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Acesso à ponte fechado em ‘jogo de empurra’

Rua Lindolfo Fraga interditada e mão dupla na Ponte General Dutra seriam medidas provisórias que ainda perduram

Cidade
Por Redação
18 de julho de 2021 - 0h20
Acesso fechado à Rua Lindolfo Fraga (Fotos: Carlos Grevi)

Muitos não sabem por que o trânsito na Ponte General Dutra (próximo ao Hospital Ferreira Machado) tem operado em mão dupla, causando retenção e acidentes. Antes, apenas veículos que seguiam pela BR-101, em direção a Guarus, passavam por ali. A mudança aconteceu há sete meses, quando foram iniciadas obras de reconstrução de rede de drenagem na Rua Lindolfo Fraga, que faz o acesso da BR 101 à Ponte Alair Ferreira, a fim de conter os constantes alagamentos no local. Contudo, essas obras foram concluídas em dezembro de 2020 e, ainda assim, a via continua alagando e o tráfego de veículo nas duas pontes não foi normalizado. O motivo: moradores fecharam a referida rua para impedir que a passagem de veículos de grande porte continue a deteriorar a pista e a causar novos problemas.

Ponte General Dutra

Recentemente, a concessionária que administra a BR-101, Arteris Fluminense, e a Prefeitura de Campos ajustaram a sinalização na descida e subida da Ponte General Dutra. Isso aconteceu após acidentes serem registrados no local, embora nenhum tenha sido grave. Mas no horário de pico, no início da manhã e final da tarde, ainda é comum haver congestionamento, principalmente em dias de chuva.

O assistente administrativo Maicon Santos passa pela ponte diariamente. Ele mora em Travessão e trabalha no Centro. Segundo ele, o tráfego em mão dupla na General Dutra é um empecilho perigoso. “A melhoria na sinalização ajudou, mas não resolveu. Para que haja fluidez no trânsito, as duas pontes precisam voltar com o fluxo em mão única”, afirmou.

Pendência
Para entender o que está ocorrendo, é necessário voltar no tempo. Há aproximadamente 10 anos, os moradores da Rua Lindolfo Fraga, no bairro Fundão, viviam tranquilamente. Segundo eles, tudo mudou em 2012, quando a Prefeitura de Campos decidiu que o fluxo da Ponte Alair Ferreira deveria funcionar em mão única e receber o tráfego da BR-101, no sentido Vitória/Rio. Para que isso acontecesse de forma adequada, o ideal seria que os veículos passassem pela Avenida Estilac Leal, no Parque Santa Helena, mas um “ferro-velho” situado no local impediria a passagem de caminhões de grande porte. Foi solicitada, então, a desapropriação desse terreno na Justiça e, provisoriamente, a Avenida Souza Motta e a Rua Lindolfo Fraga foram utilizadas como alternativa para os veículos terem acesso à ponte.

Wellington Soares é morador do bairro

Assim teve fim a tranquilidade da população dessas duas vias. Sem estrutura para receber os veículos que trafegam pela BR-101, o calçamento e a rede de drenagem da Rua Lindolfo Fraga foram destruídos, causando alagamentos. Os moradores denunciam que o constante tráfego de caminhões também ocasionou rachaduras nos muros das casas, muita poeira, além de acidentes de trânsito. “A nossa qualidade de vida acabou”, disse o policial militar reformado Wellington Soares, que passou toda a sua vida morando nessas imediações.

Rua fechada
Foi Wellington Soares quem, em dezembro, após o fim das últimas obras, colocou barricadas para impedir a passagem de carros e caminhões na Rua Lindolfo Fraga. Então a Ponte General Dutra continuou a fluir em mão dupla e a Ponte Alair Ferreira ficou subutilizada.

“Como diz a música, ‘não sou contra o progresso, mas apelo pro bom senso’. Dizem que manter a Ponte General Dutra em mão dupla é um retrocesso, mas não buscam entender àqueles que são diretamente atingidos. Perdemos nosso direito ao sossego, à propriedade e à segurança”, afirmou o policial, que já acionou o Ministério Público Estadual e Federal.

Rua interditada

Segundo ele, o que falta é “governo”. “Por que a desapropriação do ferro-velho da Rua Estilac Leal ainda não foi feita? Está embargada? Qual o motivo? É por essa rua que deveriam passar os caminhões da BR-101. Ela, sim, tem estrutura para isso. A passagem pela Avenida Souza Motta e pela Rua Lindolfo Fraga deveria ter sido temporária, mas isso já faz quase 10 anos. Antes, não sofríamos com alagamento. Agora, mais uma obra foi concluída, mas sabemos que basta o tráfego retornar para que os problemas também retornem”, declarou.

Em relação aos alagamentos, Wellington explicou que, mesmo após a restauração da rede de drenagem, a rua ainda enche, mas essa água é escoada em poucas horas, o que não acontecia antes da intervenção concluída no fim do mandato de Rafael Diniz. Nota-se, ainda, que, mesmo sem a passagem de caminhões, o calçamento recém refeito já apresenta alguns danos.

Respostas
A reportagem do Jornal Terceira Via buscou, junto à Prefeitura, respostas para os moradores e também para aqueles que trafegam pela Ponte General Dutra. Quanto aos alagamentos na Rua Lindolfo Fraga, a Subsecretaria de Mobilidade esclareceu que foi feito um novo ramal de drenagem em direção ao cisternão do Parque Santa Helena, que, ocasionalmente, apresenta deficiência no sistema de bombeamento para o Rio Paraíba do Sul, mas que outra rede alternativa já está sendo estudada.

A reportagem também questionou a respeito do restabelecimento do fluxo em mão única na General Dutra e sobre o antigo projeto de passagem dos veículos pela Rua Estilac Leal. No entanto, a Subsecretaria informou apenas que, para restabelecer o trânsito na ponte, a Concessionária Arteris Fluminense teria de assegurar a manutenção da Rua Lindolfo Fraga, e que o desvio do tráfego é responsabilidade do Governo Federal: “Cabe à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) tomar as medidas necessárias no trecho, em conjunto com a concessionária que administra a rodovia”.
A concessionária, por sua vez, afirmou que “realizou as melhorias na sinalização na cabeceira sul da Ponte General Dutra, km 63 da BR-101, que faz parte do traçado original da rodovia, visando melhor ordenação do tráfego” em comum acordo com a Prefeitura.

Em relação à manutenção da Rua Lindolfo Fraga, a Arteris declarou que “a gestão e manutenção do acesso à Ponte Alair Ferreira está fora da faixa de domínio do trecho sob concessão da BR-101 e não faz parte do escopo de obras da Arteris Fluminense” e que “demandas locais que exijam a alteração do contrato de concessão podem ser encaminhadas para a ANTT”.