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Retrospectiva 2020: Alguns dos fatos que foram destaque durante o ano

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
31 de dezembro de 2020 - 10h12

‘Retrospectiva’ seria definição inapropriada para matéria que não vai além de pôr em destaque uma meia dúzia de episódios entre tantos que marcaram 2020. Como tal, adverte o título: ‘Alguns dos fatos…’.

De início, o pensamento do signatário foi o de escrever um caderno de 8 a 12 páginas, que seria o básico-necessário para repercutir razoavelmente os fatos importantes de qualquer ano. Contudo, a impressão terceirizada e outras circunstâncias de ordem técnica, prejudicadas pela pandemia, tornaram inoportuno que se acrescentasse mais um caderno à presente edição.

Assim, em apertada síntese, buscou-se trazer ao leitor acontecimentos relevantes, sendo certo que a opção por uns importa deixar de fora outros igualmente significativos.

O mundo mudou

Há 12 meses o Brasil guardava grandes expectativas para 2020. Com a reforma da Previdência aprovada no 2º semestre – e mais adiante referendada pelo Senado – pensava-se superado obstáculo que ‘segurou’ o País ao longo de 2019, consumindo boa parte das energias do Congresso e do governo federal, e que, uma vez livre da pesada âncora, abriria caminho para uma era de prosperidade, de avanço econômico e de redução da desigualdade, com reflexo direto na melhoria dos serviços essenciais e na qualidade de vida da população.

Não se tratava de sonho, mas de esperança com base em projeções realistas. Mas… tinha uma pandemia no meio do caminho. Algo inesperado, totalmente fora do radar ou do pior dos pesadelos: o novo coronavírus que mudou o mundo, mudou o Brasil e pôs a todos de joelhos. Ninguém soube lidar com inimigo tão perverso; o Brasil, tampouco.

O atraso nas medidas de enfrentamento foi sobremaneira agravado pelo negacionismo da liderança maior que se colocou em franca oposição à ciência. Fechando o quadro de infortúnio, enorme fatia da população insistiu em desrespeitar as medidas restritivas, promover aglomerações em festas, bares ou lotando praias; resistindo, até mesmo, ao uso da máscara de proteção.

Descrição – Depois de dez meses, a narrativa da pandemia é catastrófica. A maior crise sanitária dos últimos 100 anos gerou disputas e desavenças políticas; desencadeou esquemas de corrupção como o pagamento de propina em contratos de saúde no Estado do Rio; aumentou o número de desempregados e paralisou a economia. E o que é tragicamente devastador: tirou vidas

Neste período, o Ministério da Saúde teve três titulares, sendo que o 2º, Nelson Teich, pediu demissão com menos de um mês. No geral, o combate à Covid revelou a incompetência das autoridades para conter a doença e fazer prevalecer as normas de restrição.

Até as vacinas foram politizadas e viraram objeto de polêmica. Tanta discussão fez com que o STF permitisse que a União, estados e municípios possam, se desejarem, declarar a vacinação obrigatória – o que também alimentou discórdia. Para a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência e articulista de O Globo, discutir a vacinação forçada pode aumentar o medo nas pessoas e ensejar um movimento antivacina. “A discussão é extremamente negativa porque a população passa a ficar desconfiada e não percebe que a vacinação no Brasil sempre foi indiretamente obrigatória” – disse.

O vírus é sorrateiro, implacável e altamente complexo. Não precisava ser ‘ajudado’ por contendas e distúrbios para produzir o mal.

O resultado de todo esse desalinho é que o Brasil está virando o ano com cerca de 195 mil mortos.

NO INÍCIO DE MARÇO o nível do Paraíba do Sul subiria próximo dos 10 metros, a centímetros da cota de transbordo – algo em torno de 10,40 m. Como o dique foi construído para ‘segurar’ até 12 m (o dobro do nível normal, entre 5 e 6 m) a cidade esteve a dois metros de sofrer uma nova enchente. Antes de recuar, contudo, as águas inundaram ruas localizadas em bairros periféricos próximos à margem do rio, como Ilha do Cunha e Coroa, ambos na Pecuária.

O CLIMA EXTREMO ​deixaria duras marcas em várias cidades do Brasil. No mesmo mês de março, bairros periféricos do Rio e municípios da Baixada sofreram com as inundações que deixaram cinco mortes, centenas de desabrigados e o rastro de destruição que vem se tornando cada mais mais frequente com o temporais extremos resultado da agressão ao meio ambiente.

REUNIÃO MINISTERIAL de 22 de abril no Palácio do Planalto, mostrada em vídeo semanas depois, tem forte impacto junto à sociedade e graves consequências. Entre palavrões, o presidente Bolsonaro reclama do serviço de informações e diz: “vou interferir”. Dois dias depois, o então ministro da Justiça, Sérgio Moro, pede demissão e, em posterior depoimento, alega que o presidente queria interferir na Polícia Federal.
Na mesma fatídica reunião, Abraham Weintraub, na época titular da pasta da Educação, chama os ministros do Supremo de “vagabundos”: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.

Já Ricardo Salles, do Meio Ambiente, recomenda aproveitar a pandemia e ir ‘passando a boiada’:“(…)precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de COVID e ir passando a boiada e mudando todo o regramento…”

Além da saída de Moro, os episódios resultaram em abertura de investigação para apurar suposta interferência na PF e na queda de Weintraub do MEC. Salles permanece no comando do Meio Ambiente.

