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Após denúncia do Terceira Via, Prefeitura diz que não assinou contrato com empresa ligada a escândalo da Saúde no Estado do RJ

Contrato com dispensa de licitação no valor de R$33,5 milhões foi publicado no diário oficial desta sexta-feira

Geral
Por Redação
28 de maio de 2021 - 16h00

Após denúncia do jornal Terceira Via, que apontou ligações entre sócios da MX Gestão e Saúde Ltda. com uma holding envolvida no escândalo dos Hospitais de Campanha que resultou no impeachment do ex-governador Wilson Witzel, a Prefeitura de Campos emitiu nota oficial informando que o contrato, no valor de R$ 33,5 milhões, “não foi assinado”.

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A contratação emergencial, com dispensa de licitação, de “serviços assistenciais em saúde na rede municipal” foi publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (28) e foi assinada pelo secretário municipal de Saúde Adelsir Barreto (veja aqui).

No início da tarde, a Prefeitura havia afirmado que “a contratação se deu com a cotação de propostas junto a diversas empresas, por parâmetros de perfil técnico e de preço, tendo sido apresentadas cinco propostas, com a opção se dando pela contratação da MX Gestão de Saúde, que apresentou os menores orçamentos”.

Depois, voltou atrás e se justificou, afirmando que “na fase final de avaliação do rito administrativo, para a formalização do contrato, foi identificado o não preenchimento dos pressupostos exigidos em Lei”.

Segundo o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), MX Gestão e Saúde Ltda. fica sediada em Teresópolis, na região serrana do estado. Aberta em 4 de abril de 2017, no município em Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, a empresa tinha outro nome, composição societária distinta, atividades econômicas diferentes e declarava menos de um décimo do capital social atual.

Consulta a dados do CNPJ mostra que a empresa começou a atuar sob a razão social Barbosa e Grechinski Ltda. Com sede na Avenida Juca Pinhe, 380, no Bairro Santa Mônica, prestava atendimento médico ambulatorial.
A mudança para Teresópolis, no Rio de Janeiro, veio acompanhada da alteração da razão social para MX Gestão e Saúde Ltda. e de um incremento do capital social, que saltou de R$ 30 mil para R$ 3,5 milhões. A empresa passou a atuar com apoio à gestão de saúde e consultoria em gestão empresarial.

A composição societária também mudou. Primeiro, o sócio-administrador Guilherme Grechinski aparece acompanhado de Lorraine Souza Barbosa Grechinski, e depois, de Cleidson Vieira de Oliveira Junior. A MX Gestão e Saúde Ltda. aponta como endereço comercial a sala 303 do San Marino Business Center, no bairro Várzea, em Teresópolis. Em contato com a recepção, a reportagem foi informada que “nunca trabalhou aqui”. A nota da Prefeitura encerra afirmando que “em compromisso com o melhor atendimento à população na área da Saúde, irá seguir com a implementação do modelo de otimização da gestão profissional de hospitais e UPHS, com procedimentos administrativos para garantir assistência com qualidade, eficácia e dignidade a quem mais precisa”.


Sócio tem participação em empresa envolvida em escândalo dos Hospitais de Campanha

Cleidson Vieira de Oliveira Junior também é sócio da Prohealth Ltda., empresa sediada em Curitiba, no Paraná, e que, segundo dados da Junta Comercial daquele estado, registra o mesmo endereço comercial (rua Cândido Xavier, 602, Água Verde) da empresa Hera Serviços Médicos Ltda.
De acordo com investigações da Polícia Federal e dos Ministérios Públicos Federal e do Estado do Rio de Janeiro, a Hera Serviços Médicos Ltda. foi subcontratada pelo Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas).

O Iabas, por sua vez, foi contratada pelo Governo do Estado do Rio para gerir os hospitais de campanha montados para atender pacientes da Covid-19, parte dos quais foi e esteve no centro do escândalo de corrupção que resultou na prisão do ex-secretário de Estado de Saúde Edmar Santos e no impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PSC).

A Hera Serviços Médicos Ltda. teria ficado com uma fatia do contrato no valor de R$ 133.463.904,00.