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Está no nosso DNA

Existem cerca de 200 casos de pessoas desaparecidas em Campos, que podem ter desfecho com primeira Campanha Nacional de Coleta de DNA

Editorial
Por Editorial
14 de junho de 2021 - 10h27
Glória Vasconcelos busca informações sobre sua irmã, Rosimary, há cinco anos (Foto: Carlos Grevi)

O DNA, que antes de tudo é uma descoberta da ciência, estabelecendo o perfil genético de cada ser humano, se transformou, recentemente, em uma ferramenta multifuncional em outras áreas, como a forense. Tornou-se capaz de identificar paternidade, provar autoria de um crime através de um fio de cabelo, entre outros. A reportagem especial desta edição mostra como funciona o banco de DNA.

Foi em uma quinta-feira pós-carnaval quando Rosimary Valadares de Souza, com 48 anos, pegou apenas uma bolsa e avisou a familiares que ia sair para pagar algumas contas. Ela nem chegou até a lotérica. Resolveu, na verdade, ir até a Canção Nova, em São Paulo, para um retiro espiritual. Sem levar bagagem ou voltar em casa, saiu de Campos e foi até o Rio de Janeiro. De lá, pegou um vôo para São Paulo e, em seguida, um táxi. O ano era 2016 e Rosimary nunca mais foi vista. Desde então, familiares buscam notícias.

A repórter Priscilla Alves relata que existem cerca de 200 casos de pessoas desaparecidas não solucionados em Campos e que podem, enfim, ter um desfecho após a primeira Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, que acontece em Campos entre os dias 14 e 18 de junho.

Com a chancela do Ministério da Justiça e Segurança Pública, visa possibilitar a identificação de pessoas desaparecidas por meio de exames e bancos de perfis genéticos. Podem participar familiares de primeiro grau da pessoa desaparecida.

A coleta do material genético é feita com amostras da mucosa oral (bochecha). A campanha acontece também em Macaé e Itaperuna. Quem ainda não tiver oficializado o desaparecimento do familiar será orientado a registrar a ocorrência na delegacia.

É, mais uma vez, a ciência a serviço dos desalentados, pessoas que nunca mais viram seus filhos, irmãos, pais. Pessoas que sabem que as chances deste reencontro são remotas, mas que precisam saber o que realmente aconteceu para aceitar a perda.

Nunca foi tão importante a presença da ciência em nossas vidas. Algo que se mostra necessário todo o tempo. Todos temos o direito de saber o que nos foi tirado, ou por que deixou de fazer parte das nossas vidas. Isso se chama ato de amor e está no nosso DNA.