Depois de quatro dias em silêncio, o médico Marcos Veloso decidiu falar sobre sua demissão da Beneficência Portuguesa, no último dia 11 — um furo de notícia dado pelo colega Cláudio Andrade em seu blog. Para isso, procurou este colunista, a quem entregou o texto abaixo, no qual joga luz sobre suas duas décadas de atuação na entidade filantrópica.
SAINDO DAS SOMBRAS
Após 20 anos trabalhando como diretor do Hospital Beneficência Portuguesa de Campos fui abruptamente demitido pelo recém eleito Presidente do Hospital, Renato Faria.
Nunca fiz questão de divulgar meus feitos pelo Hospital. Porém, após a minha saída percebi que não seria justo manter em silêncio tudo que fiz por esse Hospital que sempre considerei como minha segunda casa. Sendo eles:
Asfaltamento do pátio, graças ao fato de ser médico do DER;
Meu relacionamento com Paulo Feijó nos proporcionou emendas parlamentares para a construção de um prédio de três andares, onde funciona hoje o centro cirúrgico, enfermarias, farmácia, cozinha e refeitório;
Instalação da nova lavanderia com a utilização de máquinas Suzuki de última geração;
Criação do Serviço de ozônioterapia, câmara hiperbárica, com a ajuda de Dr Jorge Miranda;
Convênio com a Prefeitura Municipal de Campos, graças ao meu relacionamento com Dr Alexandre Mocaiber, meu colega do Colégio Liceu e amigo particular;
Criação da Residência Médica em Cirurgia Geral da Beneficência;
Convênio com a Faculdade de Medicina com a criação do Internato de Cirurgia dentro do Hospital;
Criação do Serviço de Oftamologia com a prestigiosa ajuda da Dra Eliane Brasil;
Responsável, junto com a Dra Eliane Brasil, pelo Projeto Catarata que beneficiou muitas pessoas;
Criação da UNACON, serviço de tratamento de câncer, conveniado com a Hemoclin, com a ajuda prestigiosa da minha querida esposa Ionilda Velloso, responsável pelo serviço e pelo tratamento dos cânceres hematológicos no Hospital;
Responsável pelo diálogo permanente e respeitoso com os vários Secretários de Saúde, como Dr Paulo Hirano, Chicão, Fabiana, Cintia Ferrini, Geraldo Venâncio, que passaram pela Secretaria durante esses 20 anos. Relacionamento, esse, baseado em ética e respeito;
No ano de 2020, por interferência pessoal, consegui a emenda parlamentar de dois milhões, junto a Feputada Daniela de Vaguinho, possibilitando extrema ajuda ao Hospital;
Responsável pela instalação do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus de Campos (CCC) junto com o então Prefeito Rafael Diniz. Onde, graças a Deus, muitas vidas foram e estão sendo salvas;
Regulamentação da UTI Neonatal. Após 11 anos de espera, através de Wladimir Garotinho, então Deputado Federal. E fiz questão dar o contato de Renato Faria para que este aparecesse nos holofotes em meu lugar. Outras medidas que tentei colocar em prática, mas não consegui. Como:
Parceria no estacionamento em um terreno comprado há sete anos e nunca foi feito nada nele. Não teria custo nenhum para a Beneficência;
Parceria com a Unimed com o prédio novo da Beneficência;
Parceria com grupo de homecare que presta serviços para a Unimed. Não posso deixar de relatar, em respeito à sua memória, que a pessoa que nos possibilitou a realização de todo esse trabalho e conseguir tudo isso para a Beneficência é um homem chamado Durval Silva Ferreira. A quem aproveito para prestar a minha homenagem e lembrança muito carinhosa.
Dentre as minhas lembranças, a mais carinhosa é a do meu querido pai, Severino Veloso. Uma vez ele me chamou a atenção: “Saia da sombra. Cuidado com as pessoas que estão te cercando, elas não são confiáveis.” E de fato hoje, com essa demissão abrupta e com o motivo dado de que não havia mais dinheiro para pagar meu salário, percebo que ele já enxergava lá atrás algo que só agora pude constatar.
Torço que essa eficiente diretoria junto com esse novo Presidente, que temos no momento, consiga alguns bons frutos para o Hospital, porque meu time sempre foi a Beneficência Portuguesa. Hoje saio das sombras feliz e orgulhoso por ter deixado um legado e por ter aproveitado o meu cargo e a minha influência para ajudar tantas pessoas. Nada do que fiz foi para me promover ou lucrar, mas sim para fazer a minha parte na construção de algo maior que eu.
