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Tragédia na Serra: Estado do Rio faz homenagens pelos 10 anos do desastre ambiental que marcou o país

Governador em exercício Cláudio Castro participou da cerimônia no Quartel do Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo

Estado do RJ
Por Redação
10 de janeiro de 2021 - 14h16

O governador em exercício Cláudio Castro acompanhou, neste domingo (10), em Nova Friburgo, a cerimônia em homenagem aos profissionais e cidadãos que participaram do resgate a vítimas e auxiliaram a população durante a tragédia causada pelas chuvas na Região Serrana em janeiro de 2011. O evento foi realizado no Quartel do Corpo de Bombeiros da cidade.

“A nossa missão é a prevenção. Em agosto do ano passado, determinei a criação do Plano de Contingência para as Chuvas de Verão, que traça protocolos para resposta rápida e integrada a emergências, porque precisamos estar preparados para prevenir tragédias como a que aconteceu há dez anos aqui na Serra. O plano conta com recursos de R$ 280 milhões e beneficia todo o estado. Além disso, vamos investir mais de R$ 500 milhões em contenção de encostas, limpeza de rios e infraestrutura na Região Serrana”, anunciou o governador em exercício.

Três militares que morreram durante suas missões também foram homenageados com uma corbélia de flores: o cabo Flávio Uanderson Rodrigues de Freitas; o 2º sargento Marco Antônio Verly da Conceição; e o cabo Victor Lembo Spinelli.

Também foi entregue a Medalha Ordem do Mérito de Defesa Civil para 25 personalidades civis e militares, órgãos e instituições que foram de extrema relevância durante as ações de resposta à tragédia. Serão realizadas outras homenagens em Teresópolis, na segunda-feira (11), e em Petrópolis, na próxima terça-feira (12).

“Dez anos após o desastre, minhas palavras são marcadas pela reflexão. Na época, o trabalho de resgate dos bombeiros foi incansável. Neste período, evoluímos como profissionais para prevenir novas tragédias desta proporção, com ações como o sistema de alerta e alarme por sirenes, capacitações e a implantação do Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Natural”, afirmou o secretário de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro.

Em memória às vítimas, o governador Cláudio Castro decretou luto oficial em todo Estado do Rio nos dias 10, 11 e 12 de janeiro. Na manhã deste domingo, foi realizado o hasteamento a meio mastro das bandeiras oficiais no Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado.

Por causa da data que marca os 10 anos da tragédia na Serra, a sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro foi transferida para Nova Friburgo a partir deste domingo até a próxima terça-feira (12). O Governo também decretou luto oficial no estado por três dias.

Histórico

Segundo dados oficiais, em decorrência do desastre ambiental que atingiu a Região Serrana do Rio, a partir de uma forte chuva do dia 11 de janeiro de 2011, 918 pessoas morreram. Além disso, 30 mil moradores ficaram desalojados. O episódio é considerado um dos maiores desastres socioambientais do país. Os municípios mais atingidos na tragédia são Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.

Temporal
O temporal de 11 de janeiro de 2011 foi previsto pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Um aviso meteorológico especial foi emitido para o governo estadual por volta de 16h20. Frei Marcelo Toyansk, que se incorporou por cinco anos à coordenação da Associação de Vítimas da Tragédia de Teresópolis (AVIT), conta que os sinais de devastação perduraram no tempo.

“Campo Grande, em Teresópolis foi o bairro mais afetado. Fui muitas vezes lá. O bairro parecia ter passado por uma guerra. Pedras enormes rolaram lá de cima sobre as casas. No bairro viviam centenas de famílias”, lembra.

Toyansk acredita que, diante do tamanho da tragédia, nem todos as mortes estão oficialmente registradas e avalia que o sofrimento foi agravado com os desdobramentos do episódio, que incluíram morosidade no reassentamento, dificuldade na liberação de recursos, o atraso nas obras e falta de atendimento psicológico adequado, entre outros problemas.

“Não é a chuva a vilã. É um problema estrutural mais complexo. Ter toda essa população em área de risco é resultado de um caos social e político. E mesmo após a tragédia houve um descaso muito grande, que gerou mais sofrimento. Muitas vítimas continuaram vivendo em área de risco por muito tempo”, disse.

Segundo relata Toyansk, muitos dos atingidos de Teresópolis foram reassentados em unidades populares entregues em 2016. Essa era considerada a demanda principal da AVIT, pois inúmeras vítimas entendiam que só com um novo imóvel poderiam reconstruir suas vidas. Havia exceções, pois alguns desalojados preferiam ser indenizados. Enquanto as situações individuais não se resolviam, cada família precisou se virar com o aluguel social, um repasse financeiro do governo estadual.

“Muitas pessoas perderam tudo, literalmente. Perderam seus parentes, casa e documentos. Muitas ficaram doentes. Receber o apartamento era fundamental para pelo menos sair da situação do aluguel social, que não era suficiente, e, dessa forma, a pessoa acaba indo para outra área de risco, vivendo com medo das chuvas”, acrescenta Toyansk. Ele destaca, porém, que não sabe dizer se todas as vítimas foram contempladas. De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, 819 famílias ainda recebem o aluguel social atualmente.

Após a tragédia, o governo estadual e federal prometeram conjuntamente 4.707 mil unidades habitacionais para socorrer as vítimas de toda a região serrana. Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras (Seinfra), foram entregues até hoje 4.219, das quais 2.337 em Nova Friburgo, 1.600 em Teresópolis, 222 em Bom Jardim, 50 em Petrópolis e 10 em São José do Vale do Rio Preto.

Ao todo, já teriam sido investidos R$ 521,5 milhões, sendo R$ 302 milhões liberados pelo governo federal e outros R$ 291,5 milhões vieram dos cofres estaduais.

“Estamos finalizando a infraestrutura para a entrega de 153 unidades em Areal. A Seinfra está buscando com o governo federal recursos para a construção de mais 330 unidades em Petrópolis, 120 em São José do Rio Preto e 128 em Sumidouro”, acrescenta a secretaria. Para prevenir novas tragédias a Seinfra afirma ter concluído 93 contenções de encostas.

*Governo do Estado/Agência Brasil