nossos avós já diziam: “é melhor prevenir que remediar.”

Temos visto na mídia não só exageros nos procedimentos estéticos, mas, eventualmente, danos mais complicados que podem requerer cirurgias plásticas. Como as pessoas podem minimizar esses riscos?

Todo procedimento estético envolve riscos, dos menores até os maiores, dependendo do caso. Mas podemos diminuir drasticamente as chances de complicações quando recorremos a profissionais com formação na área, de preferência atualizados, que conheçam bem a anatomia facial, consigam reconhecer bem as complicações e saibam como tratá-las.

Infelizmente, temos acompanhado, além da falta de atualização, também a invasão de profissionais não médicos, que, muitas vezes, com cursos de finais de semana, começam a realizar as conhecidas “harmonizações” por aí. A consequência são esses resultados que temos acompanhado com frequência. Pessoas tendo partes da face amputadas, necrosadas e a vida muito abalada. E esses profissionais não têm formação para reconhecer e tratar tais complicações — eles nem podem.

Sempre que acontece, encaminham para dermatologistas e cirurgiões plásticos, pois o que aprenderam foi apenas injetar algumas substâncias na pele. O resto da formação toda é oca. E, infelizmente, o termo “harmonização” está sendo muito estigmatizado também, dando a impressão até de que é algo ruim, como se fosse uma “demonização facial”. Mas, ao contrário. É um procedimento excelente se realizado respeitando a real harmonia entre as formas, a anatomia facial e a identidade do paciente.

Sabemos que o Brasil desponta como um dos principais mercados para o universo da beleza. Como médica dermatologista, quais as recomendações para que as intervenções dessa natureza proporcionem mais harmonia facial, fugindo dos exageros?

Busque um profissional que atenda aos padrões de beleza que você deseja e veja como está sendo o seu envelhecimento. Caso ele não consiga fazer milagre em si, dificilmente irá fazer em você. Se você gosta de resultados mais naturais, harmônicos e belos, busque o profissional que tenha resultados assim. Veja como ele trata os seus pacientes e a si. Essa simples observação já ajudaria a evitar muitos excessos!

Recentemente você inaugurou um novo espaço de atendimento. O que te levou a criar esse espaço diferenciado ?

Vou começar falando o que oferecemos, além do espaço físico: mais de 10 anos de experiência na dermatologia estética, com constante atualização, senso estético e técnicas seguindo os padrões mais atualizados da medicina dermatológica, que visam ao aperfeiçoamento de cada tipo de beleza, com pensamento a longo prazo e sem perda de identidade. Fora isso, oferecemos os melhores tratamentos e tecnologias para rejuvenescimento facial, corporal e terapia capilar, além de atenção individualizada.

Meu objetivo foi criar um espaço onde a experiência do meu paciente fosse muito além de um procedimento estético. Investimos em tecnologias e também em algumas novidades, que vou anunciar em breve no meu Instagram (@oliviaassed_dermato). Quero que meu paciente se sinta em casa, acolhido, cuidado, e, claro, com sua autoestima realmente renovada. E não me refiro apenas à beleza exterior. Foi isso que criamos. Um espaço onde alinhamos saúde, cuidados, inovação, atualização, tecnologias e bem estar.

Neste período pandêmico, como você tem percebido os seus pacientes?
Esta pergunta é bem interessante, pois vem ao encontro de algo que temos refletido muito aqui na clínica. É nítida a presença de certo desânimo em boa parte deles. A pandemia mexeu com todos nós, de uma forma diferente. Ela nos tirou um pouco da nossa vaidade, do nosso autocuidado.

Muitas vezes, perdemos o desejo de nos cuidar. Não somente para o mundo externo. O autocuidado também foi sendo vencido por esta situação um pouco desanimadora. Observando isso, pensamos, também, em resgatar um pouco desta sensação percebida.

Traremos uma excelente oportunidade para todos que desejarem fazer esse resgate e se prepararem para o recomeço. E, assim, convido os leitores do jornal a ficarem atentos ao meu Instagram @oliviaassed_dermato, pois muito em breve trarei novidades imperdíveis.