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Mais um dia de luta pela igualdade

Nesse domingo, dia 25, é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Geral
Por Mariane Pessanha
25 de julho de 2021 - 0h05
Jornalista Cláudia Eleonora

Cláudia Eleonora, jornalista; Simone Pedro, socióloga. O que essas profissionais têm em comum? Elas são negras, mulheres e travaram muitas lutas entre as quais o preconceito racial para conseguirem se consolidar no mercado de trabalho. Neste domingo, dia 25, é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data surgiu para dar visibilidade à luta das mulheres negras contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo.
Para Cláudia Eleonora, que hoje é gerente de Jornalismo da RecordTV Interior, é importante lembrar a data para chamar a atenção da população e das autoridades políticas para reduzir as desigualdades sociais e desnaturalizar o racismo. “Segundo o IBGE, 54% da população é negra. Mas, ainda sofremos as consequências do processo colonizador, escravocrata. A mulher negra ocupa a base da pirâmide social. O Brasil é o país que mais mata mulheres, e a maioria das vítimas é negra. Além do racismo, a mulher negra sofre ainda mais com as diferenças salariais”, explica a jornalista.
Cláudia ressalta ainda que é uma das poucas mulheres no jornalismo que ocupam cargos de liderança. Ela diz que em sua trajetória sofreu várias situações de racismo, partindo muitas vezes de algumas mulheres. Mas, ela vem de uma família que sempre valorizou a consciência racial, o que a preparou para que não desistisse de seus ideais, mesmo com os enfrentamentos pautados pela cor da pele.
“A nossa cultura, a nossa língua ainda é racista, influência da colonização, que perpetua atitudes racistas que associam o lugar do negro, da mulher negra como coisa ruim. É importante desmistificar conceitos para promover a equidade. A educação, desde a base, precisa redimensionar a história para valorizar a luta da mulher negra, como Tereza de Benguela, que no século 18 foi uma líder quilombola e morreu em uma emboscada”, explica.

Simone Pedro, socióloga

Sem avanços
Já Simone Pedro não considera a data um avanço. “Se todos soubessem que, nesse mesmo dia, a comunidade negra comemora o nascimento de Tereza de Benguela, grande líder quilombola, talvez soubessem do que estamos falando. Essa data é estabelecida justamente para denunciar o ‘apagamento’ da atuação da mulher negra na construção das nações colonizadas e enaltecer as mesmas”, critica.
Ela diz ainda que, assim como Cláudia Eleonora, teve que transpor muitas barreiras para crescer como profissional e pessoa. “Quando a gente fala em crescimento pessoal, não pode desprezar que barreiras sociais, como classe, gênero, raça, podem se tornar obstáculos potentes. No meu caso, posso resumir minhas dificuldades, sendo mulher e negra, em descrédito e controle: enfrentei e ainda enfrento ideias que teimam em me pôr em lugares aos quais não pertenço, a títulos que distorcem minha imagem. Me graduar e me projetar nos espaços que quero sempre é uma luta por provar incansavelmente que, sim, mereço todas essas coisas”, ressalta.

25 de julho
O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha Foi instituído em 1992 durante o 1º encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e, no Brasil, a data homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência do povo preto.
A Lei nº 12.987/2014, foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, que viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.

Em Campos
A Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos vai marcar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha com a entrega de 100 cestas básicas para mulheres negras cadastradas na pasta. O órgão optou por não realizar uma cerimônia por conta da pandemia. Já a Coordenação Estadual Ampliada e o Fórum Municipal de Campos dos Goytacazes organizou uma programação.