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Cidade sob lockdown até 29: não tinha outro jeito

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
22 de março de 2021 - 14h26

A exemplo da maioria das cidades brasileiras, é preciso fechar para reduzir ao máximo a circulação de pessoas e diminuir a transmissão do vírus 

Trata-se de um remédio amargo, difícil, e que compromete a economia como um todo, afetando em cheio o comércio. Mas não há saída: sanitaristas, epidemiologistas, microbiologistas e as autoridades sanitárias em geral são unânimes em afirmar que a circulação de pessoas turbina a doença. É uma questão lógica e até matemática: quanto mais gente na rua, nos ônibus, nas lojas, nos restaurantes, etc., mais o vírus consegue se espalhar.  

Como já fartamente noticiado, estão fechados os estabelecimentos não essenciais; proibida a circulação de pessoas entre 22h e 5 da manhã e as atividades essenciais, como supermercados e farmácias, funcionam até 20h para venda de produtos essenciais, como alimentos, artigos de limpeza e higiene. O acesso está restrito a 50% da capacidade de consumidores. Está liberado a modalidade de delivery e take way (venda na porta). 

A medida extrema foi tomada para aliviar o sistema hospitalar, que na semana passada entrou em colapso com 100% de ocupação dos leitos de UTI. Em princípio irá prevalecer até a próxima segunda-feira, dia 29, quando a situação será reavaliada.   

Como de costume, o endurecimento das medidas restritivas divide opiniões, pairando no ar a pergunta se não deveriam ter sido adotadas, com o mesmo rigor, no mês de fevereiro, incluindo o período do feriadão de carnaval.

Restaurante Popular é marco no processo de retomada da cidade 

                              (Mas tem uma pandemia no meio do caminho) 

Um passo de cada vez é o que se deve esperar no trabalho de recuperação da cidade, que enfrenta uma das piores crises  financeiras de sua história a partir das frequentes quedas de arrecadação, o que afeta diretamente os serviços essenciais da população.  

Transportes, saúde, educação, saneamento básico, limpeza, habitação e programas assistenciais de diversas áreas são algumas das prioridades sobre as quais o governo Wladimir Garotinho vem se debruçando para, no tempo que for possível, promover as melhorias necessárias.  

Mas, paralelo a tantas dificuldades, há de se levar em conta que tem uma pandemia no meio do caminho… e uma pandemia de proporção muito maior à pedra do poema que Carlos Drummond de Andrade incorporou à literatura brasileira. Logo, quaisquer obras e iniciativas levadas a efeito no meio de uma pandemia da proporção da Covid-19, torna qualquer trabalho muito mais difícil de ser concretizado.  

Obras em curso – A importância da reabertura do Restaurante Popular Romilton Bárbara vai além de devolver à cidade um espaço de singular relevância, visto que seu retorno ocorre num momento de extrema necessidade, na medida em que a pandemia deixou os vulneráveis ainda mais desprotegidos. De certo, a gravidade da situação não pode ser subestimada: grande parte dos informais estão sem trabalho e passando fome. É preciso sublinhar: são pessoas que não conseguem levar o leite para os filhos ou colocar um prato de sopa na mesa. De novo: mais que simples palavras, é necessário entender e fazer uma reflexão que se está a falar de gente que passa fome e que não tem o que comer; que vai dormir com fome e acorda sem ter um pedaço de pão.  

(Fugindo um pouco à forma didática com que se constrói um texto jornalístico… É de doer o coração!  

Funcionamento – É por isso que se diz que a obra é um marco na recuperação da cidade. Segundo o governo, as reformas estão em ritmo adiantado mas, ainda assim, precisam acelerar o máximo. São 2 mil refeições por dia, para almoço e jantar, a R$ 1,00. É dizer: duas mil pessoas que não vão mais passar fome. 

Governo Rosinha – O Restaurante Popular foi criado em 2004, quando Rosinha Garotinho era governadora do Estado do Rio de Janeiro. Na fase inicial, alguns comerciantes chegaram a se opor, dizendo que as grandes filas iriam atrapalhar o movimento do comércio, prejudicar o consumidor, etc. Nada disso aconteceu. O Restaurante abriu, as filas não foram problema e aquela área da Lacerda Sobrinho até se revitalizou. Lojas fecharam e lojas abriram – como em qualquer rua – prevalecendo o grande alcance social da iniciativa.