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Festas ganham fôlego, mas setor amarga prejuízos da quarentena

Empresários do ramo estão confiantes com retomada dos eventos na fase verde

Campos
Por Redação
11 de julho de 2021 - 0h01
Decorador Carlos Henrique Sanz está otimista com a retomada das festas (Foto: Carlos Grevi)

Os profissionais e empresas ligadas ao setor de festas e eventos saíram da função de proporcionar alegria, diversão, prazer e garantir a lembrança de bons momentos por toda uma vida aos clientes para ocupar uma posição de prejuízos, reinvenção e ócio. Tudo por conta da pandemia do novo coronavírus que, devido à gravidade da doença e facilidade de propagação do vírus, as aglomerações foram proibidas há um ano e meio. Ao longo deste tempo, os governos, pautados por estudos científicos e bom senso, flexibilizaram algumas vezes as restrições e permitiram a realização de festas desde que fossem cumpridas exigências de prevenção à Covid-19, como distanciamento social, protocolos de segurança, etiquetas de higienização de ambientes, entre outros.

Entre idas e vindas, porém, o setor foi um dos mais afetados pela crise derivada da pandemia que gerou queda brusca na economia e desvalorização dos profissionais, segundo uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas em conjunto com o Sebrae. A categoria, a partir deste segundo semestre de 2021, busca enxergar uma luz no fim do túnel e decretou uma verdadeira guerra para se reerguer e se reposicionar no mercado.

O decorador Carlos Henrique Sanz, de 27 anos, diz que a pandemia foi o maior desafio da sua carreira profissional. No ramo há nove anos, esta foi a primeira vez em que passou mais de 200 dias – o equivalente a sete meses – sem promover nenhum evento. A pausa gerou um prejuízo de R$180 mil ao empresário, demissão de três funcionários e danos emocionais causados pela incerteza.

“Festas foram canceladas, adiadas ou remarcadas mais de uma vez. Além de tudo isso, ainda tinha que lidar com o emocional e tentar passar força para as famílias que desmarcavam os eventos e estavam, assim como a gente, sem Norte. A pandemia pegou todos de surpresa e foi pior do que qualquer fase difícil de nossas vidas, porque antes, a oportunidade de mudar e avançar estava em nós, na nossa força de vontade. Com a pandemia, não tivemos controle de mais nada”, desabafou.

Videomaker | Max Farias destaca o benefício das vacinas para o retorno das atividades (Foto: Divulgação)

De volta às atividades desde o início de junho de 2021, Sanz retomou o fôlego. Um casamento na última quarta-feira (7) reacendeu a esperança do empresário por voltar ao ritmo de antes. “Esta é a oitava festa que decoro desde que voltamos e estamos enfrentando ainda muitas adaptações. Máscara, convidados tendo que utilizar luvas para se servirem e sem poder tocar na mesa de doces expostos. Todos os objetos de decoração são higienizados no nosso galpão e depois temos que esterilizar tudo novamente”.

Neste “novo normal”, algumas mudanças devem permanecer, acredita Sanz. “Não diria que estamos vivendo um recomeço, mas uma nova etapa, uma nova história. As coisas nunca mais voltarão a ser como antes. O uso de álcool em gel creio que ficará para sempre. Antes, eu comprava uma fita adesiva por R$ 16, agora, a mesma fita custa R$ 34. Vamos ter que nos reinventar. Creio que o pior já passou e foram os primeiros quatro meses de 2021”, conclui.

O videomaker Max Farias, da Maximus Films, percebeu um aumento no número de fechamento de novos contratos com a flexibilização. “Acredito que, com as liberações, as pessoas estão se sentindo mais seguras em programar seus eventos. A chegada da vacina deu esperança ao setor e aos futuros clientes. Nossa expectativa na Maximus é a melhor porque as pessoas ficaram por muito tempo em isolamento, privadas de poderem celebrar seus momentos especiais e isso fez com que elas valorizassem ainda mais o setor de eventos”, pontuou.

