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Dia Mundial do Refugiado é lembrado neste domingo (20)

Historicamente, Brasil se destaca no acolhimento de pessoas vindas de diferentes países em busca de refúgio

Comportamento
Por Redação
20 de junho de 2021 - 12h18
Boa Vista (RR) – Acampamento de refugiados venezuelanos montado pelo Exército Brasileiro e a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Juntos, nós curamos, aprendemos e brilhamos. O lema desta edição do Dia Mundial do Refugiado, celebrado neste domingo (20), realça a educação, a saúde e o lazer como importantes instrumentos de integração. Neste ano, a data busca chamar atenção para uma série de problemas enfrentados por aquelas pessoas que, por algum motivo, foram forçadas a mudar de país: dificuldades para encontrar um médico, para colocar seus filhos na escola, para desfrutarem momentos de distração.

O Dia Mundial do Refugiado foi designado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear os refugiados em todo o mundo e estimular a mobilização social e política para a garantia de seus direitos. É também uma ocasião para promover a empatia e a compreensão com essa população. No Brasil, foi organizada uma programação que inclui oficinas, exposições, saraus, seminários, entre outros. São atividades virtuais e presenciais que irão dar visibilidade para diversas histórias como as de Fiorella Ramos, Marifer Vargas e Lexandra Arrieta, venezuelanas de diferentes faixas etárias. A reposta humanitária brasileira à população de refugiados é uma referência internacional positiva para o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), agência vinculada à ONU.

Fiorella Ramos

Nascida no município de Antonio Díaz, no norte da Venezuela, a indígena warao Fiorella Ramos fez da promoção à saúde seu projeto de vida. Ela obteve apoio para se formar médica na Universidade de Havana, em Cuba, e mais tarde, após voltar ao seu país, ampliou sua formação em um internato no Hospital Universitário Ruiz y Páez, na cidade de Bolívar.

Sua vida começou a mudar tempos após ela ter assumido um cargo de diretora em um hospital público na cidade de Guasipati, a cerca de 450 quilômetros da fronteira entre Venezuela e Brasil. Ali, teve desavenças com autoridades governamentais envolvendo políticas públicas para acesso a medicamentos. Retirada da função, chegou a trabalhar na iniciativa privada, mas a deteriorização das condições econômicas a fez decidir deixar seu país em 2019: atravessou a fronteira e chegou a Pacaraima (RR), indo em seguida para Boa Vista.

Foram 17 dias dormindo na rua e se alimentando graças à ajuda de um irmão que também abandonou a Venezuela e já se encontrava em um abrigo na capital de Roraima. Fiorella foi uma das principais lideranças da ocupação Ka’Ubanoko, ajudando na conquista de vários benefícios para migrantes em situação de rua. O movimento se iniciou com cerca de 150 venezuelanos, indígenas em maioria. Com o apoio de organizações católicas e humanitárias, o grupo obteve acesso a alimentação e a serviços básicos. No ano passado, Fiorella se mudou para um abrigo em Boa Vista e foi contratada como monitora de saúde.

“Atuo no auxílio à parte primária do atendimento. Sou médica, mas ainda não posso exercer no Brasil porque preciso primeiro revalidar meu diploma”, explica. Para Fiorella, a saúde é fundamental no acolhimento aos refugiados indígenas e fator de integração, porém exige que os profissionais atuem respeitando diferenças culturais.

Desde 2017, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, já concedeu refúgio a 46 mil venezuelanos. O último balanço oficial mostrou que 65% das 82.552 pessoas que solicitaram refúgio ao Brasil no ano de 2019 vieram da Venezuelana. O fluxo reduziu com a pandemia, uma vez que o Brasil fechou a fronteira em Pacaraima. Aqueles que aqui já estavam são considerados nas respostas sanitárias à crise sanitária, inclusive para acesso a vacinas. Diversas organizações e entidades articuladas na rede mobilizada pelo Acnur atuam em conjunto para assegurar esses direitos.

A agência da ONU, que é financiada por meio de doações, também desenvolve ações diretas. “O Acnur vem atuando provendo informações seguras, uma vez que essas pessoas estão em um país estrangeiro, muitas vezes não conhecem o idioma e precisam receber uma informação mais customizada”, acrescenta Godinho. Outros esforços da agência incluem a distribuição de kits de higiene, a concessão de apoio financeiro emergencial para grupos específicos de refugiados que tiveram renda comprometida na crise sanitária. O pós-pandemia já está sendo pensado. O Acnur planeja fomentar mecanismos de geração de emprego e renda para essa população.

Fonte: Agência Brasil