CAMPOS ENTRA EM LOCKDOWN para tentar conter o avanço do coronavírus. Conforme decreto municipal de 16 de maio, em virtude do município exibir um dos piores índices de distanciamento social do interior fluminense, medidas restritivas mais duras se fizeram necessárias. O lockdown, inicialmente previsto para o período de 18 a 24 de maio, precisou ser prorrogado. O comércio de rua, já então fechado desde março para tentar conter as aglomerações, reabriu após mais de 100 dias, em 1º de julho.

DIAS APÓS O ASSASSINATO de George Floyd (25/maio), um homem negro, de 46 anos, que ficou quase 10 minutos sendo sufocado por um policial branco que se ajoelhara sobre seu pescoço, na cidade de Minneapolis, uma série de manifestações eclodiu nos Estados Unidos, não tardando para se transformar na maior onda de protestos vista no país nos últimos 50 anos.

“Eu não consigo respirar” foram as últimas palavras de Floyd, transformadas em ‘grito de guerra’ contra o brutal assassinato e que reascendeu a grave questão do racismo estrutural nos EUA. Os atos se espalharam por diversos outros países, com justas manifestações logo endossadas pelos mais diferentes grupos sociais, que cobram combate ao preconceito, à discriminação e à desigualdade racial – algo inaceitável que ainda ocorra em pelo século 21.

O FLAMENGO levanta a taça de Campeão Carioca 2020, depois da vitória magra sobre o Fluminense de 1 a 0 e uma campanha pouco convincente para o elenco considerado o melhor do Brasil. Foi a 36ª conquista do Estadual, que isola o rubro-negro na liderança dos campeonatos estaduais. Depois de duas trocas de técnicos, o Fla termina o ano eliminado na Libertadores e Copa do Brasil, restando brigar pelo Brasileirão.

O GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO, Wilson Witzel, é afastado do cargo por suspeita de participação em esquemas de corrupção. A decisão (28/Agosto) foi tomada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) atendendo pedido da Procuradoria Geral da República, que apontou irregularidades em contratos de saúde feitos pelo estado, particularmente nos hospitais de campanha, medicamentos e respiradores.

A PGR denunciou nove pessoas, entre elas a mulher do governador, Helena Witzel, cujo escritório de advocacia, de acordo com os procuradores, teria “vínculo bastante estreito e suspeito com empresas envolvidas nos esquemas criminosos”. Já o MPF afirmou que o escritório era utilizado para intermediar o pagamento de propina para o governador.

RECORDE DE QUEIMADAS na Amazônia também vai para a conta de 2020. O número superou o recorde anterior, de 2005, passando a ser o maior da história.Levantamento feito no final de novembro revelou que a área devastada neste ano é 70% maior que a média registrada entre 2009 e 2018 – algo em torno de 12 mil km2. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até outubro o estado do Amazonas contabilizava incríveis 15.700 focos de incêndio.

O DEMOCRATA JOE BIDEN é eleito presidente dos Estados Unidos, derrotando Donald Trump. A vitória do ex-vice era dada como certa por institutos de pesquisas e especialistas face ao fracasso de Trump no combate à pandemia e aos problemas econômicos decorrentes da crise sanitária. O atual mandatário não reconheceu a vitória do adversário e entrou com ações judiciais para anular a eleição, sob a alegação de fraude. Sem apresentar qualquer prova, foi mais uma cena patética entre tantas que provocou. Biden, de 78 anos, assume a Casa Branca como 46º presidente americano dia 20 de janeiro, ao meio dia.

ÔNIBUS E CAMINHÃO se chocam na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, em Taguaí, matando 42 pessoas. Foi o acidente com maior número de mortos nas rodovias de São Paulo em 22 anos. O ônibus transportava trabalhadores de uma confecção. Entre os mortos, 39 moravam na cidade vizinha de Itaí.

WLADIMIR GAROTINHO vence a eleição municipal e é diplomado prefeito de Campos juntamente com o vice, Frederico Paes, para o mandato 2021/24. Nas últimas três décadas é a quinta vez que um membro da família assume o executivo local. Foram duas passagens de Anthony Garotinho e duas de Rosinha. Caso queira disputar a reeleição em 2024 e vença, Wladimir poderá emplacar o histórico marco de seis mandatos para sua família.

 

O PREFEITO DO RIO, Marcelo Crivella, é preso em seu apartamento no Condomínio Península, na Barra, às 6 da manhã de terça-feira passada (22). Acusado de participar do esquema de corrupção conhecido como ‘QG da Propina’, Crivella chegou por volta de 6.35hs à Delegacia Fazendária, na Cidade da Polícia e, no início da noite, foi para Presídio de Benfica. Horas depois o ministro Humberto Martins, presidente do STJ, concedeu liminar para que o prefeito cumpra prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.

QUER POR COVID ou por outras causas, foram muitas as perdas ao longo do ano. Pelo motivo já citado de escassez de espaço, seria impossível retratar todas as destacadas personalidades de diferentes atividades do cenário local, nacional e internacional que perderam a vida neste ano tão difícil. Assim, fica o registro de pesar e luto por todos os que partiram.