Kellen Freire, cerimonialista (Foto: Carlos Grevi)

Kellen Freire é cerimonialista há 10 anos e resume este retorno ao trabalho em três palavras: adaptação, paciência e aprendizagem. “Conseguimos nos firmar no mercado, depois tivemos que nos moldar e, agora, estamos tendo que conscientizar o cliente sobre a segurança do retorno. Vamos nos ajustando e comprovando que com paciência e cumprimento de protocolos é possível voltar às atividades”, diz.

Renatta Lisandro e Lucas Fiuza disseram o tão espertado “sim” na última quarta-feira (7 de julho) (Foto: Carlos Grevi)

Casamento
Na corrida contra o tempo, o casal Renatta Lizandro Tinoco e Lucas Fiuza Balthazar abraçou a oportunidade do casamento em meio à pandemia. Eles ficaram noivos em 2019, com o sonho de se casarem em 2020. Mas, com a imposição do distanciamento social, resolveram não fazer festa e adiar os planos para 2021. O martelo foi batido ainda nas fases de maior restrição e, por sorte, um mês e meio antes da data escolhida, a Prefeitura de Campos flexibilizou as regras de combate ao coronavírus.

“Ficamos com muito medo de, mesmo organizando tudo com pouquíssimos convidados e muitas restrições, não conseguíssemos casar, caso as regras ficassem mais restritivas. Mesmo quando entrou a fase verde e eu pude aumentar o número de convidados, não tive tempo hábil e resolvi manter tudo como estava”, comentou a noiva.

Renatta e Lucas se casaram numa cerimônia religiosa na igreja Santo Antônio, no Jardim Carioca, em Guarus, na última quarta-feira (7). Ao lado do templo, a festa foi montada e, à medida em que os convidados iam deixando o local, eles tiravam fotos com os noivos na decoração e recebiam um kit com doces e lembranças da festa para levarem para casa.

“Nossa maior preocupação era colocar pessoas da nossa família em risco e ter que lidar com problemas muito maiores do que a festa de casamento com restrições. Ficamos tristes por não conseguirmos convidar todos que queríamos porque nossas famílias são grandes. Mas transmitimos o evento pelas redes sociais para que todos pudessem acompanhar este nosso momento”, finalizou Renatta.

Casa de Vidro Supreme | Noveane Silva agendou eventos para 2022, 2023 e até 2025 (Foto: Divulgação)

Casa de Festas a todo vapor
Um dos salões de festas mais procurados em Campos, a Casa de Vidro Supreme, se adequou para o novo formato de festas e recepções na pandemia do coronavírus que se estende até então. Além do distanciamento social, garantido pelo afastamento de cadeiras e mesas, a supervisora comercial Noveane Silva conta que espalhou embalagens de álcool em gel na portaria e em todas as mesas, além de implantar na rotina dos funcionários a aferição de temperatura dos convidados e a exigência pelo uso de máscaras.

“Estávamos ansiosos para retomar e fazer o que mais amamos, que é realizar sonhos, pois sonhamos junto com cada cliente, em cada detalhe. Já estávamos numa grande expectativa e, agora, com os eventos liberados, na nova fase verde estamos ainda mais animados. Com toda dedicação, respeito e carinho a todos os nossos clientes, fizemos o remanejamento de datas e esperamos entregar todas estas festas. O fluxo de procura é bem intenso e já temos agendamentos para 2023, 2024 e até 2025. Retomamos com chave de ouro e com muitas novidades para que todos os eventos sejam ainda mais lindos e com muito mais sucesso e excelência”, disse.

Fase verde
A fase verde, no plano de retomada das atividades econômicas e sociais no município, representa nível de atenção moderada. Novas mudanças foram estabelecidas no dia 8 de julho de 2021, como a realização de festas para até 200 convidados. Além disso, há autorização para funcionamento do comércio entre 5h e 22h, com algumas exceções. Restaurantes podem funcionar até meia-noite; academias de condomínio podem funcionar com 50% de capacidade máxima e fica permitido o funcionamento de brinquedotecas, áreas de lazer infantis nos bares, restaurantes e congêneres, com a mesma capacidade máxima. Também está liberada a prática de esportes de contato e lutas e de atividades esportivas individuais e coletivas, sendo vedadas torcidas ou qualquer outro tipo de aglomerações. As medidas valem até o dia 19 de julho de 2021, quando uma nova reunião definirá as ações a serem implementadas.