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Desafio de Wladimir será o de implantar um novo ciclo

As grandes dificuldades que se impõem serão, também, janelas de oportunidades

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
4 de janeiro de 2021 - 14h35

Wladimir Garotinho (Foto: divulgação)

De imediato, o prefeito Wladimir Garotinho tem pela frente assuntos ditos ‘para ontem’: pagamento de salários atrasados, outras pendências da esfera financeira, medidas para conter o avanço do coronavírus e alternativas de curtíssimo prazo para enfrentar as frequentes quedas de receita sofridas pelo município.

Dessas questões, contudo, Wladimir e sua equipe vêm se ocupando desde a fase de transição e nada acrescenta, aqui, reportá-las, levando em conta, inclusive, que dos referidos temas boa parte da mídia tem tratado repetida e até cansativamente.

Bem entendido, o texto não se lhes subestima a importância. Ao contrário, são demandas urgentes as quais o prefeito terá que se debruçar nos próximos dias, semanas e meses e encontrar, paulatinamente, soluções para superar os obstáculos sobremaneira impactantes.

Contudo, olhar de horizonte mais amplo e fronteira larga traz à reflexão a perspectiva de que o governo recém-iniciado possa – superadas as barreiras prementes – mirar em futuro que faça emergir um novo ciclo, revivendo tempos idos de prosperidade e pondo fim ao período atual de decadência. Com efeito, é como tem sido na terra goitacá: épocas férteis, de abastança, entremeadas com fase infrutíferas, de estreiteza. Há, portanto, que se perguntar: não seria a hora de virar a chave?

Ciclos de avanços e recuos ao longo do tempo

Antes, entretanto, de se vislumbrar um novo amanhã de avanços, é necessário que a política e o interesse público predominem sobre aspectos menores.

Reproduzindo pequeno trecho de texto (*) publicado há poucos dias – por sinal ‘importado de outro mais antigo – é condição preliminar que o prefeito Wladimir Garotinho faça prevalecer incessante processo de inclusão, e não de exclusão, tanto quanto possível transformando os opositores de ontem em aliados de amanhã:

(*) ‘Sem âncoras ou amarras, deve içar tantas velas quantas forem possíveis, sem limites, posto que todos que ajudarem seu governo, irão efetivamente ajudar; e todos que atrapalharem, irão inapelavelmente atrapalhar.

O que nos conta a História –Retomando o fio da meada para dizer o que se deseja expor – sobre os tais ciclos –convém recuar a tempos distantes, do início do século 20 para cá, e veremos claramente os períodos de bois gordos e de vacas magras. Lá atrás, Campos experimentara espetacular prosperidade com a agricultura, a pecuária de leite e corte e os engenhos de açúcar que dariam lugar aos igualmente prósperos parques industriais.

Contudo, descuidou-se da agricultura e as usinas açucareiras entraram num túnel de endividamento que resultou no fechamento de dezenas de unidades. A terra goitacá, outrora de pujante economia, passaria à penúria nos contornos da década de 60 início de 70. Vê-se, então, um longo ciclo de avanço seguido de recuo.

Mais adiante, embalada pela meteórica ascensão da construção civil, do crescimento do comércio e do surgimento de polo de ensino superior, Campos retomaria aos bons tempos. Mas, como tudo é cíclico, novas dificuldades surgiram advindas de processos naturais vistos em quase todas as cidades.

No final da década de 90, entretanto, saltaria das profundezas dos mares mola propulsora sem precedente em nossa economia: os royalties do petróleo. Em tese, um novo ciclo que elevaria o município a patamar até então não vislumbrado. Mas, salvo por realizações isoladas, os royalties ‘foram ficando’ pelo caminho dos shows, do inchaço da máquina pública, da Marques de Sapucaí, por obras pouco representativas e uma série interminável de mau aproveitamento.

Veio a recessão nacional de 2015/18, liderada pelo escândalo do mensalão, atingindo em cheio comércio e construção civil, paralelo a seguidas quedas de arrecadação com o brusco recuo de receita oriunda dos royalties. Em resumo, mais uma fase de expansão, colada a outra, de desidratação, e chegamos aos dias atuais.

Agora, Wladimir– O ponto que se deseja chegar não é nem fácil de ser realizado, nem fantasioso. Simples: a enorme dificuldade que Wladimir tem pela frente é, ao mesmo tempo, a janela de oportunidade de onde se pode enxergar um novo ciclo desenvolvimentista. Do fundo do poço só há um caminho: subir. Wladimir assume o município com inúmeros problemas para os quais poderá, com muito trabalho, criar inúmeras soluções e fazer florescer um novo tempo de prosperidade. Trata-se do velho limão que vira limonada.

Entre altos e baixos, ao longo do tempo a agricultura – principal perfil do município – esteve à margem. O Brasil só saiu da recessão acima mencionada com o agronegócio. Poderá ser, também, a nossa saída e o caminho a ser seguido por Wladimir tão logo as questões emergenciais sejam sanadas.

Isso, sem perder de vista os novos investimentos colocados em pauta pela Petrobras e o reflexos economicamente favoráveis vindos do Porto do Açu.