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Com espaços culturais fechados devido à pandemia, setor aposta na internet

Cultura remota tem sido a alternativa encontrada por diversos artistas para exercerem suas funções e criatividades

Cultura
Por Redação
21 de junho de 2021 - 0h01
Fachada do Teatro de Bolso, em Campos (Foto: Carlos Grevi)

Um dos setores mais afetados durante a pandemia foi o da cultura. Com a proibição de eventos com a presença de pessoas em teatros, cinemas, casas de shows e até locais públicos, os artistas de Campos precisaram se reinventar. A saída encontrada, como no caso da maioria das pessoas que precisaram se reinventar em tempo de distanciamento social, foi a internet. Por meio de plataformas virtuais, passaram a oferecer cursos e a promover apresentações remotas.

O diretor artístico Fernando Rossi, responsável pela maioria das peças teatrais campistas produzidas durante o período da pandemia, afirma que o desafio é grande, mas a motivação é ainda maior. “Com os espaços fechados, a internet foi a grande ferramenta para não perder o contato com o nosso público. Também nos possibilitou um grande exercício de interpretação, com leituras dramatizadas de textos teatrais. Tem sido uma experiência única”, conta Fernando.

Fernando Rossi dirige elenco em peça virtual

Ainda de acordo com Fernando, novas produções serão realizadas neste ano pela sua equipe. “Nossas apresentações são realizadas na plataforma do Instagram, através do perfil da Santa Paciência Casa Criativa, com os atores nas ambientações cênicas interpretando os textos, como se fossem apresentações teatrais. Chamamos esse formato de Ato Fílmico. Em 2020, tivemos 20 edições. Esse ano, fizemos apenas uma edição, mas estamos programando outras”, diz.

O cantor Sandro Balli é outro que decidiu se apresentar por meio das redes sociais, com lives diárias. “Desde que me entendo por gente, sempre gostei de ter muita gente perto de mim. Depois que me tornei músico, isso se tornou ainda mais recorrente. A falta dos meus shows começou a me incomodar, porque eu amo esse contato com as pessoas. Então, acabei encontrando nas lives uma forma de me manter próximo das pessoas durante esse tempo, ter esse contato, de ser ouvido e poder receber o carinho das pessoas também”, revela Sandro.

“Tenho percebido que o público tem andado muito carente, por estar dentro de casa, sem poder sair. Então, acredito que foi um casamento perfeito, a vontade deles de ter um entretenimento e a minha vontade de proporcionar às pessoas essa interação. É diferente, sinto falta de toda a magia de estar num show, de ver as pessoas cantando, dançando, se divertindo. Isso me faz sentir muita saudade. Mas, entendo que é uma realidade que estamos precisando enfrentar, torcendo para que, um dia, as coisas voltem ao normal e a gente possa ter esse contato mais próximo com os nossos fãs, que são os grandes propulsores do nosso trabalho”, pondera.

Sandro Balli

Sobre o crescimento das lives, Sandro afirma que é um novo meio e que deverá ser usado pelos artistas a partir de agora. “Pra mim, pelo menos, nada substitui o contato com os meus fãs, a nossa troca de energia. Mas, acredito que, por conta dessas tecnologias, daqui pra frente, mesmo após a pandemia, nosso setor de cultura, principalmente os músicos, utilizarão esse mecanismo para levar o trabalho cada vez mais longe”, prevê.

Poesia Virtual
Vendo-se presa e sem poder realizar as suas apresentações, a poetisa América Rocha decidiu iniciar dois projetos chamados “Festival de Música Virtual” e “Festival de Poesia Virtual”, que reuniem poetas e músicos em uma apresentação online.

“Quando a pandemia chegou ao Brasil, no mês de fevereiro de 2020, veio a vontade de criar caminhos para o novo que nos remetia. Então, recorri ao meu notebook amigo e meu celular companheiro,  e comecei a elaborar intuitivamente um modelo diferenciado, pioneiro no campo dos festivais de música. Ocupar a minha mente também me ajudou a seguir”, afirma América.

América Rocha

De acordo com a poetisa, esse ano a idéia da música se expandiu para a poesia, e a idéia é de que haja outras edições neste ano de 2021, com a presença de artistas de todo o estado.

“Nesse entendimento da valorização da educação, com um brilho cultural, agora, em 2021, lancei o primeiro festival online de poesia falada autoral, com a mesma exigência de que o intérprete ou um dos autores ou o autor da poesia esteja estudando, e que a poesia deva ser gravada no celular. O regulamento será postado em breve na página música na rede. Estamos analisando se abrimos o festival para participação de estudantes de outros estados. Neste momento de atividades de provocação, é um incentivo à criação das obras literárias, através de vídeos gravados por alguns talentos da terra, entre eles Teresa Cristina Rocha, Wenderson, Lais Lino e Jenifer Freitas, na tarefa de convidar os poetas e futuros poetas a soltarem a imaginação”, explica.

“Embora nada substitua o presencial, o toque, o olhar nos olhos, temos que continuar vivendo ou sobrevivendo no que nos cabe, pois não sabemos quando a pandemia irá acabar de fato em nosso país e quando poderemos voltar a ter esse contato tão querido com o nosso público em apresentações presenciais. Temos que trabalhar a nossa consciência para aceitar o mundo virtual como um caminho, uma luz no túnel, e nos adaptar a essa nova realidade. Por experiência própria, afirmo que é um caminho bacana utilizar a tecnologia para atividades culturais”, opina.

Curso livre de teatro
A Fundação Cultural Jornalista Osvaldo Lima (FCJOL) encerrou nesta sexta-feira (18) inscrições para o Curso Livre de Teatro. De acordo com a organizadora Neusinha da Hora, o curso ocorrerá todo de forma virtual.

“O curso acontece entre os dias 23 de junho e 8 de dezembro, com workshops de quinze em quinze dias. É uma forma de mantermos viva a cultura teatral em nossa cidade, que sempre foi tão forte e que revelou grandes atores. Além disso, poder manter de pé o curso livre, que foi uma ideia implantada há 12 anos e que, até hoje, permanece firme e forte, revelando grandes talentos da nossa cidade”, detalhou Neusinha em entrevista ao programa Radar Regional, da Terceira Via TV.