O forte vento nordeste e o extenso litoral da região Norte Fluminense fazem dela um ambiente propício para a prática de um esporte ainda não muito popularizado no Estado do Rio de Janeiro: o kitesurf. Ainda assim, justamente por causa das condições favoráveis do vento e do mar, não é tão incomum ver atletas profissionais e amadores deslizarem sobre as águas das praias de Grussaí e Atafona, em São João da Barra. Mas um deles chama a atenção pelo talento e também pela pouca idade: Vittor Filho, o Vittinho, de apenas 12 anos, começou aos 8 e, no último final de semana, ficou em primeiro lugar no pódio da sua categoria no campeonato RDI 2021 – Rei da Ilha Hydrofoil – em Ilhabela, litoral de São Paulo.
Campista e morador de Grussaí, Vittinho é considerado um ídolo no Ceará, um dos principais destinos do mundo para a prática de kitesurf. Ele viaja para o estado do Nordeste anualmente para praticar com os maiores atletas do mundo. Lá, ele é recebido com festa por conseguir executar manobras de alta complexidade, com coragem e técnica, mesmo sendo tão jovem. O mesmo ocorre na internet: somente no Instagram (@vittinho46), ele tem mais de 17 mil seguidores, com quem compartilha fotos e vídeos de seus treinos. Na região, no entanto, ele ainda é pouco conhecido, mas, se tudo fluir como ele espera, não será por muito tempo. “Meu sonho é virar referência mundial nesse esporte”, declarou.
O começo e a rotina
A história de Vittinho com o kitesurf começou muito cedo. O pai é um praticante amador e o tio tinha uma escolinha de kite no litoral sanjoanense. Sempre presente, Vittor gostava de brincar com a pipa e os ajudava a montar e desmontar o kite. Um dia, há quatro anos, ele pediu ao pai e ao tio para velejar e, desde então, não parou mais.
A família, que morava em Campos, decidiu se mudar para Grussaí para que o menino pudesse treinar todos os dias. “Se tiver vento todo dia, eu treino todo dia… O vento costuma entrar na hora do almoço mais ou menos. Então eu estudo de manhã, almoço, depois vou velejar até escurecer. Eu me divirto velejando e descanso à noite”, disse rindo.
O pai, orgulhoso, destaca a força de vontade do filho. “Vittinho é a materialização da determinação. Só nós sabemos o quanto ele se esforçou para chegar onde chegou, o quanto ele treinou, o quanto batalhou. Já imaginou uma criança de 12 anos que muda sua alimentação por conta própria? Corta refrigerantes e tudo que pode prejudicar seu desempenho? Nós temos absoluta certeza de que ele vai conquistar os objetivos dele. Ele é apaixonado pelo que faz, ele respira kite. Anote esse nome: Vittinho. Ele ainda vai dar muitas alegrias para nós”, afirmou Vittor Maciel.
Campeonatos
Em sua ainda curta e vitoriosa carreira no kite, Vittinho já participou de quatro campeonatos, disputando até mesmo com adultos na mesma categoria. “O kite é um esporte meio desconhecido ainda aqui, no Rio de Janeiro, há poucos campeonatos… Mas está crescendo… Eu mesmo já participei de dois regionais: ganhei em uma categoria e fiquei em terceiro na outra. Isso quando eu tinha 10 anos e competi com adultos”, contou.
Ele também participou de uma competição no Ceará, a meca do esporte no mundo. “Lá venta todos os dias sem falhar. Vento forte, calor, água quente. Tudo perfeito”, comentou.
Mas foi em São Paulo que o adolescente participou da primeira etapa de um dos maiores, mais desafiadores e competitivos campeonatos, não só para ele, mas para todos os kitesurfistas: o Rei da Ilha Hydrofoil, em Ilhabela. Esse campeonato já está em sua 4ª edição e reúne velejadores de todos os níveis. Vittinho ficou em primeiro lugar na categoria Iniciante. “Hydrofoil é uma prancha que voa sobre a água e o meu é muito diferente de todos lá. No campeonato, todos usavam essas pranchas racing importadas, eu não. Era como se eles estivessem de Ferrari e eu de Fiat Uno (risos). O percurso também era muito longo e cansativo. Muitos desistiram. Mas eu fui na raça e venci”, comemorou.
Kitesurf
O Kitesurf é um esporte aquático que utiliza uma pipa e uma prancha com suporte para os pés. O objetivo é “voar” e deslizar sobre a água, sendo puxado pela pipa. O esporte é uma mistura de windsurf, surfe e wakeboard.
A pipa é presa em um cinto, na cintura do esportista, que fica em cima da prancha sobre a água. A partir daí o vento impulsiona a pipa, fazendo a prancha deslizar sobre a água.
O Kitesurf foi criado em 1985 por dois franceses: Bruno e Dominique Legaignoux. O nome vem da junção de duas palavras inglesas: kite, que significa “pipa”, e surf, que quer dizer “deslizar sobre a água”.
