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Ato em homenagem aos funcionários e vítimas da Covid lembra um ano de funcionamento do CCCC

“Estamos vivendo a pior semana do CCCC”, alerta médica ao anunciar explosão de casos na faixa etária de 30 a 50 anos

Geral
Por Thiago Gomes
30 de março de 2021 - 19h22
Profissionais participaram do ato

Profissionais exaustos, pagamento atrasado, falta de insumos, aumento de casos e mortes causado pela Covid-19. Neste clima pouco comemorativo, um ato, realizado no início da noite desta terça-feira (30), marcou os 365 dias de funcionamento do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCCC) de Campos. Em cima de um minitrio-elétrico, um cantor entoava hinos de louvor, enquanto a equipe técnica demonstrava preocupação com os rumos da pandemia na cidade, já que 100% dos leitos de UTI permanecem lotados. A ocasião também foi aproveitada pelos médicos que atuam no CCCC para fazerem, mais uma vez, um apelo à população: “Fiquem em casa!”. Ainda nesta terça, o Centro atingiu a marca de 30 mil atendimentos, 1.268 altas, quase 2 mil internações e 374 mortes neste último ano. Enquanto o ato acontecia, o prefeito Wladimir Garotinho anunciou em suas redes sociais uma reunião para tentar por em dia o pagamento de funcionários do Centro.

Os coordenadores do ato de homenagem também fizeram apelo aos gestores do órgão para que providenciem o rodízio dos profissionais, que estão atuando, de forma ininterrupta, desde que o Centro começou a funcionar, em 30 de março de 2020. “Nós, médicos do CCCC, precisamos de revezamento com outros médicos urgente!!! Estamos exaustos trabalhando há um ano no Covid sem parar!”, dizia uma faixa pendurada no minitrio.

faixa pedia revezamento de médicos no CCCC (Foto: Carlos Grevi)

Coordenadora do setor de triagem do CCCC, a médica Cynthia Cordeiro disse que a situação é crítica: “Como não há mais leitos, para surgir uma vaga, ou o paciente morre ou recebe alta. Mas o número de pessoas necessitando de internação é bem maior do que o de liberadas. Estamos vivendo a pior semana do CCCC”, avaliou a intensivista.

Cynthia alertou que houve uma explosão de casos na faixa etária entre 30 e 50 anos. “Já vivemos dois aumentos absurdos dos números de casos anteriores a esse. O primeiro foi em junho do ano passado, com uma grande perda de pacientes idosos. O segundo aumento foi logo após as eleições e se estendeu até a época das festas de fim de ano. O padrão de vítimas foi mantido. Mas agora estamos vivenciando um acometimento maior de ‘adultos jovens’”, destacou.

A escassez de sedativos e bloqueadores neuromusculares é uma realidade mundial. Contudo, a médica destaca relatos de falta de outros insumos básicos para os profissionais que atuam nas enfermarias e nas UTIs do CCCC, como soro, antibióticos, Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Estrutura

Cynthia explica que CCCC é uma estrutura híbrida, na qual parte é gerida pela Prefeitura de Campos e outra parte pela Beneficência Portuguesa, onde a estrutura física está instalada. “A triagem é gerida 100% pela Prefeitura e a parte de enfermaria e UTI é coordenada pela Beneficência”, conta. São 40 leitos clínicos, 29 leitos de UTI e 5 leitos de estabilização (chamados de sala vermelha). No momento, todos estão lotados.

A equipe de reportagem fez contato com a Prefeitura de Campos e com a Beneficência Portuguesa sobre as queixas dos profissionais do CCCC e aguarda um posicionamento sobre o assunto. 

Pagamento

O prefeito Wladimir Garotinho postou em suas redes sociais no início da noite desta terça-feira (30) um vídeo onde se reúne com sua equipe da Secretaria de Saúde e com os diretores Jorge Miranda e Renato Faria da Beneficência Portuguesa. Ele disse:

“Mando um abraço especial aos funcionários da Beneficência Portuguesa. Estamos reunidos para achar uma solução para o pagamento dos salários dos funcionários e das equipes médicas. Estamos refazendo o modelo de contrato entre a Prefeitura e o CCCC. E também vamos estar adiantando um mês desse contrato, para que logo em breve a Beneficência possa estar fazendo o pagamento de vocês que estão aí no dia a dia, lutando para salvar a vida do nosso povo desse vírus maldito”, concluiu.