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Colecionadores de selos comemoram atividade apoiada pelos Correios

Estima-se que o número de filatelistas chegue a 40 milhões de pessoas em todo o mundo

Comportamento
Por Redação
6 de março de 2021 - 10h49

Os Correios comemoram esta semana o Dia do Filatelista, ocorrido na sexta-feira(5). Essa é uma data muito especial tanto para os colecionadores de selos postais quanto para a empresa.

Ser filatelista não se resume em adquirir selos e guardá-los. Trabalha a concentração, o foco, a paciência, além de muita pesquisa e estudo sobre os mais variados temas. Para montar a sua coleção, é possível organizar as peças de acordo com país, época, tema, variedade ou algum outro critério.

Com o isolamento social ocasionado pela Covid-19, as pessoas procuraram novas atividades e, cada vez mais, se interessaram pelo assunto: “A pandemia obrigou as pessoas a permanecerem mais tempo dentro de casa e, com isso, há um grande estimulo à iniciação, reorganização e estudo dos selos”, explica o vice-presidente da Federação Internacional de Filatelia, Reinaldo Macedo.

A filatelia é um passatempo que mobiliza cerca de 40 milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Esses colecionadores, ao reunirem a memória do dia a dia postal, perpetuam um pouco da história de uma nação, contribuindo para a preservação de sua cultura.

Filatelia na ficção

Protagonista de O Gambito da Rainha (Reprodução)

“O Gambito da Rainha” – série que tem como tema o xadrez -, fez história com a primeira temporada de maior audiência no canal de streaming onde foi exibida. A essa altura, você deve estar se perguntando o que o xadrez e enxadristas têm a ver com filatelia e filatelistas – tema central desse texto. Não lhe tirando uma certa razão, mas que tal se falássemos de semelhanças?

Podemos começar pela coincidência de que na mesma época de lançamento da série, segundo semestre de 2020, os Correios tinham na sua programação a emissão especial homenageando enxadristas e o fascínio que o xadrez traz. A emissão destacou as partidas online, onde o jogo pode durar apenas 2 minutos.

A filatelia também inspira histórias empolgantes, que fazem sucesso, com roteiros cheios de ação e suspense. O filme argentino “Nove Rainhas”, indicado a quase 30 prêmios e vencedor de 21 deles, entra na lista. Outra similaridade é que a procura pelos dois hobbies cresceu em 2020, ano do início da pandemia do coronavírus.

No caso do xadrez, grande parte desse interesse se deve à própria série. Quanto à filatelia, o isolamento social foi responsável por outros entretenimentos serem (re)descobertos. “A pandemia obrigou as pessoas a permanecerem mais tempo dentro de casa e, com isso, há um grande estimulo à iniciação, reorganização e estudo dos selos”, explica o vice-presidente da Federação Internacional de Filatelia, Reinaldo Macedo.

Uma das réguas para medir esse crescimento é a multiplicação, nesse último ano, de eventos e canais para troca de informações online voltados para o assunto. “Maior número de grupos nos aplicativos de troca de mensagens, com foco específico no colecionismo. Além disso, ocorreram, e ainda ocorrem, muitas lives sobre filatelia. O Mi Oficina, grupo que agrega todos os países das Américas, já realizou mais de 300 apresentações online. Transmissão sempre às 22 horas, aqui no Brasil”, frisa Macedo. A estimativa é que, no mundo, o número de filatelistas chegue a 40 milhões. No Brasil, a data que marca a homenagem aos apaixonados por filatelia é 5 de março.


Ao mesmo tempo em que trabalham habilidades como concentração, foco e paciência, o xadrez e a filatelia são entretenimentos estimulantes, pois seus praticantes sempre estão em busca de algo a mais. “Quando comecei a colecionar tinha nove anos e me apaixonei pelo processo inteiro. A filatelia te desafia desde o início. Desde descobrir e delimitar seu tema; te desafia a descobrir outros selos, a encontrar novos materiais; te desafia a conhecer e se aprofundar mais e mais no seu tema. Não é fácil, montar uma coleção dá muito trabalho, mas o resultado é maravilhoso”, descreve Beatriz Vasconcellos Espindola, a Bia, de 14 anos de idade.

Bia projetou uma coleção vencedora de oito prêmios, com destaque para os internacionais, intitulada “Animais do Ártico e da Antártica”, com cerca de 250 peças atualmente, entre selos, envelopes, carimbos e cadernetas.

Para quem curte games eletrônicos, montar uma coleção tem gostinho bem parecido com aquele de quando avançamos para outra fase no jogo, outra meta, outra aventura, mais desafiadora e que exigirá pensar novas estratégias. “Quando a gente trabalha na coleção, pensa como montar, que peças colocar, como mostrar o tema, ver o que os juízes avaliaram anteriormente e tentar melhorar.

É empolgante achar novas peças, pensar como podem se encaixar no tema que desenvolvo, achar novas formas de ampliar a coleção”, relata o estudante Leonardo Denicol. A coleção “A Vida nos mares e Oceanos”, do estudante que mora em Brasília, também já foi premiada oito vezes, inclusive em outros países. A busca de Leonardo para fazer essa coleção levou o estudante a selecionar cerca de três mil selos.

Lauro calcula cerca de 100 mil selos em suas coleções, com destaque para temas sobre Espanha, Brasil e a antiga Tchecoslováquia. “Quando com muita persistência, paciência e pesquisa, conseguimos o que buscamos, essa conquista torna-se uma enorme gratificação, que é saber que se venceu uma etapa”, completa Lauro.

O filatelista Anselmo Costa, 71, não esconde a simpatia que tem por buscas que visam raridades. Na sua coleção sobre Maçonaria, uma das peças mais valiosas é a prova de um selo emitido por Honduras, no ano de 1935, considerado primeiro sobre o tema que coleciona.

A prova do selo é o processo que finaliza a arte da peça e que geralmente fica no arquivo da entidade onde foi realizada a impressão. “Conseguir uma peça dessas é muito difícil, só quando, por algum motivo, ela é oficialmente disponibilizada, como ocorre em leilões. As provas de selos são muito procuradas por colecionadores. Numa exposição filatélica, se na tua coleção tiver uma prova como essa, você ganha muitos pontos. Igual a essa prova específica de selo só existe uma outra no mundo, que está com um colecionador na França”, conta Costa.

Fonte: Ascom/Correios