Por Mariane Pessanha e Marianna Oliveira
Foi-se a época em que o perfil do pai era do homem que trabalhava fora e apenas provia financeiramente a família. Com o passar do tempo, as mulheres se inseriram no mercado de trabalho e as tarefas tiveram que ser divididas. Hoje, eles fazem comida, trocam fraldas, dão mamadeira, brincam e ficam mais tempo em casa cuidando das crianças. Os pais se ressignificaram e estão cada dia mais próximos dos filhos.
É o caso do consultor comercial Mateus Teles. Ele é pai do Bento, que tem apenas 2 anos e 6 meses e, como a mãe trabalha fora durante o dia e ele, à noite, é Mateus que cuida da criança. Eles acordam juntos, brincam, almoçam e é o pai que leva e busca o filho na escola.
“Em tudo que fazemos, das coisas mais simples como chutar uma bola e gritar gol, juntos, ou andar de bicicleta pela rua, falando as cores dos carros, tomando um banho e brincando, todos esses momentos são essenciais para uma construção cada vez maior de afeto e carinho,” define Mateus.
Mas ser um pai tão presente e cuidar do filho de forma tão maternal, ainda não é visto como um processo natural e acaba gerando críticas. Mateus conta que as pessoas ainda possuem certo preconceito com um pai que faz tudo.
“Diversas vezes, em rodas de amigos, fui questionado se troco fralda, dou banho ou qualquer outra coisa que, para mim, é super normal realizar no dia-a-dia. Creio que se as tarefas forem divididas entre pai e mãe, elas se tornam cada vez mais leves para ambas as partes”, explica Mateus.
Pai solo
Se Mateus conta com a ajuda da mulher, Millena, para cuidar de Bento, para Maurício Santana as coisas são um pouco mais complicadas. Ele é pai de quatro meninas e, desde 2016, quando se separou, cuida sozinho delas. E, para completar a família, ainda tem o neto Davi, 2 anos, que também está sob os cuidados dele. Maurício conta que ser pai solo é uma experiência desafiadora.
“Não é fácil conciliar tudo, trabalhar e ao mesmo tempo estar presente na vida delas. Não estou disponível o tempo inteiro, mas conseguimos nos adaptar bem. Com isso, a proximidade com minhas filhas aumentou, o que é bom,” diz Maurício, mais conhecido como Baiano.
E se cuidar sozinho de quatro filhas já é difícil, imagina então na pandemia! Para ele, o período tem sido importante para ressaltar o valor de coisas simples.
“Uma das maiores lições que esta pandemia nos trouxe, e não somente como pai, mas como ser humano, é que um abraço, um simples sorriso, um aperto de mãos tem um valor inestimável, que não somos melhores do que ninguém, que todos somos iguais independente da cor da pele, condição social ou do cargo que ocupamos. Quando vem uma tormenta como essa, todos estamos vulneráveis.”
Mais próximos
Se a pandemia do novo coronavírus trouxe para Maurício um novo sentido para as coisas simples, para Alan Marques, pai de Pietro, 7 anos, e Helena, de 11 meses, os últimos anos serviram para os aproximar ainda mais. Alan passou a trabalhar em Campos, coisa que há muito tempo não acontecia em sua rotina e, por isso, teve mais tempo para os filhos.
“Conheci uma rotina do meu filho que não fazia ideia. Passei a brincar com ele diariamente. Vi a complexidade que é educar uma criança todos os dias. Conheci costumes e manias deles que eu não sabia que existiam. Coisas do dia a dia mesmo, que, por eu não estar presente antes, não tinha conhecimento. Costumo dizer que eu só conheci meus filhos de verdade nessa pandemia”, afirmou.
Com orgulho, resumiu o que é ser pai para ele, mostrando ir muito além das responsabilidades do cotidiano. “É uma realização de vida, mesmo que se nada tivesse dado certo na minha vida, já teria valido a pena só por tê-los. Eles são tudo que eu tenho de mais lindo e importante”, disse Alan. E, neste domingo, certamente, o Dia dos Pais de Mateus, Maurício e Alan vai além dos presentes materiais, eles serão homenageados com algo ainda mais valioso: o carinho dos filhos.
