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Drama: homem morre, não é sepultado e cães ficam abandonados em Campos

Há uma semana, nenhum parente da vítima apareceu para reclamar o corpo; os bichos estão mantidos com ajuda de voluntários

Geral
Por Ocinei Trindade
21 de junho de 2021 - 16h47
Cães ficam ao lado do corpo do dono que infartou durante caminhada

No último dia 17, um morador do bairro Jóquei Clube saiu com os quatro cachorros para passear, teve um mal súbito, sintomas de infarto e morreu. A Polícia Militar foi chamada. Enquanto aguardavam os peritos para liberação do corpo, os bichos em momento algum saíram de perto do dono. A imagem foi registrada pelo cuidador de animais, Vinicius Miranda. Ele contou que não sabe o nome completo da vítima. Os vizinhos o chamavam de “Seu Zé”. Sem parentes na cidade, o corpo aguarda por reconhecimento no Instituto Médico Legal. Por enquanto, os cães são alimentados por voluntários, mas serão despejados da casa onde vivem.

Vinicius Miranda é protetor de animais há 10 anos. De vez em quando, ele ia a casa de Seu Zé para ajudar em algum problema que envolvia os cachorros. Uma vizinha contou que a vítima estava com a pressão arterial muito alta no dia que morreu.

“Eu não tinha intimidade com ele. Já trouxe remédios em casos de doenças dos cães. Os bichos já me conheciam e eu consegui trazê-los para a casa. Só que o dono do imóvel que estava alugado, já disse que não tem como ficar com os cachorros. Eu e alguns vizinhos temos trazido comida e água, mas eles estão entregues à própria sorte. Pedimos apoio ao CCZ para remover os bichos, mas há uma semana ninguém aparece”, comenta.

Cães são alimentados por voluntários

O endereço de Seu Zé fica na Rua José Caldas Carvalho, antiga Rua 11, no Jóquei. Uma outra vizinha, Marília Cipriano, foi chamada para tentar ajudar os animais.

“Por eu trabalhar no Hospital Veterinário da Uenf, muita gente me pede ajuda com bichos. É muito triste a situação. Primeiro pela morte de Seu Zé. Ele cuidava muito bem dos cachorros. Não sabemos como e quando ele será sepultado. E a situação de abandono dos bichos também deixa mais triste essa perda. Eles ficam na rua. O portão da casa, por enquanto, está entreaberto”, diz.

De acordo com moradores próximos, Seu Zé tinha em torno de 60 anos. Alguns dizem que ele era natural do Estado de São Paulo, que não tinha família. Porém, esses dados não foram confirmados pela Polícia. Até o momento, ninguém apareceu para reclamar o corpo.

Desde a morte do dono, os cachorros passam parte do tempo em frente da casa

A reportagem fez contato com o IML para saber se há identificação completa do homem, mas ainda não obteve informações. O prazo para liberação do corpo para sepultamento é de 30 dias, segundo orientações do órgão. O Centro de Controle e Zoonoses também foi procurado para saber sobre a remoção e sobre oferta de abrigo dos animais. Por meio de nota, foi informado que “o CCZ fará a retirada dos animais ainda esta semana. O setor tem recebido muitas demandas  para esse tipo de atendimento”.

“A gente espera que alguém adote os cachorros. Eu já cuido de 10 cães e 3 gatos. Não tenho mais espaço nem condições financeiras para manter mais do que isso. Espero que Seu Zé tenha um enterro digno. Ele era muito bom para os cães”, conclui Vinicius.