Soma-se a isto o fato de que além de documentos, discos e outras referências da música, o museu, em seu acervo, terá por exemplo um dos pianos que pertencia a princesa Isabel, vários instrumentos usados por Pixinguinha, chapéus usados por Cartola, entre outras relíquias. O investimento é do empresário fidelense radicado no Rio, Renato Abreu, que há 10 anos comprou a desativada usina de Pureza.
Esse talvez seja o maior acervo de música popular brasileira e de depoimentos históricos de compositores, músicos e letristas. O especialista, Ricardo Cravo Albin, presidiu por várias gestões o Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro e, paralelamente, foi fazendo o seu acervo particular.
O valor da transação não foi revelado, mas Renato Abreu, que é um dos maiores fomentadores de cultura do Brasil, diz que “esse acervo não tem valor, é precioso demais, portanto não interessa citar números. Qualquer valor é barato perto da sua importância para nossa cultura”, disse o empresário que tem sua marca em grandes projetos culturais, já tendo sido homenageado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, como o maior investidor privado em cultura do estado.
A ideia de levar o acervo de Ricardo Cravo Albin para Pureza, vem ao encontro de uma outra que Renato Abreu tinha, de montar o primeiro museu do Açúcar e do Álcool também em Pureza, na desativada usina que pertence ao seu grupo.
O acervo do museu do Açúcar e do Álcool já está sendo catalogado e será composto de documentos e de equipamentos operacionais usados em muitas fases do ciclo do açúcar em toda Região. Já o acervo de Ricardo Cravo Albin, que também será um museu, ficará em um casarão que foi totalmente reformado mantendo suas características arquitetônicas de 1885, sede administrativa do então Engenho Central de Pureza. Esse espaço será aberto a visitantes e principalmente a pesquisadores, o que deverá mexer com a rotina de Pureza, um lugar bucólico, a 20 quilômetros de São Fidélis.
Segundo Renato Abreu, já existe em São Fidélis hotéis e pousadas como a do Barroco, para abrigar pesquisadores de outras cidades, estados e países. Ele considera a interiorização da cultura extremamente importante e lembra que no Solar da Baronesa, em Campos, o então presidente da Academia Brasileira de Letras – ABL- Austregésilo de Athayde quis montar o que seria a maior biblioteca brasiliana do mundo, anexo ao Solar. As obras físicas foram iniciadas, mas o projeto não foi à frente com a morte de Athayde.
“Nosso grupo, desde o início, decidiu investir em cultura e poderia citar aqui uma série de ações. Em especial sobre a música. Foram dezenas de trabalhos, o mesmo fizemos com a literatura. Então, temos essa vocação e achamos de suma importância”, disse Renato Abreu.
A data para as inaugurações dos dois museus que irão mudar a história da cultura de São Fidélis e, por extensão, de toda região, ainda não foi marcada. Não está descartada a ideia de inaugurações simultâneas. No teatro, o objetivo é fazer shows-homenagem de artistas da música brasileira como Benito de Paula e outros de grande importância que no momento não estão sob o foco da música.