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Os riscos de infarto nos jovens

Dra. Gisele Abreu explica a doença cada vez mais precoce

Saúde
Por Redação
3 de janeiro de 2021 - 0h01

Dra. Gisele Abreu | A médica explica que o infarto é uma doença que acomete cada vez mais jovens. (Foto: Divulgação)

Cada vez mais, pacientes jovens são acometidos por infarto agudo do miocárdio, um ataque cardíaco que pode ter consequências graves. Essas ocorrências se devem justamente a hábitos do estilo de vida da população que são extremamente facilitadores do problema. Em caso de sinais como dor no peito ou dor que irradia do peito para outros lugares do corpo, sensação de compressão por mais de 30 minutos; sensação de queimação no peito que pode ser similar à da azia, por exemplo; desmaio e tontura, vômitos; suor frio; ansiedade e agitação ou sonolência; falta de ar e palpitações é necessário acionar a emergência.

Esse cenário faz parte de uma alerta feita pela cardiologista, Dra. Gisele Abreu. A médica explica que o infarto é uma doença proveniente de uma obstrução das artérias coronárias, aquelas que irrigam o coração. “A doença aterosclerótica é produzida por um depósito crônico de gordura nessas artérias, que vão obstruindo ao ponto de gerar um infarto. Este pode ser classificado em dois tipos: de obstrução total da artéria, que é o que a chamamos de ‘com supra’, ou de obstrução parcial, que causa isquemia, que é a lesão no músculo. Existe um outro tipo de síndrome coronariana aguda, que não chega a ser um infarto, mas é a angina instável, que causa dor no peito também, mas não há a obstrução, nem a lesão propriamente dita aguda do músculo, porém a sintomatologia é muito parecida e o tratamento bem semelhante”, revela.

Tratamento

Segundo a especialista, o tratamento do paciente que está sofrendo um infarto agudo do miocárdio vai depender muito do hospital ou da unidade médica ao qual este está sendo referenciado. “Geralmente, no infarto em que há a obstrução total da coronária, existe duas opções. Se é um hospital que tem um centro de hemodinâmica de plantão 24 horas, o principal tratamento é a angioplastia de reperfusão primária, em que ocorre abertura desse vaso para colocação de um stent e vai reperfundir essa artéria. Se o hospital não tem o centro de hemodinâmica ou não é possível transferir o paciente, pelo menos em 3/4 horas, opta-se então por fazer uma medicação que dissolve o trombo que forma no coração. E dependendo da obstrução, se ela for múltipla e a localização específica, às vezes, é necessário fazer uma cirurgia de peito aberto mesmo, a convencional”, ressalta.

Fatores de risco

Existem diversas causas de infarto: as questões genéticas de dislipidemias, que é o aumento das taxas como colesterol, triglicerídeos, o fator genético propriamente dito de doença coronariana, além de hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo, obesidade e etilismo. “Na maior parte das vezes são fatores modificáveis que geralmente estão associados ao estilo de vida do paciente. Em 80% dos casos, pode-se estar interferindo precocemente e evitar que o paciente chegue a esse final. As questões genéticas também podem ser diagnosticadas e tratadas precocemente”, cita a cardiologista.

Prevenção

Quando o assunto é prevenção, não só do infarto, mas também de outras doenças graves, a mudança de estilo de vida faz muita diferença. “É preciso controlar os níveis pressóricos, a glicemia, no caso dos diabéticos, e o peso. É importante o paciente ter uma alimentação adequada, fazer os exames preventivos, o check up cardiológico anual que é muito importante, mesmo nos pacientes assintomáticos e sem comorbidades. Estima-se que pacientes, tanto homens quanto mulheres acima de 35 anos, devem fazer esse rastreamento. A maior parte das doenças cardiovasculares são silenciosas. As pessoas só vão ter noção do que realmente está acontecendo quando ocorre um infarto, quando tem uma dilatação importante do coração, quando os níveis pressóricos estão muito altos ou no caso de um acidente vascular cerebral. Existem formas da gente prevenir estes problemas”, garante Dra. Gisele.

Hábitos prejudicam

A médica reitera o alerta feito no início da reportagem: o aumento do número de pacientes jovens em busca de atendimento a partir de possíveis problemas cardiológicos. “O que a gente observa hoje em dia é uma população mais jovem tendo problemas precocemente, por conta desse estilo de vida, de não parar em casa, o trabalho muito frenético, não ter tempo de se alimentar adequadamente… Muitos pacientes se queixam que não conseguem fazer uma atividade física. Na maioria das vezes, eles estão com sobrepeso ou obesos e também muito estressados. Alguns encontram no tabagismo uma fuga do estresse. Sobre o etilismo, é preciso alertar para combinações de álcool e outras medicações. Nos pacientes jovens que possuem pré disposição cardiovascular, na maioria das vezes assintomáticos, como algumas alterações estruturais (como músculo cardíaco e válvulas) ou alterações no sistema de condução, essa mistura é muito perigosa. Alguns possuem certos tipos de arritmias raras, que não apresentam sintomas. Porém, quando fazem uso dessa combinação acabam sim deflagrando mais sintomas e algumas arritmias fatais. Tudo isso tem acontecido ultimamente numa população mais jovem. Eu tenho atendido cada vez mais pacientes com diversos problemas. O infarto é uma doença do século e aí a importância de começar os cuidados cada vez mais cedo”, pontua.